Livro de Atos (Pr. Wilson Paroschi)
LIVRO DE ATOS (Pr. Wilson Paroschi)
O Livro de Atos cobre os primeiros trinta anos da história da Igreja. Desde a ascensão de Jesus (ano 31 d.C), até o final do primeiro aprisionamento de Paulo em Roma (ano 62 d.C). Paulo ficou preso em Roma por duas ocasiões: da primeira vez, da qual ele foi liberto, as acusações contra Paulo eram muito fracas, não havia base jurídica para que Paulo fosse condenado. Num diálogo entre Agripa e o procurador Festo (At. 26:31 e 32): “não há nada que justifique sequer a prisão deste homem, mas como ele apelou para o imperador temos que mandar para o imperador.” Era o direito romano, a lei romana assim o determinava. As acusações eram extremamente frágeis, e por conta disso, Paulo foi liberto depois de seu período de 2 anos preso em Roma no ano 62. Alguns anos mais tarde, Paulo voltaria a ser preso. Este seria o segundo aprisionamento, e então seria executado em torno de 50 anos de idade, por volta do ano 67, 68. Sobre o mesmo imperador, o imperador Nero. A questão da cronologia da vida de Paulo, ela é conjectural. Os judeus terminavam seus estudos rabínicos ao redor de 20 anos de idade. Paulo termina seus estudos rabínicos mais ou menos quando Jesus começa o Seu ministério. Portanto, se Jesus tinha 30 anos, e Paulo termina quando começa o Seu ministério, e Paulo termina seus estudos rabínicos mais ou menos nesta época, então Paulo deveria ser cerca de 10 anos mais novo que Jesus. É uma estimativa que nós fazemos. Deveria ter nascido ao redor do ano 7, ano 8, ano 10, da nossa era. Deve ter ocorrido mais ou menos assim: Paulo disse (At.22:3) que foi educado em Jerusalém, mas ele não conhecia Jesus. Então Paulo deve ter terminado os seus estudos rabínicos pouco antes de Jesus começar o Seu ministério. Nós sabemos, pelas suas cartas, que Paulo também era versado na educação secular. Paulo conhecia direito, em suas cartas ele mostra isto claramente. Ele faz uso dos meandros da lei romana para defender a si mesmo. A linguagem “justificação” que ele usa, vem do contexto legal. Paulo conhecia retórica, que era uma disciplina da época. Paulo conhecia filosofia. Se ele cresceu em Jerusalém, então, ele só pode ter recebido educação secular, quem sabe em Tarso, que era um centro universitário. Paulo não conhecia Jesus, então deduzimos o seguinte: Paulo termina educação rabínica pouco antes de Jesus aparecer em cena. Dai Paulo sai de Jerusalém e vai para Tarso receber sua educação secular. Recebe a educação secular e volta para Jerusalém quando Jesus já morreu, ressuscitou, ascendeu aos céus. É por isto que logo em seguida Paulo está ali. Mas ele não conhece a Jesus. Então, exatamente no ministério de Jesus Paulo esteve fora. Voltando para Jerusalém, ali, no contexto de Estevão, Paulo já é membro do Sinédrio. Se ele dava seu voto para que os cristãos fossem mortos, então ele era membro do Sinédrio. Somente um membro do Sinédrio poderia votar pela execução de alguém. Os alunos dos rabínicos poderiam dar o seu voto pela libertação, mas não pela condenação.
O Livro de Atos termina no ano 62. O autor deste livro é Lucas. Lucas escreveu, segundo a tradição da Igreja, o terceiro Evangelho, o Evangelho que leva o seu nome, e este livro que é o LIvro de Atos. Lucas foi um dos auxiliares missionários de Paulo. Em Colossenses 4:10 - 14, Paulo lista Lucas entre seus auxiliares gentios. Seus auxiliares não circuncidados. O termo ‘gentio’ vem do latim. Os judeus dividiu a humanidade entre dois grupos: eles mesmos, e o resto. O resto é todo aquele que não era judeu. Lucas não era judeu, era um gentio. Uma das caracteristicas do judeu homem era ser circuncidado. Os gentios, especialmente aqueles sob influência greco-romana , não praticavam a circuncisão. Na verdade, abominavam a circuncisão. Enfim, na verdade, Lucas é o único não-judeu a contribuir para a formação do canon bíblico. Paulo também diz que Lucas era médico. Deduzimos que do ponto de vista literário são extremamente bem escritos os textos de Lucas. Em outras palavras, o Evangelho de Lucas e Atos, são os livros mais bem escritos do Novo Testamento. Foram escritos em grego. Era um grego muito sofisticado, era um grego erudito, e Lucas segue padrões, ou convenções específicas da época como um bom historiador. Portanto, aqui temos um não-judeu. Interessante é que Lucas contribuiu mais para o Novo Testamento do que qualquer outro escritor, mesmo Paulo. Ele escreveu mais do que Paulo.
Quando foi que Lucas escreveu este livro? O livro não pode ter sido escrito antes do último evento que ele narra. E o último evento que ele narra é Paulo sendo preso em Roma. Ele não narra sequer a libertação de Paulo. Portanto, deduzimos que o livro deve ter sido escrito mais ou menos ali. Ele diz nos dois últimos versículos (At. 28:30) “por 2 anos permaneceu Paulo preso em Roma”, sugerindo, insinuando, que Paulo foi liberto ao final dos 2 anos. Mas ele não narra absolutamente nada mais. Acreditamos que neste período que Paulo esteve preso é que Lucas escreveu Atos. Assim, também, o Evangelho deve ter sido escrito mais ou menos 2 e 3 anos antes quando Paulo esteve preso em Cesareia. Paulo foi preso em Jerusalém e foi conduzido para Cesareia. Ficou 2 anos detido em Cesaréia, e então foi conduzido a Roma, onde ficou mais 2 anos preso em Roma. Lucas dedica Atos a Teófilo. Se nós lermos tanto nos primeiros versículos do Evangelho quanto do Livro de Atos, ambos dos livros são dedicados a um certo Teófilo. Lucas trata este Teófilo com termos muito nobres: “Ó excelentíssimo Teófilo.” (Lc.1:3). Não sabemos quem era este personagem. Lucas 1:4 “... para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.” Portanto, Teófilo, ou era um interessado na fé, ou um recém converso. Mas a forma como Lucas se dirige a ele sugere que Teófilo fosse uma pessoa nobre, de bastante influência, e que possivelmente seria uma espécie de patrono libre de Lucas, ou seja, o patrocinador literário de Lucas. Era comum na antiguidade, pessoas que desejassem escrever alguns livros procurarem por patrocinadores, porque havia despesas. E então essas pessoas cobririam os custos do preparo dos livros e depois seria uma influência para a circulação dos livros. Não sabemos nada mais sobre este Teófilo. A missão da Igreja, a exaltação de Cristo, a vinda do Espírito Santo ou Ministério do Espírito Santo, universalidade do Evangelho, são os temas principais do Livro de Atos. Lembrem-se, Lucas era um gentio; os judeus, eram exclusivistas. Para eles, só eles estavam salvos, por assim dizer, e o resto, estariam perdidos. Mas o Evangelho é para todos, não é só para judeus, não é só para descendente de Abraão, aqueles que estão sob a influência do concerto abraâmico. Lucas como um gentio, pode ter sentido na pele, o preconceito judaico contra estrangeiros. E ao escrever o seu livro, o Evangelho e o Livro de Atos, faz questão de apresentar este lado: “que o Evangelho é para todos, Deus não tem favoritos.” Esta é uma nota tônica, uma das ênfases que encontramos neste livro. O plano literário do Livro de Atos é muito interessante. Jesus (At.1:8) disse aos discípulos que eles deveriam permanecer em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder. Então deveriam sair como testemunhas dEle em Jerusalém, Judeia, Samaria, e confins da terra. Interessante é que Lucas escreve o seu livro seguindo exatamente este plano:
Jerusalém ver At.1 - 7 , Judeia e Samaria ver At.8 - 12 , confins da terra ver At.13 - 28. Estes passos mostram que a ordem de Jesus foi cumprida. Muito importante para estudarmos o Livro de Atos é entendermos o que está acontecendo, é conhecer os grupos sociológicos ali representados. O primeiro desses grupos é claro são os “judeus”. Os apóstolos eram todos judeus, Jesus era judeu, a Igreja nasceu ali na Palestina entre os judeus. Os judeus são estes personagens bíblicos, descendentes de Abraão, membros do concerto. Os judeus tinham algumas peculiaridades, como já falei, uma delas, muito marcante neste período. Era um centro de exclusivismo, só eles estavam certos, a salvação era só dentro do círculo judaico. Enfim, este era o primeiro grupo, o grupo dos judeus. No capítulo 2 de Atos, já no Pentecostes, nós nos deparamos com um segundo grupo. Também são judeus, mas são diferentes dos “judeus palestinos”, são “judeus helenistas”. Judeus helenistas são todos aqueles judeus que haviam nascido fora da Palestina, em terras do império romano, em terras greco-romanas. Como regra, estes judeus não falavam aramaico, que era a língua falada na Judeia. Eles estavam sobre a influência da cultura grega, falavam o grego. Para vocês terem uma ideia, no primeiro século, século em que o Livro de Atos foi escrito, e que esses episódios ocorreram, a população de judeus no mundo é estimada entre 8 a 10 milhões de judeus no mundo, 60 % deles moravam fora da Palestina. Havia mais judeus no mundo greco-romano do que na Judeia. Muitos desses judeus migraram para a Palestina, para a Judeia, para Jerusalém para quem sabe ali morrer e ali serem sepultados. Os judeus acreditavam que o Messias viria e eles esperavam o Messias. E muitos queriam ser ressuscitados pelo próprio Messias. Ainda hoje, muitos judeus que nascem no mundo vão para morrer em Jerusalém e serem sepultados no Monte das Oliveiras. Segundo o Antigo Testamento, o Messias quando vier, virá sobre o Monte das Oliveiras e por ali entraria Jerusalém. Isto foi cumprido na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Mas muitos judeus ainda aguardam o Messias. No dia do Pentecoste, a maioria dos conversos eram judeus helenistas (At.2:5, 9 - 11). No capítulo 6 encontramos o primeiro conflito interno da Igreja. Houve queixa dos cristão judeus helenistas de que as suas viúvas estavam sendo esquecidas no atendimento diário. Daí os apóstolos selecionam os 7, e tem que ver com os judeus helenistas. Eles tinham suas comunidades à parte, eles tinham suas sinagogas à parte. Enquanto os judeus nas sinagogas falavam o aramaico; os judeus helenistas falavam os gregos nas suas sinagogas. Era duas comunidades um pouco separadas uma da outra. Estevão e os seus colegas, os 7, eram helenistas. Paulo era helenista. Paulo nasceu em Tarso. E estes judeus helenistas desempenham um papel muito importante no Livro de Atos. São eles que começam a pregar o Evangelho fora, não são os apóstolos, não são os judeus palestinos. Por terem vindo do mundo greco-romano estavam mais abertos ao caráter inclusivo do Evangelho, a universalidade do Evangelho. E são os cristãos judeus helenistas que começam as missões gentílicas. E Paulo é o grande apóstolo aos gentios.
Agora falamos dos “prosélitos”. Prosélitos é todo gentio convertido ao judaísmo. Para que um gentio se tornasse judeu ele precisa de fazer a circuncisão, no caso dos homens; o batismo ritual, para a purificação das contaminações do paganismo; e por fim, apresentar uma oferta no Templo em Jerusalém. Como muitos moravam longe de Jerusalém, este terceiro requisito poderia ser cumprido mais tarde, quando se a pessoa fosse para Jerusalém. Mas os dois primeiros, eles não abriam mão. Uma vez convertido, então a pessoa era um prosélito. (At.2:11; 6:5; 13:43). Os rabinos consideravam os prosélitos em pé de plena igualdade com um judeu. Ele só não podia ser membro do Sinédrio e uma prosélita não podia, ou o sacerdote não podia se casar com uma prosélita, só depois de 10 gerações. O Livro de Atos faz referências aos “tementes a Deus,” também, outro grupo. (At.10:2; 13:16; 16:14). Os tementes a Deus eram gentios simpatizantes do judaísmo mas que não chegavam ao ponto da conversão, ou seja, não chegava a se tornar prosélito. A relação entre os gentios e os judeus no primeiro século era uma relação de amor e ódio. Muitos gentios criticavam os judeus por serem exclusivistas, por adorar o seu próprio Deus e não adorar os deuses que todo mundo adorava, por não trabalharem aos sábados, por não comerem porco, por circuncidar seus filhos. Os gentios, os greco-romanos, em geral, não gostavam dos judeus por conta dessas coisas. Só que entre os próprios greco-romanos, muitos deles admiravam e respeitavam os judeus pelo seu estilo de vida. Os judeus tinham mais saúde do que as pessoas em geral. Os judeus eram trabalhadores. Os judeus se davam muito bem financeiramente, como regra. Os judeus eram mais estudados do que as pessoas em geral. Exatamente, por conta da sua ênfase na prática de princípios bíblicos, pois na sociedade greco-romana o adultério era absolutamente comum, muitas mulheres greco-romanas eram atraídas para o judaísmo por conta da decência da vida judaica. Então, era uma relação de amor e ódio. Muitos greco-romanos odiavam os judeus, mas por outro lado, muitos admiravam os judeus e queriam se tornar judeus. Mas havia um empecilho: a circuncisão. Os greco-romanos abominavam a circuncisão porque eles exaltavam a estética do corpo humano. Para eles o corpo humano era perfeito e a circuncisão era uma agressão. Uma agressão a uma forma perfeita. A circuncisão era uma barreira para que eles se tornassem prosélitos. Então estes eram os tementes a Deus. Eles criam em Deus, iam às sinagogas, liam às Escrituras, viviam como judeus, mas não haviam passado pela circuncisão. O primeiro temente a Deus mencionado no Livro de Atos é Cornélio. E finalmente temos o grupo dos “gentios”, que era todos que não era judeu. Então, quando lermos o Livro de Atos vamos nos deparar com esses grupos de pessoas.
PROBLEMAS NO LIVRO DE ATOS
O problema no Livro de Atos é que nutrimos certos conceitos, mas estes conceitos podem não ser necessariamente corretos. Costumamos olhar para a Igreja Apostólica como uma Igreja perfeita, um modelo para nós. Aquele modelo de piedade, de dedicação. Parece que está no nosso subconsciente, quanto mais estudarmos , quanto mais reproduzirmos aquele modelo melhor seremos. É uma espécie de “anos dourados” da Igreja, o período apostólico. Eu discordo em gênero, número e grau deste conceito. A Igreja Apostólica não foi uma Igreja perfeita. Àqueles, não foram anos dourados. Não há dúvidas de que eram pessoas piedosas. Que se deixaram usar por Deus e pelo Espírito Santo. Mas, ao mesmo tempo, eles ainda tinham tantos ranços, tantos preconceitos, tantas noções equivocadas. E não foi fácil para Deus trabalhar com aquele povo.
Tempo da Segunda Vinda
Veja, por exemplo, a questão da segunda vinda de Jesus. Eles aguardavam a vinda de Jesus para os seus dias. Era uma questão de dias. Eles estavam equivocados com relação ao tempo da segunda vinda. Por que achavam que Jesus estaria voltando em seus dias? O Livro de Atos começa com os discípulos chegando a Jesus depois da ressurreição e perguntando: At.1:6 “Senhor, vai ser agora que tu haverá de restaurar o reino a Israel?” Precisamos entender o seguinte: o que é que os discípulos estavam pensando? Os discípulos estavam pensando que Jesus como Messias era um libertador político-militar, não salvador do pecado. No Antigo Testamento existem várias profecias, dois grandes grupos de profecias messiânicas: aquelas que falam do Messias messiânico, alguém que viria para morrer, e dar a Sua vida. E aquelas que falam do Messias como um Rei que vem para reinar. Por conta da sua situação política, os judeus eram uma nação ocupada por nações estrangeiras por vários séculos a fio, e eles acabaram perdendo de vista aquelas profecias que falavam do Messias como salvador, e focando suas esperanças no Messias político-militar, que viria para libertar Israel das nações opressoras, das nações inimigas. E durante todo o seu ministério eles estavam só aguardando o momento em que Jesus haveria de liderar uma tropa e expulsar os romanos, restaurar a dinastia de Davi, exaltar Israel à sua glória passada. Eles ficavam, inclusive, discutindo a todo, para ver quem iria se assentar à Sua direita, ou à Sua esquerda no Seu reino. Outras vezes, dois deles falavam para a mãe: “mãe, vai lá, fala com Ele, para nós, um à direita, outro à esquerda.” Depois que Jesus morre ali a caminho de Emaús: Lc.24:21 “Ora, nós esperávamos que fosse ele que haveria de redimir a Israel …”. Intenção política: expulsar os romanos. Jesus morre. De repente Jesus ressuscita: “Vai ser agora Senhor que tu haverá de restaurar o reino a Israel?” Reino político. Depois da ressurreição, e eles ainda não haviam entendido a obra de Jesus. Como é que Jesus responde? “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade.” O que fica implícito na resposta de Jesus? O tempo pertence a Deus. Vocês vão ficar em Jerusalém, receber o Espírito e ser minhas testemunhas no mundo inteiro. O que fica implícito é que quando recebessem o Espírito, e fossem testemunha de Jesus no mundo todo, então seria o tempo para restaurar o reino. Em seguida vem os 2 anjos: At. 1:9-11, “fiquem tranquilos pois Ele vai voltar.” Eles voltam para Jerusalém tomados de grande júbilo, achando que tudo seria muito rápido. Jesus havia falado que Ele voltaria em breve.(Mt.10:23; 16:28; Mc.1:15; 9:1; Lc.21:31,32, etc).
E os discípulos certamente se lembravam disso. “Vai ser agora?” Jesus deixa a questão em aberto. Quem cala consente. Ao deixar em aberto é como Jesus tivesse reafirmando que seria breve. E Ele dissera que voltaria em breve, os anjos, e assim por diante. Veja algumas evidências de que eles esperavam a vinda de Jesus para os seus dias:
1 - No seu sermão no Dia de Pentecostes, Pedro interpreta o recebimento do Espírito à luz da profecia de Joel. Só que Joel 2:28 diz “Depois daqueles dias … “ está é uma frase que aparece em muitas profecias do Antigo Testamento. Quando Pedro cita esta profecia de At.2:17, ele não diz “depois daqueles dias”. Ele diz “... nos últimos dias.” Por quê? Porque para Pedro os últimos dias haviam chegado. O que é que faltava para Pedro? O Dia do Senhor. Joel 2:31. Então virá “o grande e terrível Dia do Senhor.” Pedro diz no sermão que ele acreditava que o fim estava ali as portas
2 - Outra evidência de que eles esperavam a volta de Jesus para poucos dias é que venderam tudo o que tinham.(At.2:45). Formaram um caixa comum e passaram a viver deste caixa. Por quê fizeram isso? Porque não vai haver amanhã. Não preciso me preocupar com o amanhã. Não preciso mais das minhas posses. Não preciso das minhas fontes de renda. Vendo tudo, trago para um caixa comum pois o fim está próximo. Foi um ato de fé. Foi um ato de piedade. Mas foi um erro. A Igreja de Jerusalém empobreceu. Não teve como patrocinar o evangelismo mundial. Às próprias Igrejas gentílicas tiveram que fazer isto. Jerusalém, que era a mãe, que deveria sustentar as filhas, às Igrejas gentílicas, aconteceu o contrário. Paulo tinha que trazer dinheiro das Igrejas gentílicas para os pobres de Jerusalém. Eles ficaram pobres. Foi um erro.
Quem sabe vou colocar assim: é a coisa certa quando Jesus realmente estiver voltando. Por que que vou precisar de bens materiais por ocasião da volta de Jesus? Não vou precisar mais. Portanto, foi a coisa certa, só que na hora errada. Eles fizeram isto porque achavam que Jesus já estava para voltar naquele momento, quando na verdade não era o caso. Jesus nunca recomendou vender tudo e viver de um caixa comum. Jesus falou contra a avareza, o amor às riquezas. Lá, quando Ele diz ao jovem rico:”Vender tudo,” Ele estava, na verdade, pondo o dedo na ferida do rico que era a avareza. Jesus, em nenhum momento pede aquele estilo de vida para a Igreja. Qual das cartas, das epístolas do novo testamento recomenda que a Igreja venda tudo e viva de um caixa comum? Nenhum! Foi algo inadequado para aquele momento. Em II Tessalonicenses, Paulo enfrentou uma citação que estava se encaminhando para aquilo. Alguns achavam que Jesus voltaria em poucos dias. Estavam abrindo mão de tudo. Abandonando seus trabalhos. Paulo (II Ts.3:10) reage: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma.” Foi duro Paulo, cortou o mal pela raiz pois não é assim que o cristão vive. Não é assim que o cristão vai esperar a volta de Jesus. Tem adventista do 7º Dia, que saiu, foi esperar a volta de Jesus em algum lugar, no mato. Não é isto que Deus espera de nós. Temos uma missão a cumprir no mundo, estamos aqui com um propósito. “Não peço que os tire do mundo, e sim que os livre do mal.” João 17:15. Lá em Mateus 24:15, Jesus diz: “Quando, porém, virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabeis que está próxima a sua devastação.” Daí é hora de abandonar tudo. E nós sabemos que o cerco de Jerusalém é um tipo para o decreto dominical. Então, este desapego dos bens materiais, vai ocorrer na Igreja, mas no momento específico, lá, quando de fato, Jesus estiver para voltar. Daí, o que nós temos, não vai ajudar, não vai servir para mais nada. Mas lá, no 1º século, representou um retrocesso para uma Igreja que tinha uma missão a cumprir no mundo. Alguns anos depois, digo ano 45, 46, 47, a Palestina enfrentaria uma fome muito grande. Isto aumentaria a agonia dos cristãos. Quando houve o Concílio de Jerusalém no ano 49, a Igreja pediu para Paulo e às igrejas gentílicas ajudarem. A Igreja mãe pedindo ajuda para as igrejas filhas; deveria ser o contrário.
3 - Eles também celebravam a Santa Ceia (At.2:46) diariamente.(cf. Lc.22:16; I Co.11:26). Ora, Jesus instituiu a Santa Ceia em substituição à Páscoa. A Páscoa era celebrada uma vez ao ano. Mas os discípulos celebram a Santa Ceia todos os dias porque Jesus conectou a Santa Ceia com à Sua volta. A Santa Ceia apontava para a morte de Jesus, mas era também um lembrete da esperança de que Jesus haveria de voltar. E eles, para celebrar essa esperança, começaram a celebrar a Santa Ceia diariamente, na esperança de que Jesus iria realmente voltar em seus dias. Foi um problema. Jesus não estaria voltando tão brevemente assim.
Missão Apostólica
“Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” At.1:8.
Eles também estavam equivocados em relação ao escopo da sua missão. Vocês vão ficar chocados, mas os apóstolos imaginavam que a missão mundial deles estava terminada no Pentecoste. O Livro de Atos não narra nenhum dos 12 saindo de Jerusalém para pregar. Ninguém sai. O único que sai é Pedro, mas vai alí pela região de Jope, Cesaréia, a poucos quilômetros de Jerusalém, e volta para Jerusalém. Mas Pedro não vai para evangelizar ninguém. Pedro vai para visitar aqueles que já haviam sido alcançados pelo Evangelho no dia de Pentecostes. Eles não saem de Jerusalém. Deus teve que levantar uma perseguição, por Saulo, para empurrar a Igreja para fora de Jerusalém. E os que saem e começam a pregar são os conversos no dia de Pentecostes que eram judeus helenistas. Os 12 estavam equivocados sobre o escopo da sua missão.
Quando vamos no Antigo Testamento, Deus coloca Israel como uma luz para o mundo. Não é Israel que sai. É o mundo que vem. Temos inúmeras passagens no Antigo Testamento em que Israel é exaltado para que o mundo seja atraído. Não é Israel que vai ao mundo. É o mundo que é atraído a Israel.(I Reis 8:41-43). É assim no Antigo Testamento. E que aconteceu no Dia do Pentecoste? O mundo veio. At.2:5 “Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu.” O mundo veio no Dia de Pentecostes. A missão estava cumprida. Espera lá, eram judeus. Sim, eram judeus. Mas para a cabeça pequena dos judeus da época, a salvação só poderia ocorrer para judeus. Nós podemos achar este conceito estreito demais. Deixa eu dizer uma coisa: os primeiros adventistas do 7º dia diziam que só poderiam pregar entre os ex-mileritas. Quem não fosse milerita, que não tivesse sido milerita, não tivesse sido parte do movimento de Guilherme Miller, esperando a volta de Jesus para 1844, estava perdido. Portanto, os primeiros adventistas, quando saíam para evangelizar, achavam que deveriam evangelizar só ex-mileritas. No segundo momento, achavam que só pregando nos Estados Unidos era o bastante. Eles estavam prontos para justificar a sua crença: “Os Estados Unidos são formados de pessoas do mundo inteiro. Então, pregando aqui, estamos pregando a todo mundo.” Num terceiro momento, quando eles começaram a mandar missionários ao redor do mundo, só para as nações protestantes. As nações católicas estavam irremediavelmente perdidas. Foi somente depois de 1890, que a Igreja Adventista começou a trabalhar entre não protestantes. Depois de várias décadas. O mesmo erro da Igreja Apostólica a Igreja Adventista cometeu. A mesma mentalidade estreita que os apóstolos tiveram lá no Pentecostes, a Igreja Adventista teve nos seus primórdios. O fato de que ali no Pentecostes foram todos judeus, também não era um problema, pois para os judeus salvação só poderia ocorrer para aqueles que fossem membros do concerto abraâmico.
Deus teve que levantar uma perseguição.(At.8:4-40; 11:19-21). Para que eles entendessem tinham que sair. Ellen White é bem clara em Atos dos Apóstolos, “... Deus levantou a perseguição para que a Igreja saísse e realmente cumprisse a sua missão.”
Status dos Gentios
Os judeus eram exclusivista, achavam que a salvação só ocorria entre os judeus. Portanto, os gentios, não só não estavam salvos como também eram impuros do ponto de vista cerimonial. É por isto que foi difícil para Pedro entrar na casa de Cornélio. Deus teve que dar uma visão para ele. E quando Pedro chega, falando com Cornélio: (At.10:28; 11:3) “Vocês sabem que é proibido a um judeu entrar na casa de um gentio incircunciso. Mas o Senhor me mostrou ...” E então com muita relutância Pedro entra.
Qual era o problema? Os judeus se tornaram extremamente voltados para si mesmos depois do cativeiro babilonico. Eles foram levados ao exílio babilonico exatamente por se contaminarem com a idolatria das nações vizinhas. No exílio babilonico eles aprenderam a lição, só que se tornaram exclusivista demais. Por exemplo: eles achavam que os gentios praticavam o aborto, e as casas dos gentios eram imundas por conta desta crença. Lembram-se daquela regra no Antigo Testamento de que se alguém tocasse um cadáver ficaria imundo por 7 dias? Não entravam na casa de um gentio, pois achavam que praticavam aborto, para não ficar imundos por 7 dias, e não poderem comparecer no Templo, nas cerimonias do Templo. Quando um judeu precisava viajar por terras gentilicas, ao voltar para Jerusalem, ele tinha que passar por uma serie de rituais de purificação, porque ele achava que estaria contaminado, não poderia ir ao Templo. Eles tinham uma concepção muito equivocada acerca dos não judeus, e Deus teve que ir aos poucos quebrando esse preconceito. E não foi fácil. Mesmo depois da experiência de Cornélio, mesmo depois do Concílio de Jerusalém em Atos 15, houve aquela ocasião em Gálatas 2:11 -14. Paulo está em Antioquia juntamente com os gentios alí na Igreja. Pedro chega, Pedro se mistura, mas de repente chega um grupo de Jerusalém e Pedro se afasta. Ele não queria que chegasse lá em Jerusalém a notícia de que ele, Pedro, estava sentado na mesma mesa dos gentios incircuncisos. E Paulo teve que repreender Pedro face a face. “Na presença de todos” Paulo repreendeu Pedro. Havia um grupo na Igreja que não abria mão disto. Mesmo depois da conversão de Cornélio. Grupo dos Judaizantes: “Não! Nós não podemos nos misturar com os gentios. Os gentios precisam se tornar judeus, precisam se circuncidar.” Como este grupo deu trabalho para Paulo. Eles iam no encalço de Paulo. Paulo se refere a eles, lemos somos os judaizantes em Atos 15:1,5. E nas cartas de Paulo (Gl.2:4,5; 3:1; 5:7-12; 6:12; Fp.3:2, cf. 2 Co 11:4-6, 12,13, 22, 23; 12:11), existem várias referências. Eram cristãos judeus da Igreja de Jerusalém que íam no encalço de Paulo. Paulo fundava uma Igreja aqui na Galácia, por exemplo, e daí Paulo ía para outro lugar. Este grupo de judaizantes vinham alí falar: “Paulo está errado. Não é assim. Vocês precisam se circuncidar. Precisam obedecer a Lei de Moisés. Isto é condição para a salvação.” E daí Paulo tem que escrever uma carta para a Galácia: “Quem é que está confundindo vocês? Não é isto, somos salvos pela fé. Não é pela obediência à lei, não é pela circuncisão. Este grupo que está aí, este grupo está errado.” Paulo faz isto nas suas cartas aos gálatas, romanos, coríntios. Estes judaizantes ficavam alí dificultando as coisas para o apóstolo Paulo. Então houve o Concílio de Jerusalém para resolver o problema dos gentios. E alí então a Igreja entende que a salvação é pela graça. (At.15:11). A Igreja entendeu que a salvação é pela graça, “só que os gentios incircuncisos ele fica no canto dele e eu no meu.” Quando Pedro vai à Antioquia e chega um grupo de Jerusalém, Pedro se afasta. O comportamento de Pedro e dos demais apóstolos vindos de Jerusalém diziam o seguinte: “tudo bem, eles até podem ser salvos, mas são cristãos de 2ª categoria, nós somos melhores e não nos misturamos com eles.” É só lermos as cartas de Paulo. Problemas, dificuldades, limitações, preconceitos que Deus tinha que quebrar. Deus estava trabalhando com aquele povo para preparar realmente a Igreja para que ela se tornasse uma Igreja mundial como ela é hoje.
Justificação pela Fé
Eles não entendiam a verdade da salvação. Achavam que a salvação era pela circuncisão, pela obediência à lei. E aqui está Deus levantando o apóstolo Paulo, que chegou mais tarde, mas estava anos luz na frente deles, na sua compreensão do Evangelho. Deus usou Paulo para corrigir este ponto, esta questão alí da Igreja de Jerusalém, que achavam que a salvação era pela obediência à lei. O povo de Israel foi levado para o cativeiro babilonico porque começaram a aceitar as práticas pagãs dos povos das nações ao redor. Quando voltaram do exílio eles aprenderam a lição. Nunca mais se achou idolatria em Israel. Eles foram curados da idolatria depois do cativeiro babilonico. Mas eles se tornaram tão legalistas, tão áridos na sua religião que perderam completamente de vista o conceito de salvação pela graça. Passaram a olhar para a Lei como aquilo que os salvava. Os seus esforços como meritórios. Desenvolveram o conceito de salvação pelas obras depois do exílio babilonico. No Novo Testamento temos várias passagens (At.13:38,39; Rm.9:30,31; 10:3). Judaizantes continuou dizendo que os gentios precisavam obedecer a Lei de Moisés como condição para a salvação.
Precisavam se circuncidar como condição para a salvação. Em suas cartas o apóstolo Paulo apresenta o Evangelho. Evangelho, segundo Paulo tem três partes, muito clara, muito simples:
1 - Jesus morreu por nós. (Rm.5:8; I Co 15:3; Gl.1:4; I Ts.5:9-10).
Todos somos pecadores. (Rm.3:9, 19, 23).
O salário do pecado é a morte. (Rm.6:23).
O próprio caráter de Deus limita suas ações. (Rm.3:24-26; cf. Êx.34:7; Dt.25:1). Deus não pode salvar pessoas de qualquer jeito. Deus não pode passar a mão na cabeça do pecador: “Ahh! Está tudo bem. Eu vou te salvar mesmo assim. Eu sei que você errou, mas não se preocupe não Eu vou te salvar mesmo assim.” Deus não pode fazer isto porque não é justo.
Não corresponde com o caráter justo de Deus. Deus falou: “No dia que comerdes certamente morrerás.” “O salário do pecado é a morte”. A Lei de Deus é séria ou não é? Deus não pode passar a mão na cabeça do pecador: “Tudo bem, vou te levar para o céu.” Deus leva a sério às Suas leis. Leva a sério àquilo que Ele é, o Seu padrão de justiça. A única forma de Deus salvar o pecador é se Ele morre no lugar dele. É a única forma para Deus ser justo e continuar sendo justo. Então, Jesus morreu por nós.
2 - Se Jesus morreu por nós então a salvação é pela fé. (Rm1:17; 3:22, 26, 28; 5:1,2; Gl.2:16; 3:8, 11, 22, 24; Ef.2:8; 2 Tm.3:15).
- Se a lei pudesse salvar, a salvação seria por meio dela. (Gl.3:20).
- A inabilidade para salvar não significa que haja algo de errado com ela. (Rm.7:9-14; ITm.1:8).
Existe uma antiga lenda alemã, o barão de Münchhausen, ele está cavalgando seu cavalo e de repente cai num poço de areia movediça, está afundando ele e o seu cavalo. E daí ele tem uma ideia, ele pega a sua cabeleira e começa puxar para cima e sai do poço movediço. Claro que ninguém consegue se salvar desse jeito, por si mesmo. Sem um ponto de referência, sem um ponto de apoio, não conseguimos nos salvar por nós mesmos. Não há nada de errado com a lei, porque a lei não salva. A lei não existe para salvar. Ela não salva, ela só condena.
- A inabilidade da lei (ou do esforço humano) requer a morte substitutiva de Cristo. (Rm.8:3). E é por isso que a salvação é pela fé.
3 - Se a salvação é pela fé, então ela está disponível a todos. (2 Co.5:15; ITm.2:4, 6; Tt.2:11). Disponível a todos, não só a um grupinho de privilegiados.
- O Evangelho requer imparcialidade: ninguém é privilegiado e ninguém é excluído. (At.10:34,35; cf. Rm.2:11; Ef.6:9; Cl.3:25). Ninguém é privilegiado, ninguém é excluído. Este é o Evangelho. Privilégios ou realizações humanas não tem nenhum valor. Salvação depende de Jesus, aquilo que Cristo fez por nós. Este é o Evangelho segundo Paulo. Claro, segundo Jesus também. Mas a Igreja de Jerusalém precisou aprender isso e não foi fácil. Levaria anos mesmo depois da morte e da ascensão de Jesus. Mas foi graças ao apóstolo Paulo.
Se a salvação fosse pelas obras, ou se os judeus fossem um grupo de privilegiados, qual seriam as implicações?
- Implicações (da doutrina dos judaizantes):
1 - Dois Evangelhos (cf. 2 Co.11:4-6; Gl.1:6-9).
- Judeus: justificação pelas obras (da lei).
- Gentios: justificação pela fé.
2 - Duas comunidades de fé (cf. Ef. 2:11-22).
- Judeus circuncisos.
- Gentios incircuncisos.(2ª classe).
Quando Pedro está lá em Antioquia e se recusa a sentar-se à mesa com gentios cristãos incircuncisos, o que Pedro está dizendo a eles? “Eu não me misturo com vocês, vocês são de segunda categoria, eu sou descendente de Abraão. Eu sou melhor do que vocês.”
Era contra isto que Paulo lutava. Paulo lutava contra uma Igreja dividida, uma Igreja de judeus e gentios. Paulo lutava contra uma concepção equivocada acerca do Evangelho. E não foi fácil.
Ministério de Paulo
Quando olhamos assim superficialmente imaginamos que Paulo era apenas mais um apóstolo. Paulo, do começo ao fim do seu ministério, foi uma persona non grata entre os demais apóstolos e a Igreja de Jerusalém.
- Relações tensas com Jerusalém (Gl.2:6-9; At.21:20-24). Paulo está falando dos judaizantes e dos problemas que eles lhe causavam. Sabe quem são esses “ que pareciam de maior influência” que Paulo menciona? Ele está falando (Gl.2:9) dos apóstolos Tiago, Pedro e João. E Paulo solta o verbo: “quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita aparência do homem, esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram.” Essa é a linguagem que Paulo usa para os apóstolos em Jerusalém. “Pelo contrário, quando viram que o Evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão …” E agora o verso 9 “... quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram colunas na Igreja me estenderam a mim e a Barnabé a destra da comunhão da Igreja.” Paulo é duro. Relações tensas. Capítulo 21 do Livro de Atos, quando Paulo chega da sua terceira viagem, Tiago, que é o líder dos apóstolos, vai se encontrar com Paulo: “Paulo, a coisa aqui não está boa. Ninguém aqui acredita na sua ortodoxia. Faça de conta que você é um bom judeu. Vá para o Templo e ofereça um sacrifício.” Vinte e cinco anos depois da morte de Jesus, depois da conversão de Paulo, Tiago pede para Paulo ir ao Templo, e oferecer um sacrifício. Era assim a situação. Por quê que Paulo tinha essa relação tensa com a Igreja de Jerusalém?
- Passado perseguidor (At.9:26; I Co.15:9; Gl.1:23). Paulo tinha um remorso por haver perseguido a Igreja. Mas ele agradece a graça de Deus.
- Conversão suspeita (Gl.1:15-20). Nenhum dos apóstolos intermediou, testemunhou a conversão de Paulo: foi ele e Deus na estrada de Damasco. Ninguém acreditava: ‘Esta eu não caio, isto é uma armadilha.” E o Evangelho que Paulo pregava, que que os judeus de Jerusalém pensavam? “Salvação pelas obras. Só os judeus.” Paulo falando: “Não salvação é pela fé, pela graça, é para todo mundo.” O Evangelho de Paulo era suspeito, os judeus não estavam convencidos disto.
- Atividades helenizantes (At.22:21,22; 24:5,6). Depois de vários anos de opressão, e os romanos estavam tratando os judeus de forma tão opressora, tão cruel, que os judeus não aguentavam mais. E eles começaram a desenvolver um espírito nacionalista cada vez mais forte. Um desejo de libertação. E isto foi se intensificando, se intensificando, até ao ponto que realmente estoura uma revolta. E os romanos vêm e sufocam a revolta, e destroi Jerusalém no ano 70. Este espírito anti-romano, era na verdade, também, um espírito anti-gentílico. Contra tudo aquilo que era estrangeiro. E Paulo passava, depois da sua conversão, a vida inteira trabalhando entre os gentios, lá fora. O que acham que judeus iriam pensar de Paulo? Quando Paulo é preso em Jerusalém, sob a acusação de ter introduzido um gentio dentro do Templo, os soldados romanos conseguem resgatar Paulo, se não seria linchado, e eles vão recolher Paulo na fortaleza. E quando Paulo está subindo as escadarias, ele pede para falar à multidão de judeus. E os romanos deixam: “Gente, lembrem-se de mim? Fui um bom judeu minha vida inteira. Morei nesta cidade, fui educado aos pés de Gamaliel.(Era neto de Hilel, fundador da maior escola rabínica de todos os tempos, ( hebraico: הלל; c. 60 a.C. - c. 9). Fui fariseu. Sempre fui zeloso. Não há nada de errado comigo, mas Deus me chamou. Quando eu estava indo para Damasco, perseguindo os cristãos, Deus apareceu a mim. Jesus ressuscitado apareceu a mim.” E eles estão ouvindo, em silêncio. “E esse Jesus falou: Vai porque Eu te enviarei aos gentios.” Quando Paulo fala esta palavra: “Vai porque Eu te enviarei aos gentios, …” diz o texto que o discurso de Paulo acabou. Os judeus começam a arrancar as suas capas de si, pegam areias e jogam pelos ares: “Este homem tem que morrer, ele não pode viver.” Este é o espírito anti-gentílico que havia em Jerusalém. E tudo isto havia afetado a Igreja.
- Paulo reivindica autoridade apostólica
1 - Chamado divino (Gl.1:1, 15,16). Ele diz que é apóstolo de Deus, ele realça o seu chamado divino.
2 - Revelações e visões (2 Co 12:1-6; Gl.1:1-12; 2:2). Ele fala nas muitas revelações e visões.
3 - Satisfazia o critério (I Co 9:1; 15:8). Lembram-se lá em Atos 1, quando íam escolher o sucessor de Judas? Quem pode se qualificar para ser o sucessor de Judas? Alguém que havia sido testemunha da ressurreição. Paulo diz: “Não sou apóstolo? Não vi o Senhor Jesus?” Por que ele está dizendo isso? Porque alguém estava dizendo que ele não era apóstolo, não preenchia o requisito, não havia visto Jesus ressuscitado. Ele fazia questão de dizer que satisfazia o critério.
Evidências concretas de seu apostolado (I Co 9:2; 2 Co 3:1,2; 12:12). Lembram-se de Atos 8? Paulo inicia a perseguição. Diz o texto que Paulo vai ao sumo-sacerdote, Saulo ainda, e pede cartas. Os judeus, já falei, havia 60 % da população judaica fora da Judéia. E todas estas comunidades judaicas ao redor do mundo eram administradas pelo Sinédrio. E o Sinédrio tinha mensageiros autorizados mediante cartas para irem a estas várias comunidades ao redor do mundo e fazer o seu trabalho. Paulo era um desses. Entre o judaísmo era comum a pessoa levar cartas de recomendação para desempenhar o seu trabalho. Quando Paulo se torna um cristão e a própria Igreja de Jerusalém não está muito convencida da sua conversão, quem que daria cartas para Paulo? E os judaizantes saíam de Jerusalém com cartas. E aí eles chegavam nas igrejas e diziam: “Ele mostrou alguma carta de recomendação aqui? Vocês viram alguma carta dele?” Aí em 2 Coríntios 3 Paulo resume e diz assim: “Preciso eu de carta de recomendação? Vocês são a minha carta. Olhem para a vida de vocês. Olhem o que o Evangelho fez na vida de vocês. Olhem o que vocês eram antes, e o que vocês são hoje, e me diga se esta obra não é de Deus? Me diga se este Evangelho não é de Deus? Vocês são a minha carta de recomendação.” É tudo o que Paulo tinha, o resultado de seu trabalho, evidências do seu ministério. Paulo sofreu e não foi pouco.
4 - Paulo x Matias. Algumas pessoas dizem que Paulo deveria ser o décimo segundo, no lugar de Matias. Matias, foi o candidato da Igreja; mas Paulo, o candidato de Deus. Isto não está no Livro de Atos, e a Igreja orou quando escolheu Matias. A escolha de Matias nunca foi contestada, o próprio Paulo nunca contestou a escolha de Matias. Mas Paulo também reivindicava autoridade apostólica.
5 - Prisão em Jerusalém (At. 21:27-36). E daí ele foi, ao final da sua 3ª viagem, preso em Jerusalém. Na sua prisão em Jerusalém, a própria Igreja contribuiu para que ela acontecesse. Paulo era sozinho. Era ele e Deus. Ele não tinha o apoio da Igreja em Jerusalém. Quero ler uma citação de Ellen White agora. É uma longa citação, mas é uma das citações que mais me impactaram de Ellen White ao falar sobre o apóstolo Paulo: “As palavras de reprovação do Salvador, aos homens de Nazaré (Lc.4:23-27), aplicam-se no caso de Paulo, não apenas aos incrédulos judeus, mas aos seus próprios irmãos na fé. Houvessem os dirigentes da Igreja abandonado seus sentimentos de amargura contra o apóstolo, aceitando-o especialmente como alguém chamado por Deus para levar o Evangelho aos gentios, e o Senhor o teria poupado para eles. Deus não havia ordenado que os trabalhos de Paulo tão cedo tivessem fim; mas não operou um milagre para conter o encadeamento de circunstâncias que a atitude dos dirigentes da Igreja em Jerusalém haviam provocado. O mesmo espírito está ainda produzindo os mesmos resultados. A negligência em apreciar e aproveitar as provisões da divina graça, tem privado a Igreja de muitas bênçãos. Quantas vezes teria o Senhor prolongado a obra de um fiel ministro, tivesse seus labores sido apreciados! Mas se a Igreja permite ao inimigo das almas perverter o entendimento, de maneira que representam e interpretam mal as palavras e atos do servo de Cristo, se se permitem opor-se-lhe e estorvar a utilidade própria, o Senhor às vezes remove deles a bênção que Ele deu. Satanás está constantemente operando por meio de seus agentes para desanimar e destruir aqueles a quem Deus tem escolhido uma grande e boa obra. Podem eles estar prontos para sacrificar mesmo a própria vida para o avançamento da causa de Cristo, não obstante o grande enganador sugerirá a seus irmãos dúvidas referentes a ele, que se mantidas, minarão a confiança em sua integridade de caráter, impedindo assim a sua utilidade. Muitas vezes ele(Satanás) alcança êxito em acarretar sobre eles, por intermédio de seus próprios irmãos, tal tristeza de coração que Deus graciosamente se interpõe para dar repouso a Seus seguidores servos. Depois que as mãos estão dobradas sobre o peito que já não vibra, quando a voz de advertência e encorajamento está em silêncio, então os obstinados podem ser despertados para ver e apreciar a benção que eles repeliram. Sua morte pode realizar o que sua vida não conseguiu fazer.” (Atos dos Apóstolos pág.417,418). O resumo dela: “Não era plano de Deus que a vida de Paulo fosse ceifada tão cedo. Mas Deus permitiu que isto acontecesse por causa da teimosia da Igreja de Jerusalém. Para que eles aprendessem na ausência de Paulo, a falta que ele faria para a Igreja.” Paulo tinha um Evangelho a defender, uma Igreja a edificar em terras greco-romanas. Enfrentando todo tipo de hostilidades e desafios, ainda tinha que lutar contra os preconceitos, com a obstinação dos dirigentes da Igreja em Jerusalém. Que homem! Que ministério!
6 - A prisão de Paulo.
- Três viagens missionárias:
1ª viagem é ano 46-49 d.C (At.13:1-14:28). https://www.understandchristianity.com/timelines/paul-first-second-missionary-journeys/
Foi uma viagem curta (Chipre e Galácia). Paulo saiu de Antioquia da Síria. Não foi Jerusalém que patrocinou o Evangelismo mundial, foram as próprias Igrejas gentílicas. De Antioquia sai ele e Barnabé, vem ao norte, para a ilha de Chipre. E daí eles vão até ao sul da Galácia, hoje, é tudo território da moderna Turquia. Paulo fundou várias igrejas. A viagem durou entre 2 anos e 2 anos e pouco.
2ª viagem é ano 49-52 d.C (At. 15:36-18:22). https://www.conformingtojesus.com/charts-maps/en/paul%27s_second_journey_map.htm
Paulo agora vai um pouco mais longe. De novo sai lá do norte, de Antioquia, ele passa por sua terra natal, a Cilícia, volta para o sul da Galácia, vai até a Macedônia e Acaia, já em território europeu. Alí Paulo funda as Igrejas de Filipos, Tessalônica, Beréia. E ele vem descendo e funda a Igreja de Atenas, chega até Corinto. Na sua 2ª viagem missionária Paulo passa 1 ano e meio na cidade de Corinto. Ele gastou muito tempo em Corinto porque era um centro pagão, e era muito mais difícil você transformar um pagão num cristão do que transformar um judeu. Para judeu ser cristão falta crer em Jesus. Só isso que faltava para o judeu. Agora para o pagão, tinha que aprender muito e muito. Daí Paulo sai de Corinto, ali na Acaia, passa rapidamente pela Ásia e daí vem, para terminar sua viagem em Jerusalém.
3ª viagem é ano 54-58 d.C (At. 18:23-21:17). https://prezi.com/c8gzqxhoqdv_/a-terceira-viagem-de-paulo/ . Paulo passa praticamente pelos mesmos territórios da 2ª, com a diferença de que agora ele passa em Éfeso. Éfeso, capital da província da Ásia, juntamente com Corinto, um centro pagão da antiguidade, Paulo fica 3 anos em Éfeso. Depois Paulo sai, visita novamente a Macedônia, Acaia, e volta a Jerusalém. E ao final desta 3ª viagem é que Paulo é preso. Ele tinha planos para uma 4ª viagem. Esta era a vida de Paulo, ele era um evangelista, ele era um missionário. Ele escrevendo aos romanos, ele diz que gostaria de visitá-los. Não foi Paulo que fundou a Igreja de Roma. Outros já haviam fundado, judeus helenistas fugindo da perseguição que ele mesmo liderára anteriormente. Alguns deles foram até Roma e fundaram a Igreja de Roma. Diga-se de passagem que muitos romanos conheceram as mensagens de Jesus ouvindo Jesus ao vivo. Os primeiros conversos romanos trabalhavam para César em Israel. A narrativa nos Evangelhos apresenta romanos interagindo no ministério de Jesus Cristo. Como disse, Paulo gostaria muito de visitá-los: ”Vou fazer isto quando estiver a caminho da Espanha.” E daí ele teria coberto todo o território greco-romano, mas esta viagem nunca aconteceu. E o próprio Paulo contribuiu para sua prisão. Paulo chegou em Jerusalém sabendo que a situação estava muito tensa. Paulo escreveu Romanos pouco antes de ir para Jerusalém, nesta última viagem, onde foi preso. Ele está na cidade de Corinto, voltando para Jerusalém e mandou esta carta para Roma. Romanos 15:30 “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor, para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem aceito pelos santos.” Este serviço é a coleta que ele levantou entre os gentios para ajudar os pobres da Igreja de Jerusalém. Depois que Paulo escreve a sua carta aos romanos, ele sai de Corinto e faz uma rápida passagem pela Ásia. Ali ele reúne os anciãos da Igreja de Éfeso, que ele fundara naquela mesma viagem, e ele prega um sermão aos líderes de Éfeso. Atos 20:22 “E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que alí me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me espera cadeias e tribulações.” Paulo tinha a impressão de que esta viagem era realmente complicada, de que alguma coisa ruim pudesse lhe acontecer em Jerusalém. Ele sai de Mileto, ele chega já na região de Tiro, já próximo da Palestina. Ali ele reúne os crentes de Tiro (Atos 21:4),”Encontrando os discípulos, permanecemos lá durante 7 dias; e eles, movido pelo Espírito, recomendavam a Paulo para que não fosse a Jerusalém.” Paulo vai mesmo assim, Paulo chega em Cesaréia, agora ele está na Palestina. Agora ele vai por terra para Jerusalém. E alí em Cesaréia, ele está na casa de Filipe, o Evangelista, chega um profeta de Jerusalém chamado Ágabo. Ágabo toma emprestado o cinto de Paulo, enrola nas suas mãos e pés e diz: É isto que vai acontecer ao dono deste cinto quando ele chegar em Jerusalém. (At.21:12). ”Quando ouvimos estas palavras, tanto nós quanto os daquele lugar, rogamos a Paulo que não subisse a Jerusalém. Então, ele respondeu: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso mas, até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.” E ele vai a Jerusalém. Alí em Jerusalém ele é recebido com suspeitas por Tiago e os demais líderes da Igreja. Tiago chega para ele e diz: “Paulo, ninguém aqui está acreditando em você. Há um grupo de pessoas aqui que fez um voto nazireu. Por que que você não faz de conta que voce é um bom judeu. Une-se a este grupo e vai no Templo, ofereça um sacrifício.” E Paulo vai. E este foi o erro de Paulo. Paulo cedeu. A senhora White diz: “Aquela sugestão de Tiago foi um ato de covardia … ele, Paulo, não estava autorizado a ceder da forma como cedeu.” Mas Paulo cedeu. Ele foi para o Templo, como ele estava acompanhado de alguns gentios incircuncisos, os judeus, ali no Templo, imaginaram que Paulo havia introduzido alguns desses gentios no Templo. A parte interna do Pátio do Templo era área restrita: só judeus. Havia placas ao redor dizendo que qualquer gentio que ultrapassasse aquela cerca seria condenado à morte. Exatamente quando Paulo foi oferecer o sacrifício, eles pensaram que Paulo havia introduzido um gentio incircunciso no Templo. Paulo, ao tentar agradar, fazer algo politicamente correto, o tiro sai pela culatra. Ele é preso. Estava sendo linchado, se não fosse os soldados romanos, Paulo teria sido morto. Paulo é a sua vida preservada. Ele é conduzido à fortaleza. No dia seguinte ele é conduzido perante o Sinédrio. Paulo tem que se defender perante o Sinédrio. O Senhor aparece a Paulo na noite seguinte ao julgamento dele no Sinédrio, Atos 23:11 “Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Pois do modo porque deste testemunho a Meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma.” Deus tinha planos para Paulo. E Deus “você queria ir para Roma; você vai.” E Paulo vai a Roma não mais como homem livre, vai como prisioneiro. Paulo nunca pode ir a Roma como homem livre. Aquela viagem para a Espanha, ele não pode fazer. Ele foi julgado em Jerusalém (At.23:1-10). Dali ele foi conduzido para Cesaréia (At.23:31 - 26:32). Judeus queriam lhe tirar a vida, ele descobriu a trama por intermédio de um sobrinho. Isto chegou aos ouvidos de um oficial romano. Ele para proteger Paulo, que tinha cidadania romana, Paulo foi conduzido a Cesaréia. Ficou 2 anos preso em Cesaréia, primeiro sob Félix, que era procurador romano, depois sob Festo, que substituiu a Félix. Félix era um ex-escravo que por favores se tornou político, e se tornou ao status de governador da Judéia. Mas, um homem corrupto, muito cruel. E ele manteve Paulo, Lucas diz isto, ele manteve Paulo preso esperando que Paulo lhe desse propina para ser liberto. Mas na verdade é que Paulo ficou preso em Cesaréia por 2 anos. Quando Félix foi substituído por Festo, Festo recém chegado, novo procurador, não sabia direito o que fazer. Os judeus imediatamente fazem uma pressão contra ele: “Há um prisioneiro lá em Cesaréia, ele é judeu, nós queremos julga-lo aqui.” E quando Paulo percebe que Festo está ao ponto de entregá-lo para os judeus, e ele sabe que não teria chance nenhuma, Paulo faz uso de seus direitos como cidadão romano: “Eu apelo para César.” Todo cidadão romano tinha direito de apelar para o imperador, que era a instância máxima da justiça romana, quando ele percebesse que estava passando por um julgamento injusto, ou estava sendo tratado injustamente. Foi algo público e Festo não teve outra alternativa a não ser enviar Paulo para Roma. E a viagem de Paulo a Roma como prisioneiro, uma viagem desastrosa, trágica, de navio, em que o inverno chegou mais cedo e eles foram pegos, desviados de uma tempestade que durou 15 dias. Lutando para sobreviver, num navio à deriva, que foi parar lá do outro lado, na ilha de Malta. Finalmente o navio vai a pique mas todos sobrevivem. Paulo passa o inverno na ilha de Malta. Vários meses depois que passou o inverno, o relato de que eles tomam um navio que passa por ali vindo de Alexandria, e Paulo finalmente chega a Roma. E aqui termina o Livro de Atos com Paulo preso em Roma, (At. 28:16-31). aguardando sua audiência, o seu julgamento pelo imperador. Levaria 2 anos para que Paulo fosse julgado pelo imperador. Apelar para o imperador, toda a despesa da viagem, e enquanto aguarda o julgamento, era por conta do condenado. E Paulo, como a acusação contra ele não era forte, Paulo foi permitido prisão domiciliar. Prisão domiciliar ele pode trabalhar para ajudar na sua própria manutenção, nas despesas do aluguel. Paulo não podia sair da casa que ele próprio alugara, mas podia receber pessoas. E as pessoas o procuravam. E Paulo testemunhava da sua fé. Paulo fala que pelo seu testemunho (Filipenses 1:13; 4:22), vários da guarda pretoriana se tornaram cristãos, e que pessoas da própria corte do imperador se tornaram cristãos. “Por 2 anos permaneceu Paulo preso na sua casa ..” deixando implícito que ele foi liberto. Quando vemos as Epístolas de I e II Timóteo, Tito, Paulo de fato foi libertado, e voltou a viajar até ser preso uma segunda vez. (II Timóteo 1:16) . E então ser executado. Roma do 1º e 2º século, a capital do mundo, com mais de 1 milhão de pessoas, tinha uma qualidade de vida tão boa que só seria equiparada no século 19 da nossa era. Tinham recursos, tipo água encanada. O sistema moderno de esgoto, foi fortemente influenciado e baseado nos princípios de engenharia desenvolvidos pelos romanos. Sistemas de aquecimento, etc. Romanos tinham 83 km de estradas, pontes e túneis. Algumas das estradas romanas, das pontes e dos túneis estão íntegros até hoje, comprovando a qualidade da engenharia romana. O que Jerusalém era para os judeus, Roma era para o mundo greco-romano.
Paulo morreu decapitado. Quando foi julgado por Nero, no ano 62, Paulo foi posto em liberdade, por ocasião do seu primeiro aprisionamento. Naquele momento, ainda, os cristãos não eram confundidos com judeus, e não havia nenhuma preocupação específica com os cristãos. A acusação contra Paulo era muito frágil, muito insuficiente, tanto que Paulo pode ficar em uma prisão domiciliar. Sabemos que Paulo foi liberto, pois nas epístolas pastorais de Timóteo e Tito, Paulo está viajando de novo. Só que no ano 64, o imperador Nero quer construir um novo complexo palaciano, e ele põe fogo numa parte de Roma. Exatamente, alí, onde hoje é o Coliseu romano. O fogo foge ao controle, e destrói boa parte da cidade de Roma. Como os cidadãos de Roma ficam sabendo que é o imperador, o imperador para desviar o foco acaba culpando. Alguém deve ter dito para ele, que um grupo de pessoas que pregavam o fim do mundo por incêndio, por destruição pelo fogo, e é assim que os cristãos entram na órbita do império. Quando Nero quis encontrar um culpado pelo fogo, então no ano 64 começa a perseguição, depois de 2 anos que Paulo estava em liberdade. No contexto desta perseguição de Nero, Paulo é preso novamente e é conduzido a Roma. Ele é julgado. Ele é morto. Como ele era um cidadão romano então tinha direito a uma morte limpa, morte rápida. Cidadãos romanos não poderiam sofrer torturas prolongadas e não poderiam ser mortos por crucificação. Tinham direito, se condenado a morte, a uma morte rápida. Decapitação é uma morte rápida. E foi assim que Paulo morreu.
Aquele período foi um período formativo. A Igreja estava buscando a sua identidade. Deus está trabalhando, preparando esta Igreja. Eles não eram perfeitos. Na verdade, não existe a Igreja perfeita. “Fraca e defeituosa como possa parecer, a Igreja é o único objeto sobre que Deus concede em sentido especial Sua suprema atenção. É o cenário de Sua graça, na qual se deleita em revelar Seu poder de transformar corações.” Ellen White em Atos dos Apóstolos, p.12. Também em Testemunhos Seletos II, p.355 diz: “A Igreja, débil e defeituosa, precisando ser repreendida, advertida e aconselhada, é o único objeto na Terra ao qual Cristo confere Sua suprema consideração. O mundo é uma oficina em que, pela cooperação de agentes humanos e divinos, Jesus está, por Sua graça e divina misericórdia, fazendo experiências em corações humanos.” Sempre foi assim. Nunca houve nesta terra uma Igreja perfeita. A Igreja apostólica não foi perfeita. Talvez eu possa amenizar as minhas declarações dizendo que eles tinham muitas limitações. Eles foram perfeitos nas suas intenções em servir a Deus, na medida das suas entregas a Deus. Mas havia muitos preconceitos, muitas más compreensões nas suas mentes que precisavam ser corrigidas, para que a Igreja realmente pudesse avançar.
Sir William Ramsay E O LIVRO DE ATOS
Sir William Ramsay foi o homem que desafiou o Livro de Atos. Ramsay foi
um dos maiores arqueólogos da história. Ateu, ele queria provar que a
Bíblia não era inspirada e que o Livro de Atos possuía erros históricos e
geográficos. Em sua mente, ele tinha uma tarefa fácil pela frente. Era só
provar um erro apenas em algumas das dezenas de informações históricas
escritas por Lucas. Ramsay passou então 30 anos em pesquisas
arqueológicas no Oriente Médio. À medida que o tempo passava ele foi
entendendo que a tarefa de desafiar o Livro de Atos não seria tão fácil.
Finalmente, Ramsay, foi obrigado a dizer algo sobre Lucas, autor de Atos:
“Lucas é um historiador de primeira linha, não apenas as suas declarações
de fato são confiáveis. Este autor deve ser colocado junto com os maiores historiadores.”
Mais tarde, Sir William Ramsay se viu obrigado a escrever
um livro de suas descobertas, o quanto isto demonstrava que a Bíblia é
confiável. Os fatos são esmagadores. Em Atos, Lucas menciona 32 países,
54 cidades, 9 ilhas do Mediterraneo, e 95 pessoas e membros do governo.
Ele não erra nenhum dado. Ramsay ficou chocado com tudo que descobriu
e mais tarde se converteu a cristianismo.
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