Livro de Daniel 7 - Pr. Reinaldo Siqueira

 LIVRO DE DANIEL 7   - Pr. Reinaldo Siqueira 

https://www.youtube.com/watch?v=mkXkilOjD3Q&list=PLFNLt05LtO1MyMTBZyaK4yR45xQcnS-Zk&index=7 


Daniel 7 apresenta a primeira visão, o primeiro sonho profético do profeta Daniel. Antes, Daniel havia interpretado dois sonhos, o do capítulo 2, da estátua, que tratamos no último estudo, e também do capítulo 4, que é outro, o segundo sonho de Nabucodonosor, ligado ao juízo de Deus com o rei babilonico. Mas ele mesmo nunca havia tido uma revelação de Deus para ele. Esta é a primeira vez. Este primeiro foi um sonho. Vai continuar tendo outros sonhos mas, também, visões quando acordado.


Daniel 7:1 - “No primeiro ano (553 ou 551/550 a. E.C.)  de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas.” Esta foi a primeira visão profética de Daniel. Há uma certa incerteza da data que começou, algumas evidências calculam para o ano 553, ou por volta do ano 551 a 550 antes da era comum. No entanto, estamos pelo menos 50 anos depois, em relação ao estudo anterior, que é o sonho de Nabucodonosor da estátua. Daniel já tinha trabalhado 50 anos na administração da Babilônia. Os governantes de Babilônia já deveriam estar em volta de uns 70 e poucos anos de idade. E Daniel, já nesta fase da vida, tem a primeira revelação que Deus dá para ele.

Daniel 7:2 - “Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande.” A 1ª coisa que Daniel vê  é o mar em tormenta, agitado pelos ventos do norte, do sul, do leste e do oeste.

Daniel 7:3 - Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.” Então, Daniel vê saindo do mar esses quatro animais, e vai descrever um por um.

Daniel 7:4 - “O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancada as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente (coração) de homem.” No hebraico está “coração”; na tradução: “mente”.

Daniel 7:5 - “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne.” Outras versões dizem: “o qual tinha um dos seus lados levantados.”

Daniel 7:6 - “Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.”

Daniel 7:7 - “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres.” Tem uma parte interessante no texto. Até o terceiro animal, apesar de ter asas, cabeças, Daniel ainda conseguia descrever, mas não conseguia descrever o que seria o quarto animal. Monstro indescritível, e altamente destruidor.

Daniel 7:8 - “Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” Além de ser um chifre, como os outros dez chifres, é diferente, pois tinha olhos e boca como de ser humano, e este chifre falava com insolência.

Daniel 7:9,10 - “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam  diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.” A visão sai alí do mar que está revolto, de onde saiu esses animais, e agora Daniel se vê para uma cena que não é mais no mar. O foco não é mais aqui na Terra, o foco agora é o Céu. E o Ancião de Dias, que é uma referência ao Eterno, e vemos no texto a cena de um juízo a nível celestial. O Eterno assenta no Seu trono para começar o julgamento cercado de  seres celestiais. Livros são abertos para este julgamento.

Daniel 7:11,12 - “Então, estive olhando, por causa da voz das insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um tempo.”   Este é o chifre pequeno, que começou a aparecer depois dos dez,  que falava palavras com insolências. Referência ao quarto animal, aquele monstro indescritível e que vai ser morto.

Daniel 7:13,14 - “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.”

Nesta visão do julgamento celestial, aparece uma figura celestial, “um como o Filho do Homem”, o qual recebe então o domínio,  a glória e o reino, para jamais ser destruído. Daniel estava no meio desses seres incontáveis e diz: “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim e as visões da minha cabeça me perturbaram. Cheguei-me a  um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto.” Daniel 7:15,16. Chama então um ser angelical para explicar o que estava acontecendo. Isto dentro da visão dele. Dentro da visão ele vai interagir com este ser celestial. Daniel 7:16-18 “... Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das coisas: Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.” É interessante essa primeira resposta do ser angélico porque ela é bem curta, bem direta, e acabou a explicação.



Ventos = Quando olhamos os textos bíblicos é sinal de agitação política, guerras e lutas entre nações. (Jr.4:11-13;25:31,32;49:36,37;Zc.6:5).

Mar = Geralmente na profecia bíblica  é muito usado como representação de povos, nações de terra. Is.17:12,13


O mesmo ser angélico, em Daniel 7:23Então, ele disse: O quarto animal será um quarto reino na terra.” Depois ele continua dizendo que estes quatro animais representam também figura de leão, urso, leopardo, e animal indescritível. Que representa ferocidade, são animais ferozes, a violência que eles representam. Quando olhamos esses quatro animais lembramos de outro texto que é Os.13:7,8, quando Deus, falando do juízo que trazia sobre Seu povo na época, compara os ataques que eles sofreriam, a ataques de animais. Leão, urso e leopardo são os animais mais ferozes do mundo bíblico. E são usados para representar este tipo de situação do povo, que é atacado por nações inimigas.

Outro aspecto interessante é que encontramos um paralelismo entre Daniel 2 e Daniel 7. Na realidade, vamos ver que as visões de Daniel sempre estarão em paralelo, cada vez trazendo mais detalhes sobre algo que anteriormente tinha falado. Já temos paralelismo com o número quatro. Nós tínhamos lá quatro reinos na estátua: ouro, prata, bronze, ferro. Depois há sempre alguma coisa ligado ao quarto. Nós vimos lá ferro misturado com barro. Aqui vamos ter também quatro animais, e vamos ver também que tem algo ligado ao quarto animal, porque quando é algo ligado com ele, alguma coisa diferente passa com este quarto animal. Quando analisamos o texto bíblico ele é bem indicado no texto bíblico. Vemos aqui, por exemplo, o primeiro reino, a cabeça de ouro, lá em Daniel 2:37,38, foi identificado: Tu (Nabucodonosor), ó rei, rei de reis, … tu és a cabeça de ouro.” Quando vamos ao primeiro animal (Dn.7:4/4:13), que é o leão alado, existe na descrição deste leão um fraseado que nos remete a Nabucodonosor, e isto ligado com a questão que “lhe foi tirado o coração de animal e lhe dado mente (coração) de homem.” Leão estaria em paralelo com a cabeça de ouro. O urso, como vimos, está entre os três animais mais ferozes. (Dn.7:5;Os.13:7,8;Am.5:19.) No texto de Oséias, você coloca o urso e o leão  em paralelo, rompendo com o corpo da pessoa devido à violência do seu ataque. É curioso que sempre aparece o urso e o leão como dois animais mais ferozes, mais violentos. No texto, o profeta Amós está falando do juízo que viria a nação do norte, Israel do norte, e que não haveria escapatória. Para ilustrar que não haveria escapatória utilizou imagens de animais ferozes:“Sabe como vão ser vocês no dia deste juízo que virá sobre a nação? É como se um homem fugisse diante de um leão. Aquele que conseguiu fugir do leão será encontrado por um urso. E ainda que entrasse na casa e fechasse a porta, lá haverá uma cobra para picá-lo.” Mesmo dentro de casa não tem escapatória. Animais ferozes, mas o urso geralmente está em segundo lugar. Temos em Daniel 7, um paralelo muito próximo a idéia da relação de superior/inferior, como vimos no capítulo 2, para o ouro/prata. Depois, veremos que outros textos vão colocar de maneira bem clara, o que falamos e que está explícito, confirmando o paralelismo entre os quatro reinos na sequência do que aconteceu. Porque quando fala do terceiro (Dn.2:39), “um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.” Usa a palavra “domínio”. E em Daniel 7:6 “... e eis aqui outro semelhante a um leopardo … e foi-lhe dado domínio.” O terceiro reino sempre está ligado com a ideia de domínio. Esta parte cria uma ligação ultra texto entre Dn.7:6 com Dn.2:39 na sequência de reinos. Depois vemos esta mesma ligação intertextual entre o quarto animal e o quarto reino de ferro. O quarto reino “será forte como ferro”, diz Daniel 2:40. Em Daniel 7:7 diz, “sobremodo forte, … o qual tinha grandes dentes de ferro …”. Sempre tem esta idéia de um quarto reino que é poderosíssimo. Usa o símbolo do ferro, usa a ênfase de que ele será forte, e ele tudo quebra, tudo esmiúça. Então vemos que terceiro e quarto reinos aqui são claramente interconectados entre a visão do capítulo 2 de Nabucodonosor, o seu sonho; e agora o sonho de Daniel, com este quarto animal. Quando fala dos pés, fala que seria parte de barro, parte de ferro. Ele seria Dn.2:41um reino dividido”. Na descrição do quarto animal: “Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino, e depois dele, se levantará outro . ...Daniel 7:24. Lembrar que reis corresponde a reinos. Vai ter outros reinos que vão se levantar, tendo a idéia implícita da “divisão”, que veremos também mais adiante.


Leão = Leão e águia, comumente usadas na Bíblia como símbolos de Babilônia. (Jr.4:7;49:19,22;50:17;Ez.17:3,12;Hc.1:8.). Em Jeremias 4, Deus vai trazer do norte uma grande destruição, uma referência à Babilônia, que é usada a figura do leão. E temos outros textos bíblicos que trazem esta dimensão referindo-se a Babilônia. Leão e águia trazem ideia de ferocidade, força, rapidez e realeza. 2Sm.1:23. A descrição do que aconteceu com este leão alado parece apontar para a experiência de Nabucodonosor, descrita em Daniel 4. Quando fala que “foram tirados as asas e colocado um coração de homem,” existem várias linhas de interpretação opostas. Uma seria: que o animal deixou de ser feroz, passou a ser frágil como o ser humano, portanto, foi a queda rápida do império babilonico. É possível. Outra possibilidade é que a fraseologia, as frases, as palavras, as expressões, são na verdade, referência a Nabucodonosor e o que aconteceu com ele. Você pode isto como a questão de Nabucodonosor e o seu coração. Temos um certo jogo de palavras numa ordem invertida, que é bem típica da Bíblia, onde o início corresponde ao fim, que o penúltimo vem antes do fim. o texto hebraico de Dn.4:13 onde muda “o coração de homem para coração de animal”, o tradutor para o portugues, o texto está em Dn.4:16. Em Daniel 7:4, se vê o contrário, ele foi colocado de pé, deixou de comportamento de animal e depois que reconheceu a soberania de Deus é colocado de pé como homem.


Urso =  No paralelismos entre Daniel 2 e 7 está implícita a relação de “inferioridade” (prata inferior ao ouro; urso em relação ao leão é o segundo mais feroz, cf. Os.13:7,8 e Am.5:19 ). O urso tinha (Dn.7:5) “um lado mais alto que o outro”. Ele era um urso corcunda. Ele tinha um grande apetite, como os ursos são sempre reconhecidos. O urso quando sai de sua hibernação começa a comer e nunca para de comer. Só para de comer quando não tem comida, um apetite insaciável. E também ele vai juntando previsões para a próxima hibernação. “Com três costelas na boca”, para passar a idéia do que sobrou de animal que foi devorado. O texto diz que foi lhe dada a ordem para (Dn.7:2) “levantar e comer muita carne”, que quer dizer: obter muitas vitórias, muitas conquistas. Vamos introduzir o capítulo 8 porque ajuda a identificar este reino. Quando olhamos lá o capítulo 7:5um dos seus lados levantados,” quando vamos para o capítulo 8, temos a  visão de um carneiro. Agora já não é um sonho, ele estava acordado, ele teve uma visão. Lembrar que  no capítulo 8 volta ao hebraico, não é mais aramaico.

Daniel 8:3,4Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais lhes podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia.” No capítulo 8 é identificado. Dn.8:20Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia.” Quando tratar do terceiro reino, o capítulo 8 também vai puxar os elementos em paralelo com o capítulo 7. Os medos vão desaparecer alí na liderança do segundo reino, e vai ser simplesmente se tornar o reino da Pérsia. Os persas, com Ciro, se estabeleceram na região por mais de duzentos anos, como a grande potência do Oriente Médio. Na sequência, o paralelismo de Daniel 2 acerca do terceiro animal, que é semelhante a um leopardo, focando a questão do “domínio”, “domínio sobre toda a terra.” A figura do leopardo evoca: ferocidade(está entre os três animais mais ferozes do mundo bíblico, cf. Os.13:7);

extrema rapidez(Hc.1:8), e, esse, em especial, é muito mais rápido, pois tem quatro asas (2Sm.1:23;22:11;Sl.18:10). “Asas de vento”, como vimos no texto, tem o sentido de extrema rapidez, extremamente veloz. O leopardo é o terceiro animal mais feroz do mundo bíblico. Também está ligado à extrema rapidez, que já é natural desta fera. Um leopardo turbinado. Sem asas é veloz, imagine com 4 asas, como apresenta o contexto bíblico. Esse leopardo tem 4 cabeças, no texto não é apresentado o significado dessas cabeças. Mais cabeças para morder, matar e devorar a vítima. Quando faz o paralelismo com o capítulo 8 ajuda a compreender a referência às quatro cabeças. O texto diz em Dn.7:6e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.” Sobre  “ 4 asas” falando sobre a rapidez. Dn.8:5 Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos.” Temos o segundo animal, o bode que vem do ocidente sobre toda a face da terra. Tão veloz que não toca na terra, voa. Leopardo rápido; o bode também, extremamente rápido.  Dn.8:8O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu.” O leopardo tem 4 cabeças, e o bode tinha um chifre, que vai ser quebrado, e aparecerão 4 chifres no seu lugar. Os quatro chifres representando quatro reinos que sairiam de um reino só, um paralelo com o leopardo de quatro cabeças.

Dn.8:21,22mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei; o ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força igual a que ele tinha.” No capítulo 8, ficamos também sabendo quem é o anjo que interpreta a visão, que é o anjo Gabriel. Quatro cabeças representam quatro reinos; quatro chifres também, e é característica do império grego. Temos portanto, que o segundo e terceiro animal são identificados neste paralelismo. Mas,  o “quarto animal, que era diferente de todos os outros” (Dn.7:19,20), foi o foco especial do interesse de Daniel, ocupando a maior parte da profecia. No próximo estudo, abordaremos este quarto animal, juntamente com a cena do juízo celestial que segue na descrição profética. Neste resumo, primeiro então, a Babilônia, representada pela cabeça de ouro, do capítulo 2; e pelo leão alado, do capítulo 7. Depois, Medo-Persia, representado no capítulo 2, pelos peitos e braços de prata; no capítulo 7, pelo urso corcunda; e no capítulo 8, por um carneiro de dois chifres, porém, um chifre maior que o outro. O terceiro, no capítulo 2, é o ventre de bronze da estátua; apresentado no capítulo 7, pelo leopardo de 4 cabeças e 4 asas; no capítulo 8, representado pelo bode que tem no início um grande chifre,  mas que depois vai aparecer quatro chifres em seu lugar, identificado como o império grego, império helênico.


O QUARTO ANIMAL

Daniel 7:7 - “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres.” 

Daniel 7:8 - “Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.”

Daniel 7:9,10 - “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam  diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.”

Daniel 7:11,12 - “Então, estive olhando, por causa da voz das insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um tempo.

Daniel 7:13,14 - “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.”

Daniel 7:19,20 - “Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, …”

1º) Um quarto reino. “Então, ele disse: O quarto animal será um quarto reino na terra, …” Dn.7:23.   

2º) Um reino muito poderoso e destruidor. O texto bíblico dá ênfase no poder, na força deste reino que é extremamente forte no seu poder de destruição. Feito de ferro tanto para as pernas como para seus dentes. Seu poder de destruir, despedaçar, pisar o que sobrava e é esta a ideia.

3º) Será um reino diferente dos outros, bem mais terrível e violento. Mais poderoso e mais violento do que os antecessores.


QUE REINO É ESTE?

Segundo o texto de Daniel 7

- Ele surge depois do 3º reino (Grécia);

- Ele é mais forte e terrível do que os reinos que o precederam (Babilônia, Medo Pérsia e Grécia);

- Ele devora toda a terra e despedaça tudo que encontra pela frente.

Como o texto bíblico não dá o nome deste reino então existe proposta de interpretação. Temos diferentes propostas que sempre ocorrem entre aqueles que interpretam o trabalho neste texto. 

 

OUTRA INTERPRETAÇÃO DO 4º REINO

A proposta muito comum no meio acadêmico entre vários intérpretes bíblicos, temos alí, os que considera que Daniel não é  verdadeira profecia, que falei no primeiro estudo, e que seria (Daniel = vaticinia ex evento), que foi na época dos Macabeus, escrito na época dos Macabeus, recontando a história como se fosse profecia. Os autores são: Goldingay, Hartman & Di Lella, Newsom. O comentário mais recente é de 2014, de Newsom. Todos esses autores sugerem que o 4º reino:

- É o império grego;

- Os dez chifres são reis selêucidas que precederam Antíoco IV Epifânio;

- O chifre pequeno é Antíoco IV Epifânio, aquele rei selêucida grego, que no período dos Macabeus, quer extinguir o judaísmo, vai contaminar o Templo, proibir o judaismo, executar aqueles que queriam ser fieis a fé de Israel. Contra quem se levanta a revolta dos Macabeus;

- Os quatro animais/reinos são: Babilônia; Média; Pérsia e Grécia.


COMO OS ADVENTISTAS DO 7º DIA CONSIDERA ESTA PROPOSTA

1º) Pelo paralelismo entre Daniel 2, 7, 8, o terceiro reino (ventre de prata; leopardo de quatro cabeças e quatro asas; bode peludo, com um grande chifre que se quebra e surgem quatro chifres no seu lugar) é a Grécia, não a Pérsia, cf. Dn. 8:21,22.

2º) No livro de Daniel, os Medos Persas representavam um só reino e não dois:

Dn.5:28Peres: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas.” Dn.8:20Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia;”    Obs: Esse dado em Daniel corresponde bem à história, pois Ciro uniu os reinos da Média e da Pérsia sob seu poder, antes de conquistar Babilônia, cf. Frye, “Cyrus the Great” . https://www.britannica.com/biography/Cyrus-the-Great    Para chegar na Grécia como quarto reino, teria que dividir a Média como um reino à parte; e a Pérsia também. Mas isto não acontece, no livro de Daniel os dois estão unidos. A Média era um reino mais poderoso do que a Pérsia. O rei Astyage era avô de Ciro, mas Ciro se rebelou contra o seu avô, que era pai de sua mãe, um avô materno, e ele vai dominar e tomar o poderio da Média, e vai unir os dois reinos, como reino da Média e da Pérsia. Esta situação histórica aparece no livro de Daniel.

3º) A descrição do 4º animal como terrível, violento, consumindo e despedaçando tudo não corresponde à Grécia e nem ao reino selêucida:

- Alexandre, o Grande, foi um grande conquistador, mas não foi um violento destruidor dos judeus e nem de muitos outros povos. Muitos povos se entregaram a ele e ele nunca os destruiu. Os que se opuseram, teve guerras, mas ele não teve essa disposição de destruição violenta dos povos, antes, preferia, se possível, tratar isto de maneira pacífica, o que foi que aconteceu na história ligado aos judeus; (cf. Walbank da britannicabiography, e o outro é “Alexander the Great”; enciclopédia judaica Schalit, 2007, p.625,626).

- Antíoco IV Epifânio foi um terrível governante, o pior dos helênicos com respeito aos judeus, perseguiu os judeus que desejavam se manter fieis à fé de Israel, que não queria assumir identidade e cultura helênica. Apesar de contaminar o Templo, apesar de perseguir pessoas e mandar executar, ele foi derrotado pelos Macabeus e o exército judeu. No final, ele não consegue destruir e devorar a terra, como diz o texto de Daniel. Ele se tornou um rei fraco no final porque a pequena província da Judéia, tão impotente diante do grande império helênico, acabou derrotando, vencendo este império helênico.

4º) Os 10 reis/reinos do quarto animal não representam o que aconteceu com a Grécia:

- O reino de Alexandre, o Grande, se dividiu entre quatro de seus generais (os Diadochoi, “Sucessores”): Cassandro = Macedônia e Grécia; Lisímaco = Trácia e Ásia Menor(atual Turquia); Seleuco = norte da Síria, Mesopotâmia e Oriente; Ptolomeu = Egito, Judéia e até o sul da Síria.

- Se são considerados os reis em todos os diferentes reinos helênicos, são muito mais do que dez; se considerar os reis selêucidas até Antíoco IV Epifânio, então são somente oito. Antíoco seria o nono e não o décimo primeiro.  Então, quando se olha de um lado e de outro, a descrição ligado aos dez reinos que surgem do quarto animal, não consegue se enquadrar no contexto da Grécia. A resposta que encontramos em muitos desses autores é que este número é simbólico, não é preciso, apesar dos três que foram arrancados serem precisos. Mas, vimos na profecia de Daniel, que ele é bem detalhista. Daniel não é assim: “Ahh! Em geral! Ele fala qualquer coisa contra Belsazar.” Não, ele é bem detalhista. A visão de Daniel é muito fiel aos detalhes. Em vista disto, a proposta não parece corresponder aos dados que o texto de Daniel nos dá acerca do quarto reino.

SE NÃO É A GRÉCIA QUE REINO É ESSE?

Tem que preencher aquelas características que é: ter de vir depois do reino da Grécia; ter que ser diferente, mas extremamente poderoso, violento; ser dividido em dez, e depois aparecer o décimo primeiro. Quando vamos para dentro da própria tradição judaica temos proposta de interpretação que parece corresponder melhor a realidade histórica:

Quando vamos a Flávio Josefo, no seu livro: Antiguidades Judaicas, no livro dez, capitulo dez, verso quatro); ele vai identificar o quarto reino das visões de Daniel como sendo Roma. Tem também a literatura apocalíptica judaica antes da era comum representado por: 

- 4º livro de  Esdras 11:39-46; 12:10-14;

- 2º livro de Baruque (Siriaco) 39:5-7; cf. Charlesworth, 1983, p.549,550,633)

- Talmude de Babilônia (Tratado:Avodah Zarah” disponível na Sefaria, 1ª seção, pág. 2b)

cf. Miller, 1994, p.200-202; Doukhan, 2000, p. 105,106; de Souza, 2019, p.71,72)

 

Roma é o próximo império que vai dominar. Nenhum reino anterior teve o poderio militar que teve Roma. Mesmo Alexandre, o Grande, um reino poderoso, só dominou uma década. E vai desaparecer, quebrar com ele. Já Roma, vai devorar toda a terra, despedaçar tudo que encontra pela frente, e isto por mais de 500 anos, metade de um milênio. Visite Israel, para ver o registro do poderio de Roma, “despedaça toda a terra”, em Israel, em todo o Mediterraneo, vai impactar. Foi o maior impacto na história de Israel, tivemos Babilônia antes. Teve escravidão no Egito, mas o povo foi ao Egito; não foi o Egito que vieram pegar o povo. O exílio Babilônico durou 70 anos. Foi terrível. Mas Roma, depois que destruiu Israel, Jerusalém, a Judéia, só quase 2000 anos para o povo de novo poder morar lá. Isto aconteceu em 1948. Tudo isso é resultado da ação de Roma. Temos Roma dominando desde o sul da península das Ilhas Britânicas, até a região da Mesopotâmia, Oriente Médio, Egito, todo o norte da África. Se contar desde o momento que eles invadiram a Macedônia, e dominaram a Macedônia, lembrando que antes disso, já tinha dominado a parte do norte da África etc., a guerra contra Cartago, que era poderoso império da região, então conta desde momento que dominou a Macedônia e a Grécia que é o ano de 168 a. E.C. até o momento que vai terminar o poderio do Império Romano Ocidental, em 476 da E.C., temos mais de 600 anos de poderio sobre esta região. O Império Romano Oriental vai durar 1400 anos, vai durar outros mil anos depois que caiu o Império Ocidental. Até que os Otomanos vão tomar a cidade de Constantinopla e por fim ao Império Bizantino.

O Império Romano Ocidental chega ao seu fim em 476 a. E.C., tendo sido invadido e dominado por tribos bárbaras germânicas.


A PONTA PEQUENA

O texto de Daniel tem a questão dos gêneros. Traduziram para “chifre”, e é masculino em português. Mas no texto aramaico e hebraico é uma palavra feminina. No final alí tem o sufixo feminino da 3ª pessoa do plural, traduzindo ficaria ‘ … outra ponta pequena que sobe entre as demais pontas.” Este assunto é importante especialmente no capítulo 8 que iremos fazer na sequência.

A busca da identificação deste poder, ele é um chifre deste quarto animal, ou seja, de Roma, como eram os outros também. É um “chifre” (rei/reino) que surgirá desse império. O texto bíblico não identifica claramente, chamando por nome, como identificou Babilônia, como identificou Medo Pérsia, como identificou a Grécia. O texto deixa sem apresentar, mas este é o principal foco do texto profético. Quando olha esta fase da história, da sequência de reinos, de poderes que tomam maior espaço do texto. Apresenta as características e teremos que estudar estas características na busca da identificação.

Nos diz o texto de Daniel que ele surge entre os dez chifres mas depois desses dez chifres do quarto animal. 

Daniel 7:8 - “Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” Daniel estava interessado e se aproximou de um ser celestial.  Daniel 7:19,20 - “Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, … e também, a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu.” Então o ser celestial vai explicando - “Os dez chifres correspondem a dez reis, que se levantarão daquele mesmo reino; e depois dele se levantará outro rei,  …”Dn.7:24.  No final é masculino porque está usando a palavra “rei” em aramaico  que é masculino. Muda o gênero porque a referência desse pronome no final são os reis. Essa mudança de gênero no capítulo 7 não tem muita implicação porque o texto é bem claro seja no original, seja na tradução. Portanto, no próximo capítulo vai ser algo muito importante para poder entender alguns aspectos do texto. Outro aspecto importante, que é necessário para identificar esse chifre é que quando ele surge, três dos dez chifres do animal são arrancados, caem ou são abatidos ‘... se levantará outro, … e abaterá a três reis.” Dn.7:24. Ele vai humilhar, ele vai abater, ele vai lançar para baixo. Esta é a ideia que aparece no texto. Não é somente assim, que parece que eles foram arrancados, que eles caíram. O texto dá ideia da interação ativa do “chifre pequeno” para que eles sejam abatidos, está intimamente ligado a este fato de eles serem arrancados e abatidos. Os “dez chifres” representam os dez reis e reinos bárbaros germânicos que surgiram do Império Romano Ocidental em 476 E.C. Entre esses reinos bárbaros, surge um outro rei/reino que abateria três desses reis/reinos germânicos quando surgisse (esse 11ª chifre é o agente dessa queda, como indica o verbo que está no causativo do aramaico, na forma haf’el, no v.24). No ano 476 da era comum, o Império Romano do Ocidente cai e é dividido entre dez tribos bárbaras de origem germânica: 

Ostrogodos: norte da Itália; 

Visigodos: Espanha e sudoeste da França;

Francos: norte da França; 

Vândalos: Espanha e norte da África;

Suevos: Portugal;

Alamanos: Áustria e sul da Alemanha;

Saxões: norte da Alemanha, Inglaterra;

Hérulos: Roma/Itália;

Lombardos: norte da Itália, Áustria e leste europeu;

Burgúndios:Suíça e sudeste da França.

Três reinos vão desaparecer do palco da história, na sequência, ou seja, 60 anos depois da queda do Império Romano do Ocidente, que são: os Ostrogodos, os Vândalos e os Hérulos. Tiveram que ser destruídos, devido ao embate nas disputas políticas ligadas ao chifre pequeno. No mapa, vamos ver outros nomes, outros povos que já viviam lá: Turíngios, Bretões, e outros mais. Essas tribos germânicas não chegam num lugar vazio. Estes reinos vão conquistar, outros se adaptar, e por fim, dar origem a atual Europa: Bélgica, Holanda, França, etc., vão através da história, e muita mudança de fronteira, vão chegar no que conhecemos na atualidade. O Império Romano do Oriente, com a capital em Constantinopla, vai ficar até o ano 1400. Vai a sua parte durar quase mil anos quando os turcos otomanos vão tomá-los. Lembrando então, ele surge entre esses impérios, ou seja, na região da Europa, entre os dez impérios bárbaros. O texto também diz que ele “é diferente deles”, ele tem semelhança mas tem diferença. E faz lembrar os pés de barro e ferro da estátua, que tinha semelhança, era metal, mas tinha diferença, tinha barro. Em Daniel 7, a diferença está ligado aos aspecto da natureza humana. Dn.7:8 “... e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.” Insolência, quer dizer, “grandes palavras”. Palavra “grandes” aqui, são palavras “arrogantes, insolentes”.  Dn.7:20 “ … daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto que os seus companheiros.” Ele aparece mas aparece mais forte do que os outros chifres. O texto  novamente repete falando dos olhos e da boca que ele tinha. Esse chifre tem uma fase humana insolente: “olhos como de homem, e uma boca que falava insolências.” Essa diferença aparece nas ações que o chifre vai exercer. Boa parte do texto foca nestas ações.

Ações político/militar entre os dez reinos. A queda dos três reinos está ligada com a ação do chifre pequeno. Ele age num contexto político/militar  entre  os reinos que surgiram depois da queda do Império Romano. É um chifre que tem, assim como os outros chifres, poderio político/militar. É atuante no meio deles, inclusive, contra alguns dos chifres. As ações, no entanto, não são somente ali, dos reinos, o texto bíblico enfatiza que ele tem uma ação contra Deus: falar arrogantemente contra o Altíssimo e procurar usurpar o lugar/a autoridade dEle. Daniel 7:25Proferirá palavras contra o Altíssimo, … e cuidará em mudar os tempos e a lei ...” Esta ação de falar contra Deus é uma ação de usurpar o lugar de Deus porque ele tenta mudar tempos e lei. Falar com insolência, falar grandes palavras, é falar contra Deus. É pretender agir no lugar de Deus tendo autoridade divina sobre  fé e religião. Mudar a lei toca na questão de religião, fé ; mudar os tempos(reinos) é autoridade sobre a história. A soberania de Deus no texto de Daniel aparece mostrando a Deus tendo o controle sobre a história, sobre os reinos humanos. “Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, … é Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis …” Dn.2:20,21. Deus está no controle da história. Estar no controle da história está ligado em “remover e estabelecer reis,” conforme anunciou o texto. “Tempo” aqui, quer dizer, controle sobre a história, controle sobre o curso da ação da história, removendo e estabelecendo reis e reinos. O “chifre pequeno” vai ter essa atitude de ocupar o lugar de Deus, querendo dirigir e controlar a história. “Lei”, o termo aramaico significa um comando real (Dn.2:13,15), uma legislação do estado (Dn.6:9, 13, 16), quando relacionada a Deus é sinônimo de Torá. Trata-se de aspecto fundamental da soberania divina, pois é Deus quem estabelece a “Lei,” estabelece os termos da fé, os termos da religião. Os inimigos de Daniel que queriam achar uma razão para tirá-lo do posto de liderança que estava ocupando, e Dario tinha muita apreciação por Daniel - “Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.” Dn.6:6. [port.: 6:5]. Fizeram então “adoração e oração só ao rei,” evidentemente que Daniel nunca iria se submeter a isso. Ele é um homem íntegro, e continuou orando e adorando Deus Altíssimo, Deus de Israel. O “chifre pequeno” procura mudar a lei de Deus. Estabelecer uma fé e religião em outras bases que não a lei do Eterno. Sinônimo de Torá aparece também no livro de Esdras 7:12-14; 21-25

E o texto segue dizendo - Daniel 7:21Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles,” Daniel 7:25 “... consumirá os santos do Altíssimo, … e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo.” Este “chifre pequeno” vai consumir, destruir “os santos do Altíssimo” por um período de tempo. O termo “tempo” aqui significa “ano”. (cf. Dn.4:16, 23, 25). O termo “dois tempos” é um dual, que na maior parte  dos casos no aramaico bíblico tem a mesma forma do plural (cf. Rosenthal, 1983, p.24). A forma aramaica muito mais que no hebraico: “dois olhos,” “as duas pernas,” “as duas mãos”, “meus dois ouvidos” “as duas Jerusalém.” No aramaico é usado só parte do corpo mesmo que esteja em duas. Não é usado para outras coisas que gostaríamos de dedicar em número de dois. 

A expressão: “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, deve ser traduzida assim: “um ano, dois anos e metade de um ano.” (cf. JPS Hebrew-English Tanakh, 1999, p.1823, n.c-c). Ou seja, três anos e meio. Miller, no seu comentário, propõe que seriam três anos e meio literais. (cf. Miller, 1994, p. 214; Hartman & Di Lella, 2005, p.210, 215; Newson, 214, p. 241)?  Já a série: Goldingay, 1989, p. 181, propõe que compreende um período longo  mas não tão preciso, não tão definido.

Ou seria um longo período histórico, onde três anos e meio proféticos correspondem a 1260 dias, sendo que cada dia corresponde a um ano, ou seja, um período de 1260 anos. (Doukhan, 2000, p.108,109; de Souza, 2019, p. 73,74)? Dentro da profecia “anos proféticos” corresponde a “anos lunar”, mas contado 12 meses de 30 dias, que totaliza 360 dias, 3 anos e meio seria 1260. Cada dia deste período profético corresponde a um ano, e é chamado: princípio-dia-ano. Quando olhamos as profecias de Daniel no paralelismo que estamos estudando: capitulo 2, capitulo 7, parte do capítulo 8, traz também período de tempo que estão inter-relacionados, estão correlacionados entre si. Estes períodos, no texto de Daniel, são apresentados como “longos períodos de tempo”,tempos longínquos/tempos do fim” (Dn.8:26; 12:9-13). O tempo é tão longo que até os seres celestiais levantam a pergunta: “até quando?” (Dn.8:13; 12:6,7). Até quando o Senhor vai deixar essas coisas correrem? A idéia de período profético no texto de Daniel são períodos longos. Quando vamos ao texto de Daniel 9, das setentas semanas, apresenta a chave da solução desta questão. A estrutura literária do texto coloca em paralelo as expressões “setenta anos” do livro de Jeremias com as revelações que o anjo traz para ele das “setenta semanas”, indicando assim que não se trata de “semanas de dias”, e sim,  se trata de “semanas de anos”, ou seja, um longo período de 490 anos, e não o tempo de setenta semanas literais como afirma (cf. Doukhan, 1987,  p.34-36; JPS Hebrew-English Tanakh, 1999, p.1828, n.a.). O fato do texto de Daniel 10:2 especificar que o profeta jejuou por “três semanas de dias” parece indicar uma tentativa de diferenciar esse período de tempo literal dos longos períodos de tempos proféticos que ocorrem no livro. Foram três semanas de dias literais e não semanas de anos. Tem este detalhe afirmando uma tentativa de diferenciar esse período de tempo literal do seu jejum de longos períodos de dias, tempos proféticos. Se não vão falar: “É 21 dias, então ele jejuou por 21 anos.” Não, foram dias literais. Em vista disto, o texto parece nos indicar que o chifre pequeno perseguiria e consumiria/destruiria “os santos do Altíssimo” por um longo período de tempo: 1260 anos!

 O chifre pequeno, portanto, representa um poder político/religioso com longa atuação no palco da história:

Ele está ligado ou pertencendo ao Império Romano;

Ele surge entre os dez reinos que sucedem o Império Romano;

Ele tem poder político/militar sob outros reinos (“ele abate tres reinos”) desses dez reinos;

Ele tenta assumir a autoridade e soberania divinas tanto no controle da história dos reinos dos homens, tanto no controle da fé e da religião;

Ele persegue e destroi os “santos do Altíssimo” por um longo período de tempo, ou seja, 1260 anos.


Quando olhamos então no palco da história um poder que tem estas características, e agora quero tocar num ponto bem importante para mim, e creio que será para  os demais também. Aqui, estou trabalhando, não estou falando de pessoas, de indivíduos. Você não pode, não posso julgar pessoas, indivíduos. Isso aí só Deus pode julgar. Então, não é voltada a pessoas, indivíduos, religiosos, que sejam. Existem excelentes pessoas, também pessoas péssimas, que a história mesma registrou, mas nunca se sabe o que acontece com a pessoa e sua relação com Deus. Está nas mãos de Deus julgar as pessoas. Não são pessoas, indivíduos. Estou olhando uma entidade histórica político/religiosa que não é ligada a uma pessoa, indivíduo, líder religioso, quem quer que seja. Ela tem um período muito longo de atuação na história. É um fato histórico para o qual o livro de Daniel parece nos apontar. Olhar para a história e encontrar uma entidade com poderio que corresponda a descrição deste poder  e que é ligado ao Império Romano, surgindo entre os dez chifres, abate três, tem pretensões político/religiosa, de domínio, de controle sobre a história, de controle sobre o reino dos homens, controle sobre a fé, persegue os santos do Altíssimo, destroi os santos do Altíssimo por um período de mais de 1200 anos o que vamos encontrar na história? Não temos dois, três, quatro poderes que poderiam concorrer, na verdade, só tem um poder. Esse poder vai preencher estas características. Isto aparece bem claro, esta entidade político/religiosa que vai surgir neste período da queda do Império Romano, da divisão do Império Romano e que vai ter todas essas características é a Igreja Católica Medieval. Ela é o único poder político/religioso que se encaixa em todas essas características. A Igreja Católica Medieval em Roma, pois o cristianismo se torna a religião do Império Romano desde o século IV com o imperador Constantino. O Concílio de Nicéia, no Oriente Médio, foi convocado pelo imperador Constantino, que ainda não tinha se convertido, mas já estava atuando e tomando a religião como a religião do Estado. Já focado na unidade político/religiosa que caracterizou esta parte final do Império Romano. A Igreja vai surgir, vai se tornar uma Igreja Universal (Católica), mas também, Romana. No vacum que foi criado com a queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja se estabelece como principal poder político e religioso na Europa, como o legítimo sucessor do poderio de Roma. O bispo de Roma vai ser o sucessor legítimo do imperador de Roma para toda a Europa. E se cria aquela ideia: “SACRO IMPÉRIO ROMANO GERMANICO”, onde o papa seria o líder religioso e político de todos estes reinos. Trabalhando a sucessão desses reis. Essa consolidação do status político religioso da Igreja começa com a conversão ao Catolicismo de vários reis e povos bárbaros germânicos (começando com Clóvis, o rei dos Francos, em 508 E.C.) Clóvis vai ser o primeiro dos reis germânicos  a se converter ao Catolicismo, apesar de que não era tão praticante, mas tudo bem. Clotilde, esposa dele, era bem mais religiosa, bem mais fervorosa. Mas ele vai trabalhar de maneira muito intensa para a conversão dos outros reis bárbaros germânicos. Entre os reis bárbaros havia as seguintes situações, alguns ainda eram pagãos. Aparentemente o próprio Clóvis mantinha ligação pagã, com a religião pagã, os deuses que adorava anteriormente. Mas muitos deles já haviam assumido o cristianismo, não o cristianismo Católico. O cristianismo da linha chamada: Ariana, que é desconectada da Igreja Católica e sem aceitar a autoridade da Igreja Católica. Mas daí Clovis se torna Catolico, e ele nas suas atividades políticas e militares vai também trazendo para o seio Catolico a muitos dos outros reis barbaros. De tal maneira, que a França vai ser chamada: “Filha Primogênita” da Igreja Católica na Europa. Porque foi ela que começou todo o processo para trazer os outros povos bárbaros ao domínio, à submissão, ao poderio da Igreja, logo depois da queda do Império Romano. Este é o fato. Surge também como poder político/religioso. Até ali era religioso mas não tinha poderio político como o Império Romano. Mas, vai passar a ter este poderio político quando cai o Império Romano do Ocidente e ela surge então, como sucessor deste império, e principal poderio político/religioso da Europa a partir de então. 


Com respeito à questão dos “três povos”, nesta campanha três se tornam reticentes, não aceitam. O trabalho é feito não diretamente pela Igreja, mas pela influência da Igreja. Trabalhou muito a Igreja neste período através do poderio político secular, e esses “três povos” serão eliminados por se opor a autoridade da Igreja Católica, do bispo de Roma, como sendo o grande governante, grande poder político/religioso da Europa. Os Hérulos tinham conquistado a Península Itálica, mas não se submeteram à autoridade católica e então, o imperador Bizantino Zenão, vai instigar, incentivar os Ostrogodos, que também não aceitavam o Catolicismo, mas foi um jogo político, para poderem tomar posse da Península Itálica. E eles vão fazer isto, os Ostrogodos vão tirar os Hérulos do palco da história. Em 493 E.C., é a vitória final, e os Hérulos vão sair do palco da história europeia, e não continuarão mais. É o primeiro dos chifres que vai cair desta linha de interpretação. Depois tem os Vândalos, que ocuparam sobretudo o norte da África no final. Ficaram na antiga região de Cartago e, eles também, não aceitavam a autonomia, a autoridade do bispo de Roma sobre eles. Mas daí vai ter os Vândalos, que perseguiram muitos católicos no norte da África. Vai ter então o imperador Bizantino Justiniano, um pouco depois, enviando o melhor dos seus generais, que é Flavius Belisarius, com seu exército romano do Oriente, vai vencer, por um fim ao domínio dos Vândalos no norte da Africa, em 534 E.C. Belisário continua sua campanha avançando para a Itália. Ele tem a batalha em Roma. Os Ostrogodos que derrubaram Zenão não se submeteram ao Catolicismo. Você vai ver os Ostrogodos sendo derrotados pelo exército comandado por Belisário. Vão ter que sair de Roma, sair da Itália, vão lá para as regiões dos Alpes. Depois desaparecem da história, ninguém sabe mais o que aconteceu com eles na sequência. Então três poderios, três reinos, precisam ser vencidos, derrubados, a fim de que o poderio religioso e político da Igreja Católica, ligado com Império Romano, pudesse se estabelecer na Europa a partir de então. 


Na Igreja Católica Medieval temos a questão da soberania, que são vários, mas não entrarei em detalhes, mas chamarei a atenção ao escrito que aparece na Igreja de São João de Latrão: 

SACROS-LATER AN-ECCLES-OMNIVM VRBIS ET ORBIS ECCLESIARVM MATER ET CAPVT” 

Base da Idade Média para o papa e que fala sobre a sua autoridade sobre todo o mundo, seja eclesiastico (religioso) ou não (mundo temporal). Aparece então uma crença que posteriormente vai se tornar um dogma, esse dogma vai ser só em 1870. Mas esta crença surge desde o início da “supremacia papal”, ele como representante vicário de Cristo na terra, ele tem a supremacia sobre toda a autoridade mundana, e sobre toda a autoridade religiosa. A idéia de supremacia é que o mundo todo deve se submeter a ele, o papa, seja no domínio religioso, bem como no domínio temporal. Essa é uma idéia bem forte e passou a ser um dogma da Igreja Católica também. E o Concílio Vaticano I confirma essa supremacia que alguns questionavam. O período da Reforma questionou isto. Foi confirmado porque nesta época que aconteceu, vários países já tinham se libertado desta relação de dependência ou submissão religiosa/política, como o caso da França. Portanto, neste contexto religioso: a Reforma, seja Luterana, Calvinista, etc., ou seja, no contexto temporal: com a França, outros países se tornando independentes do poder papal. Então, o conceito era um dogma. A supremacia papal era um dogma para a Igreja e é isto que envolve o mundo todo. Então está alí este aspecto interessante porque trabalha com soberania temporal e religiosa. Também vemos uma outra, ligado a posição papal ou a Igreja, vemos também a crença, e que se tornou dogma, neste mesmo Concílio Vaticano I, a “infalibilidade” tanto do papa como da Igreja. O papa para com os católicos, e a Igreja para com os não-católicos, para com o papa também, eles são infalíveis e não se enganam em questões de fé e de moral, quando em exercício solene de seus ministérios (mesmo que estejam completamente contrários às Escrituras). E daí vemos através de toda a Idade Média várias “verdades” sendo estabelecidas que eram contrárias às Escrituras, entre eles: a questão do dia de guarda (o domingo x sábado), a questão da adoração dos santos, o uso de imagens, e tantas outras coisas que vem neste contexto. “Bom, mais a Igreja e o papa é infalível quando exerce ministério interminável, a verdade religiosa é uma questão de fé.” E aparece exatamente aquilo, você tem esta soberania tanto no mundo temporal como no mundo religioso também, mesmo que esteja contra a Torá, a Palavra de Deus, o que está escrito, o que foi determinado pelo Altíssimo.


A questão da perseguição, diz que ía “magoar os santos do Altíssimo”, “destruir” os santos do Altíssimo, fazer “guerras” contra eles. Temos na Igreja Medieval então, muita perseguição. A intolerância e a perseguição caracterizaram o longo período de hegemonia político-religiosa da Igreja por boa parte da história europeia (com excomunhão para católicos dissidentes, e prisão, torturas, execuções para eles, para outros hereges, para judeus, e outros tantos infiéis). Conversões forçadas, perseguições, inquisição, prisão e tantos outros infiéis ali, do ponto de vista das “verdades”, como definidas pela Igreja. Nas fogueiras e os cadafalsos da inquisição durante séculos (começando por volta de 1022 E.C., e indo até 1800). Começa primeiro o tribunal do Santo Ofício da Inquisição, na França, contra os Albigenses, os Cátaros, no sul da França. Eram um grupo cristão, que tinha uma outra leitura da Bíblia, no entanto, foram completamente destruídos. A 1ª inquisição foi contra eles, e depois contra os Valdenses, que surgiram na França e se transferiram para o norte da Itália. Mas depois vão surgir inquisições em vários lugares. Inquisição na Espanha, em Portugal, envolvendo muitos judeus também, onde milhares e milhares de pessoas foram executadas, muitas delas por manterem uma fé bíblica. Você discorda do ensino, da doutrina Católica porque você acredita no ensinamento bíblico, e porque você acredita no ensinamento bíblico você é levado à fogueira, ou te levam ao garrote para cortar a sua garganta, ou você é executado de alguma maneira, empalado, ou ao que seja lá. Este foi então durante muito tempo, temos praticamente 800 anos de atuação da Inquisição na Europa. E fora da Europa, também em alguns lugares: Peru, Colômbia, tivemos tribunais de Santo Ofício também.


Seria 1260 dias proféticos, ou seja, 1260 anos literais, o período de tempo. É interessante que quando se estuda na história, o tempo bate tanto no aspecto de decreto legal, quanto no aspecto da execução militar, quando o fato se tornou realidade histórica, política (como poder). Por exemplo, o decreto de Justiniano estabeleceu em 533 E.C. Havia sempre uma disputa entre os bispos, e o bispo de Roma falava que ele era “o cabeça de todas as igrejas”. E lá no Oriente: “Não, aqui cada um cuida de si. Somos iguais.” Mas o bispo de Roma, o papa, rebatia: “Ah não! Não sou igual a vocês. Sou superior a vocês, porque tenho a primazia de Pedro, tenho a supremacia papal.” E daí houve disputas mas, o imperador bizantino Justiniano, em 533 E.C., depois da queda do Império Romano, neste contexto de estabelecer  o poder, lá, entre os reinos pagãos, bárbaros, cristãos arianos, ele reconhece no bispo de Roma como “cabeça de todas as igrejas”. A partir daí ele começa a colocar o bispo de Roma como um poder político/religioso na Europa. O golpe mortal para esta autoridade política/religiosa romana, por questão de decreto, ainda não era realidade histórica, aconteceu no dia 06 de novembro de 1793 E.C. A Convenção Nacional Francesa, lembrando que Clóvis foi o primeiro a se converter ao Catolicismo, pois a primeira saída de debaixo das asas, oficialmente, não reconhecendo mais a autoridade, por questões de decisão político-religiosa, “descristianizar” a França, ela baixa um decreto e se opõe à autoridade temporal da Igreja Romana. Interessante, que estes dois poderes vão baixar decretos, e depois vão fazer um evento, uma execução militar, para poder fazer funcionar o decreto. Mas nós vamos ver que do ano 533 a 1793 são 1260 anos! Agora se vai para a questão da execução militar, o Justiniano baixou o decreto e disse: “Agora temos de estabelecer o papa lá, ele é a autoridade”, estava cercado de inimigos. Justiniano então manda o Flavius Belisarius com o exército, para poder acabar com os oponentes políticos-religiosos da pretensão da supremacia papal, ou da Igreja Católica como poder político-religioso do mapa. Ele então consegue terminar isso no ano 538 E.C., quando os Ostrogodos são derrotados por Belisário, com a tomada de Roma. Em 538 chega ao fim a posição que havia contra a supremacia papal na Europa, e agora a Igreja pode se estabelecer como essa potência política religiosa na sequência do Império Romano. Em 538 foi executado aquilo que foi decretado 5 anos antes. Interessante na história, tem alguma coisa acontecendo de execução militar  5 anos depois do decreto lá na França. No ano de 1798 o papa foi deposto, aprisionado, exilado, e a sua autoridade temporal revogada, inclusive de ter os territórios papais, e isto pelo exército francês, pelo general Berthier, a comando de Napoleão. Vai ficar um tempo sem ser reconhecido até 1929, quando então Mussolini estabelece uma autoridade política para o papa, lhe dando o Vaticano como território independente, país, e outros territórios ali para ele. Quando vê também o aspecto da execução militar, vai ter também 1260 anos. De 538 a 1798 são 1260 anos! Estamos falando de entidade político religiosa, não estou julgando ninguém. O papa ter sido uma boa pessoa, pode ter sido uma boa pessoa. Tentou fazer …,  sim , pode, mas a entidade religiosa durante toda a Idade Média, do início da Idade Moderna, ela manteve essas prerrogativas tanto político como religiosa de uma maneira bem sistemática como também suas ações de intolerância, perseguição. Isto é bem registrado pela história. Muitos sofreram com isto. O Brasil mesmo faz parte desta história, como Portugal também, como a Espanha faz, e outros muitos ali. Hoje se sabe o quanto o Brasil está ligado com a Inquisição, e com o decreto de Dom Manuel, de converter a força os judeus sob pressão da Espanha. Depois ali, quantos desses judeus que foram convertidos, chamados de cristãos-novos vieram para o Brasil, tentando fugir da perseguição. Ou fugiram para a Holanda. Depois aqui, a Holanda conquista o nordeste brasileiro. Vem esses judeus portugueses da Holanda para cá, e muitos daqui, que já tinham se convertido ao Catolicismo, voltam para o judaísmo. Temos a 1ª sinagoga das Américas aqui no Brasil, ali em Recife. Tudo isto é parte desta história de intolerância, de imposição, de direção de tentar dirigir a história, intolerância religiosa, é uma coisa que é muito forte na história humana. Não é uma coisa pequenininha, é uma coisa tremendamente forte. E toca direto a todo o povo de Deus, todos aqueles que procuram seguir a Palavra de Deus, sendo filhos de Israel ou não. É dentro deste contexto histórico que temos que entender. Quanto a pessoas, indivíduos, não podemos falar nada, isto é outra questão.  Quanto a entidades que atravessam  eras, e se torna entidade político/religiosa a história mesma deu esta perspectiva, está registrada. Quando olhamos vemos que este poderio, dentro desta perspectiva de interpretatória, ela se encaixa e corresponde de maneira singular. E assim completamos o quadro de paralelismo com a estátua: 

Babilônia, Medo Pérsia, Grécia, Roma, os dez reinos germânicos (Os chifres), e o poderio religioso católico-romano. Esses dois últimos fazem parte dos “pés de barro e ferro”, com a sua ligação com o ferro de Roma. Neste contexto, então, a parte religiosa é representada pelos “olhos” e “boca” de homem, e provavelmente, por esta linha podemos compreender o barro nos pés. O barro, quando analisamos na Bíblia, o homem é criado do barro. Aparece o poderio político (ferro) junto com o elemento religioso, o barro. Então constituindo aquilo que se tornou a sequência do Império Romano com a Europa unida e dividida, casamentos de reis, pactos políticos. Ao mesmo tempo que cada vez mais se unem, cada vez mais se divide. E vemos isso até hoje. Um amigo descendente de alemão, ele foi morar um tempo, ele e a esposa. O casal falava o alemão com o sotaque do alemão brasileiro mas foram para Berlim, e estava lá sentado, e um rapaz francês com uma moça alemã com seu bebê. Está lá cuidando do bebê, e a guria vêm e este pessoal, Skinhead, todo vestido de cores, tira um cacetete de dentro da sua roupa e pula em cima desse rapaz francês e começa a gritar: “Alemanha para os alemães, vai para a França seu desgraçado.” E começa a bater no rapaz, e agrediu o casal. E o rapaz francês tenta proteger a esposa, a companheira e o filho. Até consegue empurrar este indivíduo intolerante para fora. Mas daí, este amigo falou assim: “Se eles pensam isso acerca do francês imagina nós brasileiros. Vou ficar calado, se bate no francês, nós brasileiros então ó.” Mas tem isto, dificuldades alí. Turistas sendo agredidos na Espanha: “A Espanha é nossa, não queremos turistas.” Parece que a Europa tem esta característica: une e se divide. Quanto mais une, mais cria tensão e divisão. Os britânicos: “Estamos fora da Europa. Queremos saber de nada.” É nesta situação, neste contexto político/religioso, que ocorreram todos esses fatos: perseguição, intolerância, onde a Igreja Medieval teve o seu domínio durante muito tempo. Ainda hoje, se você acompanha a questão europeia , mas existe todo um trabalho junto aos países da comunidade europeia de reconhecer o domingo  como dia da cultura, da família, da expressão cultural européia. E isto fechando o comércio, inclusive com pedido de parar partida de futebol. Isto está muito ligado à questão do dia da família, dia da identidade europeia e, sem dúvida, existem partes religiosas envolvidas. Mas é curioso ver este caldeirão, como ele atravessou a história, chegou até aos nossos dias.


Perguntas:

Por que usa o símbolo da estátua, dos animais, por que não foi direto falando dos reinos? 

É que entramos numa característica chamada de profecia apocalíptica. A profecia apocalíptica ocorre num momento em que o povo de Deus, Israel, estava no exílio, a mesma coisa vai aparecer em toda literatura apocalíptica bíblica e não bíblica. Você vai falar do seu opressor, Babilônia é opressor, Medo Pérsia é opressor também. Mas, se você fala de maneira direta, você está debaixo do poderio desses poderes, a mesma coisa acontece lá. Você usa uma simbologia para que quem estuda o texto, entenda; mas para fora, o pessoal de fora, quando lê diz: ”Que qui é isto?” Pois não entende nada.  É uma maneira de proteção. Profecia clássica, quando você está em Israel, Jeremias vai falar, Isaías vai falar e às vezes usar uma metáfora: “Babilônia vai vir, o rei da Babilônia …”. Por quê? Porque estão pregando para o próprio povo. Não estão escrevendo num contexto de opressão do inimigo, e apesar disto já sofreram bastante. Jeremias veja quanto sofreu: “Olha! Você está enfraquecendo nossas mãos falando que Babilônia vai vencer. O pessoal que acreditar em você não vai querer nem lutar. Você é um traidor.” Vemos bem claro isso no livro de Jeremias, por exemplo. Mas, em Babilônia, Daniel, do 7º para 6º século, ele começou em 605, que está sob o poderio de Babilônia, transmite a mensagem de maneira codificada através do simbolismo. Quem estuda o texto vai entender. Também é uma maneira de proteger o povo que está sob poderio estrangeiro, poderio opressor.


Qual a diferença da profecia clássica da profecia apocalíptica?

Por que o livro de Daniel não é classificado como clássica?

Quando analisamos a profecia colocamos essas classificações observando as suas características, que tem características próprias. A profecia apocalíptica, ela se tornou um padrão no mundo acadêmico a partir do livro do Apocalipse. À parte disto, toda a literatura ligada à cultura judaica, continua os mesmos tipos de características. Temos este tipo de profecia na Bíblia, principalmente o livro de Daniel, depois  outros livros hebraicos: Enoque, Baruque, Quarto Esdras, etc. São características bem interessantes contrastante com a profecia clássica. Na profecia clássica, a revelação divina vem diretamente ao profeta, e o padrão dela vai ligado com Moisés. Deus fala na 1ª pessoa: “Eu, o Senhor, tirei você da terra do Egito … etc, e tal …” . Encontra isso na Torá, e encontra em livros como: Isaías, Jeremias, Amós, Oséias, e outros mais. Pode ter visões: “O Senhor me fez ver isto ..” mas, o profeta interage diretamente com o Eterno. Nesta profecia clássica, as imagens e de metáfora existem: o leão é usado para representar nações que vão atacar o povo, um leopardo, um urso. Mas, são figuras simples, um chamado, uma advertência, um anúncio. A maior parte do tempo, por exemplo, Isaías, o profeta, anunciando o juízo de Deus sobre o povo que tinha esquecido e quebrado a aliança, transgrediu a lei. Vai trazer juízo da aliança, escrita ali em Levítico 26, Deuteronômio 28, e outras partes mais. Este é o tipo da profecia que é o chamado do povo para o arrependimento e para voltar-se para Deus, se possível evitar esse juízo que está por vir. Ou se já aconteceu o juízo apresenta uma restauração predita para o futuro. Este é o tipo de profecia clássica. 

A profecia apocalíptica ela sempre ocorre no momento em que o povo de Deus está em grande dificuldade, normalmente no exílio, como resultado do juízo de Deus que veio sobre a nação. E lá no exílio o povo pergunta: “Tudo falhou e não tem esperança? Será que Deus está no controle da história?” Neste momento aparece uma manifestação típica da profecia apocalíptica quando Deus dá sonhos e visões. Estes sonhos e visões são geralmente de forma indireta, ela não é direta como; “Veio a palavra do Eterno a mim dizendo …”. Não, você vai ter uma visão, seres celestiais vão aparecer nesta visão, e vão aparecer as figuras, e vai precisar de um ser celestial para interpretar essa visão, o que você não tem nos outros. O ser celestial: “Olha isto representa isso, e isso representa isso ..” Uma simbologia altamente complexa. Não é somente um leão, é um leão com asas de águia. Esse tipo de metáfora complexa não ocorre na literatura apocalíptica. A metáfora complexa existe para representar dados da profecia de forma codificada que mostra como Deus está agindo mesmo em situação tão difícil como no exílio, como Deus vai agir através da história, e como a história vai desenvolver.


Os judeus já tinham um grande histórico com Roma, Pompeu ali, a destruição do Templo, o período de Adriano e a questão da Élia Capitolina, de repente, os judeus percebem terem  o dano como uma narrativa diferente, uma narrativa religiosa de cunho cristão passa a ser forte alí no meio deles. Agora, durante essa nova narrativa que Roma está usando que é a narrativa católica, como os judeus perceberam este momento, os judeus conseguiram fazer esta conexão como profecia? Também como a Igreja deste período percebia os judeus? 

A questão de interpretação é bem variada, temos diferentes tipos de interpretações. Mas você vai ver vários dos rabinos da Idade Média ali, a identificação da Igreja com Roma, com o poderio romano e o animal de Roma. Jacques Doukhan no seu livro: “Segredos de Daniel: sabedoria e sonhos de um príncipe no exílio,” traz bastante detalhes sobre esta parte. Doukhan procura trabalhar bastante a literatura judaica. O sentimento dos judeus não vem somente de Pompeu. Os judeus começam a sua relação com Roma no período dos Macabeus. Os Macabeus  fazem uma aliança com Roma, e a Judéia era um aliado de Roma no Império Selêucida. Então Roma, em princípio, havia um problema, Roma não podia simplesmente invadir a Judéia porque os judeus eram aliados por tratados. Quando Pompeu vai e conquista a Síria, a Síria é um Império Selêucida, de certa maneira ele vem e entra de uma maneira até violenta e faz até prisioneiros judeus. E os judeus vão reclamar: “Espera aí! Somos aliados, por que você nos trata assim?” E ele vai levar escravos, etc, judeus para Roma, vai construir boa parte da comunidade judaica em Roma depois, como diz, “vão ser libertados da escravidão”, já chamados “libertos”. O que Roma teve que fazer? Não conseguia entrar na Judéia simplesmente como um inimigo. O Egito é inimigo, Ptolomeus. Selêucidas eram inimigos, mas a Judéia não, a Judéia já fazia 100 anos que era parceiro. Então tiveram que trabalhar através de jogo político. Isto veio dividindo autoridade na época de 30, morre o rei hasmoneu, dos Macabeus, daí os dois príncipes lutam entre si. E vão pedir para Roma que decida quem que é. E Roma aproveita a oportunidade e diz: “É você, mas junto com você vamos botar outro.” Daí Roma bota a família de Herodes, que era o pessoal ali para poder ir implementando o período romano. Mas depois, quando morre Herodes, o Grande, Roma começa a tirar Herodes também, e começa a vir o governador romano também, compartilhando com os filhos de Herodes. Nesta altura do campeonato já tinha acabado com a família dos hasmoneus, já saiu do cenário da história. Também vai tirando os herodianos e Roma vai tomando. E Roma vai se mostrando cada vez mais intolerante, mais exigente, impostos, humilhação, etc. Desta maneira, os judeus se sentem traídos e começa este sentimento anti-Roma, alinhado com as profecias. Vamos estudar Daniel 9, será a profecia da época. É isto mesmo, os judeus iam para o livro de Daniel 9 e falavam entre eles: “Tá na profecia, estes estrangeiros romanos e invasores na nossa terra de Israel é predição que está acontecendo diante de nossos olhos, no capítulo 9 de Daniel.” E começa uma série de movimentos messiânicos no contexto da opressão de Roma. Vai ser no início do primeiro século de maneira bem marcante esta situação. Vai ter as revoltas judaicas contra Roma em três guerras. E Roma vai assumindo este papel cada vez mais de um poderio contra Deus e contra o povo de Deus. Aparece isto na literatura rabínica, no Talmude. 

À medida que o conflito entre judeus e romanos se intensificava os cristãos que surgiram como uma seita judaica, àqueles que tinham muita ligação com a seita, vão continuar por vários séculos ainda. Mas, entre cristãos que não tinham, sobretudo a partir do 2º século, depois da 3ª guerra, a Revolta de Bar Kokhba, você vai ver cristãos cada vez se distanciando mais dos judeus, criando assim o deicídio: “Israel foi rejeitado por Deus, Israel não é amado por Deus, Israel só existe agora para ser objeto da ira de Deus, do juízo de Deus até o final dos tempos, para mostrar para o indivíduo que não acredita em Deus vai acontecer com ele. A Igreja agora é o novo Israel, o Israel espiritual, o Israel de Deus. Israel é tolerado mas não apreciado, não respeitado.” Muitas vezes, nem tolerado é. Durante a Idade Média, se ferrou, vai estar reduzido muitas vezes. Vai ter meia páscoa, e daí começa as acusações: “Ah! Mataram a criança cristã para poder beber o sangue dele.” Daí vão matar muita gente lá. Entraram no bairro judaico, mataram muita gente. A nossa língua portuguesa quando alguém faz alguma coisa ruim, normalmente usamos a expressão judiar: “Ah! Não judia não. Mas que judiação.” E é tão comum isto que a pessoa nem percebe que isto é uma expressão de preconceito profundo. Quer dizer, fazer algo  ruim, é agir como judeu, pois os judeus só faz coisa ruim. Então você está agindo como um judeu. Você está judiando. “Ai que judiação”, ou seja, um ato semelhante aos dos judeus. Quando chegava a Páscoa você tinha: malhar um Judas. Fazer um boneco lá e bater nele. Mas este Judas na cultura católica medieval, a cultura católica de hoje, mas muitos católicos nem sabem disto, representa o judeu. Voce vai malhar o judeu. E alguns faziam simbolicamente com um boneco; e os outros faziam literalmente, indo lá e malhando mesmo, o judeu de carne e osso, vivo, de sangue, a ele, suas famílias, seus filhos, para poder vingar a morte de Cristo. Este crime do deicídio é a maior acusação dentro do cristianismo contra o judaísmo: “Vocês mataram a Deus, então somos os instrumentos de Deus para vingar.” Isto vai chegar a tal ponto que até os nazistas vão utilizar este tipo de pensamento para justificar as suas ações na 2ª Guerra Mundial. Isto é patente na história. Isto faz parte de uma visão religiosa que vai tomar lugar da visão bíblica. Infelizmente, está ligado também com este poder que atuou através de tantos séculos.


Diferentemente da indicação de que o “chifre” significa uma entidade, a expressão “santos do Altíssimo” é uma noção pulverizada, aleatória, envolvendo grupos diversos, de origens diversas, ou seria mesmo algo individualizado?

As entidades em si, vemos bastante unidade. Você tem: será um rei ou reino, . O próprio texto já mostra unidade já bem unificada. Agora, “os santos do Altíssimo” aparece aqui no plural, e tem ligado à questão do povo. O texto de Daniel diz: “levantará contra o teu povo,” “o príncipe do teu povo”. Sem dúvida, “os santos do Altíssimo” aqui, representa Israel. Mas dentro desta visão bíblica, Israel sempre é o catalisador da humanidade para trazer a humanidade até Deus. Para Abraão diz: “Sai da tua terra, da tua parentela, … vai para uma terra que te mostrarei. …te farei uma grande nação. …te engrandecerei o nome.” (Gn.12:1,2). Uma unidade, Israel, mas “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Isto é bem claro. O chamado de Abraão não é um chamado para a constituição de um povo somente sem ter implicações para toda a humanidade. É um povo, implicações para toda a humanidade. Isto aparece através de todas as Escrituras. Deuteronômios 4:6 diz: “Guarde esta lei.” Por quê? Porque esta lei “será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvindo todos estes estatutos dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente.” E qual é o resultado disto? As nações irão temer o Deus de Israel através do testemunho deles. Quando foi inaugurado o Templo de Jerusalém, na oração de Salomão, ele diz: “Ouve, pois, a oração do teu servo e do teu povo Israel, quando orarem neste lugar;  ouve no céu, lugar da tua habitação; ouve e perdoa”. Mas daí ele continua: “Também ao estrangeiro, que não for do teu povo de Israel,… e orar, voltado para esta casa, ouve tu nos céus, lugar da tua habitação … a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te temerem como o teu povo de Israel e para saberem que esta casa … é chamada pelo teu nome.” I Reis 8:30,41-43.   Através dos profetas Ele vai falar: “Vocês são meus, mas os outros são meus também”. A Bíblia começa com Deus que criou toda a humanidade. Ele tem uma aliança com toda a humanidade. É bem claro na Bíblia deste aspecto universal. Existe particular e universal, que está sempre presente nos textos bíblicos. A ligação de Deus com Israel, isto é particular. A ligação particular leva também a ligação universal. Daniel, aqui, está bem voltado, para o povo de Israel, os judeus no exílio babilônico. Existe a referência a seu povo, mas é curioso ver que o próprio Daniel interage com Nabucodonosor para levar Nabucodonosor a temer a Deus: “Deus quer o Senhor, ó rei tema”. Você tem esta experiência particular e universal. O problema do cristianismo, quando trata com respeito ao povo de Israel, eles negam o particular para poder exaltar o universal. E o problema do outro: “Não foi enfatizar o particular e negar o universal.” Os dois estão sempre presentes no texto bíblico. Na visão de Jesus, quando ele conta a parábola do Bom Pastor: “Sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” E quando Ele chega mais adiante diz: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor.João 10:11 e 16. Oras, se tem ovelhas que não são deste rebanho, quem são estes? São os não judeus. Então, na parábola do Bom Pastor, quase toda ela é Jesus com respeito a Israel, não os gentios. Nada a ver. Ele está falando de Si em relação ao povo de Israel. É o particular. O rebanho para Ele: “para Mim, é Israel. Agora, vou cuidar das Minhas ovelhas aqui, mas vou também chamar outras ovelhas que não são deste rebanho. Importa chamá-las a fim de que tenha um rebanho, um só Pastor.” Chamar os gentios para fazer parte da comunidade de fé que Deus utilizou para estabelecer através de Israel. Não é de fora. Paulo diz: “gentios … separados da comunidade de Israel … mas, agora … fostes aproximados …” Ef.2:11-13. É interessante, pois o particular e o universal, tanto na Bíblia hebraica quanto no Novo Testamento também, porque esta é a teologia bíblica.  Portanto, creio que “os santos do Altíssimo” envolve o particular como o universal. Se não reconhecer isso o outro será visto como uma ameaça. Por isto a Igreja, através da Idade Média, via Israel e que ela tinha que resolver o problema: “Como que pode Israel existindo se eu sou o novo Israel? Então, tenho que acabar com Israel”. Não tem a visão do particular/universal, esta interação entre eles que existe em todo o texto bíblico.


As unhas de bronze e os dentes de ferro do animal podem ser representações de Grécia e Roma? 

Uma pergunta interessante. Temos lá os ventres e os quadris de bronze, depois, pernas de ferro, pés de ferro e barro. O quarto animal tem dentes de ferro e unhas de bronze. Eu acho que está ligado com a questão militar porque bronze e ferro estão ligados muito com poderio militar. A ênfase é no Império Romano (ferro), mas lembra que a estátua é uma. Apesar de reinos diferentes, a realidade é que ela é única. Existe inter-relação entre eles. Quando a pedra destrói a estátua, não destrói só os pés, como se o resto já era passado. Ela destrói toda a estátua, até a cabeça de ouro que já tinha deixado de existir a muito tempo. Na visão profética temos o chamado “o reino dos homens”, que tem a cara de Babilônia, que sempre no contexto bíblico, é a humanidade unida em rebelião contra Deus. Na literatura hebraica, Babilônia não representa somente Babilônia histórica, mas Babel, que é a humanidade que se torna independente de Deus, que quer estabelecer o seu reino em oposição ao reino de Deus. Inclusive, o Império Romano, e chamamos isso de cultura greco-romana, ela vai adotar a cultura grega e etc., em muitos aspectos: no pensamento, tem a sua contribuição romana, mas é uma mistura, e que chamamos de cultura clássica, cultura greco-romana. A influência dela é gigantesca na história da humanidade. Então acho que existe uma ligação. Não é simplesmente, o outro animal, ele chega, ele aqui acabou  com  o outro. Não! Existe ligações entre eles, esses quatro animais que saem do mar. Vai haver conflito entre eles no capítulo 8. Até aqui não tem conflito. Um ataca o outro, eles só saem todos do mar. Mas vamos ter o conflito aberto entre o carneiro e o bode, no capítulo 8, onde o bode destroi o carneiro. Aqui nós temos animais que surgem no mesmo contexto, que no capítulo 2 é uma mesma estátua. E no juízo, que também veremos, os animais estão todos presentes ali, não é só o quarto animal e o chifre.


Links:


https://www.adventist.org/pt-br/em-que-os-adventistas-do-setimo-dia-acreditam/  


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ttps://centrowhite.org.br/downloads/audiobooks/o-desejado-de-todas-as-nacoes/  



https://consultoriadoutrinaria.blogspot.com/ 


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https://youtu.be/l8VyLqdq1U8?si=97RSkL5aIA12swSb


https://youtu.be/d8zvyOi-2jI? si=bXql_Z_z1Hai_tlD


https://www.youtube.com/watch?v=AoLfdfB36ww 


https://noticias.adventistas.org/pt/hospital-adventista-de-manaus-e-reconhecido-entre-os-melhores-do-brasil/ 









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