Santuário e Salvação
A CRUZ E O SANTUÁRIO ( Pr. Wilson Paroshi)
Romanos 3:21 a 26 é ‘o centro e coração de Romanos’ (C. E. B. Granfield). É a passagem central de Romanos. Paulo em Romanos 1:18 a 3:20 fala sobre a realidade e a universalidade do pecado..Antes de falar sobre a solução, o remédio, ele fala do problema. Paulo fala que o problema do pecado é insolúvel do ponto de vista humano. Tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado, não há um justo, não há um sequer, todos pecaram. ‘Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhado pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos que creem, porque não há distinção pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixados impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.’ Esse texto está falando da morte de Cristo ‘seu sangue’( verso 25) e que a solução para o problema do pecado é a cruz. Paulo também usa a locução adverbial de tempo: ‘agora’(verso 21), ‘no tempo presente’(verso 26), ou seja, no ano 31. Paulo estava escrevendo isto aproximadamente no ano 58, isto é, 27 anos depois da morte de Cristo. Uma referência ao evento histórico da cruz. Ao falar sobre a cruz nesta passagem Paulo utiliza duas metáforas, duas ilustrações: ‘redenção’(verso 24) e ‘propiciação’. A Bíblia é muito rica em metáforas quando se trata da doutrina da salvação. ‘Justificação’,’ adoção’, ‘santificação’, também são ilustrações que visam explicar aspectos diferentes da doutrina da salvação.
O que a metáfora da redenção significa?(grego: apolytrôsis). Mercado de escravos: resgate mediante pagamento. (Levítico 25:47 a 55). Redenção evoca o contexto do mercado de escravos que existia na época do apóstolo Paulo. Era muito comum escravos serem vendidos no mercado. E então o escravo poderia ser redimido de sua função mediante o pagamento de seu custo: ‘Este escravo custa tanto.’ Paga-se o valor, e este escravo está livre. Daí vem o contexto de redenção. O que Jesus fez na cruz? Pagou o preço e nos colocou em liberdade. (Marcos 10:45 , I Pedro 1:18, 19 , Apoc. 5:9)
Propiciação(verso 25)(grego: hilastêrion). Sacrifício: morte substitutiva para aplacar a ira, satisfazer a justiça de Deus. A ideia de propiciação vem dos contextos pagãos da antiguidade, onde um sacrifício era realizado para apaziguar um deus. O deus estava irado, inundação, por exemplo, uma epidemia, um terremoto. Sacrifícios são realizados para propiciar a esse deus. Claro que nós não acreditamos nesse mesmo conceito, mas Paulo usa uma linguagem conhecida de seus dias, a ideia de propiciação, visando comunicar a verdade de que a morte de Cristo satisfaz a justiça de Deus.(Hebreus 9:12 , 26 a 28 , 10:12) Não temos um Deus irado que precisa de ser apaziguado. Mas temos um Deus justo, cuja justiça precisa ser satisfeita. Deus não pode passar a mão na cabeça de alguém: ‘Está tudo bem, você errou mas está tudo bem, não se preocupe, vou salvar mesmo assim.’ Deus não pode fazer isto, pois comprometeria Sua justiça. Servimos a um Ser moral, a um Deus moral. Ele mesmo falou: ‘No dia que comeres certamente morrerás’, ‘o salário do pecado é a morte’, ‘a alma que pecar essa morrerá.’ É o padrão de justiça divino. Deus não pode passar a mão na cabeça do pecador e falar: ‘Está tudo bem, fica tranquilo.’ Sua justiça precisa ser satisfeita para que o pecador possa ser salvo. O preço precisa ser pago. O sangue precisa ser derramado. Neste sentido Jesus providenciou a propiciação. No antigo testamento havia o cordeiro sacrificial e Jesus é o ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.’João 1:29. Paulo usa então essa metáfora da ‘propiciação’ diversas vezes em seus escritos.
O CONCEITO DE JUSTIÇA DE DEUS
Paulo se refere à justiça de Deus ou Sua justiça 4 vezes. (versos 21 e 22)(grego: dikaiosynê theou). Duas vezes na primeira parte da passagem, e duas vezes nos versos 25 e 26(grego: dikaiosynê autou).
Dikaiosynê theou significa: justiça de Deus, já dikaiosynê autou significa: Sua justiça.
A primeira diz: ‘Agora sem lei se manifestou a justiça de Deus.’ Depois continua ‘testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé … ‘ E então a próxima, a terceira referência, ‘... para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixados impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça …’ Quatro vezes a expressão ‘justiça de Deus’ ou ‘sua justiça’. Existem duas interpretações, duas possibilidades, do significado dessas expressões em Romanos 3. A primeira delas é a justiça como um dom, que é a justiça que vem de Deus. Significa assim: todos pecaram, e portanto, carecem da glória de Deus; todos são injustos, mas Deus não vai admitir nenhum ser injusto no Céu. Eu preciso de justiça para ser salvo, e a justiça que eu não tenho me é concedida por Jesus. Essa justiça de Deus é a justiça que vem de Deus, é a justiça como um dom. Pecador não tem e Deus dá graciosamente àquele que crê. Outra possibilidade é como um atributo. Quando falamos: justiça de Deus, estamos nos referindo a Deus como um ser justo. Justiça de Deus é igual Deus é justo. Portanto, existem duas possibilidades: justiça como um dom que é a que vem de Deus; justiça como atributo, como uma qualidade de Deus. A interpretação tradicional, e que considero correta, é de que nos versículos 21 e 22, a ideia ali é a de que justiça é um dom de Deus; ao passo que nos versículos 25 e 26 a ideia é a de um atributo, a justiça como uma qualidade de Deus. Essa justiça eu recebo e que me justifica, que me torna um ser justo. Somos pecadores, mas Deus só pode salvar pessoas justas, Deus só pode salvar pessoas justificadas. Se sou pecador, como que Ele vai me salvar? Ele me justifica. Ele me dá a justiça que eu não tenho. Ele me concede a justiça que eu preciso. Essa é a justiça de Deus como um dom. Paulo está falando ‘... justiça … que é para todos os que creem … sendo justificados gratuitamente … mediante a redenção que há em Cristo Jesus … ‘ que é a justiça que vem de Deus. Costumamos chamar de justiça imputada. Deus imputa essa justiça ao pecador. Já nos versículos 25 e 26, quando ‘ … Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça … ‘ Aqui a ‘justiça’ é um atributo de Deus. Paulo não está mais falando daquilo que Deus dá ao pecador. Paulo está falando de Deus, e ele diz assim: ‘que como resultado da morte de Cristo Deus manifestou que Ele é um ser justo.’ Deus manifestou, Deus revelou, Deus demonstrou que Ele é um ser justo. Como equacionar a salvação do pecador com a justiça de Deus? E Deus falou: ‘No dia que pecares certamente morrerás.’ Mas Paulo está falando aqui:’ Ele salva e Ele é justo ao fazê-lo.’ Como pode Deus salvar o pecador e ainda assim ser justo, manter a sua justiça? O contexto imediato aqui, Paulo está falando da justiça divina como um atributo. Este é um argumento racional pela necessidade da morte de Jesus. Deus não pode simplesmente salvar e o preço precisa ser pago, porque Ele é um ser justo. Como que a salvação se relaciona com a justiça de Deus? É essa questão que Paulo está respondendo aqui. Algumas evidências de que Paulo está falando da justiça como um atributo: Paulo usa nos versos 25 e 26 duas vezes uma palavra grega: endeixis, na Almeida Atualizada e na Nova Almeida está traduzida: ‘manifestar.’ ‘ … para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixados impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente … ‘ Acontece que existem outras palavras para ‘manifestar’, como por exemplo, ‘fanero’, que Paulo usa lá no versículo 21, no mesmo contexto. Este sim significa: manifestar, revelar, tornar conhecido. Lá no capítulo 1 Paulo também usa a palavra: apokalytipkós. Vê que a justiça de Deus se revela, se manifesta, se torna conhecida no Evangelho. O ponto a destacar é que ‘endeixis’ é mais forte, e que não significa só manifestar, vai além disto. Significa: prova, evidência. O propósito de ‘endeixis’ é convencer, comprovar. Era uma palavra muito utilizada nos dias de Paulo nos contextos jurídicos. Uma evidência que se destina a convencer ou da inocência ou da culpa. Portanto, a antiga Almeida Corrigida, e a Nova Versão Internacional traduzem por: ‘demonstrar.’ Acredito que esta é uma tradução bem melhor do que ‘manifestar.’ O assunto aqui não é apenas de que Deus revela mas de que Deus prova, Deus comprova, Deus demonstra, que é mais do que simplesmente revelar. A quem Deus propôs, no seu sangue, está falando da morte de Jesus, como propiciação, mediante a fé, para fazer o que? Para comprovar que Ele é justo. A morte de Jesus comprova que Ele é justo ao salvar o pecador. Quando Jesus morre na cruz a justiça salvífica de Deus é comprovada, é demonstrada. É um termo forte, é um termo forense, é um termo jurídico. Temos uma outra evidência, que é a palavra: tolerância do grego: anochê (verso 25) ‘… mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância …’ E agora Paulo fala algumas coisas complicadas: ‘ … por ter Deus, na sua tolerância, deixados impunes pecados anteriormente cometidos … ‘ Do grego: paresis (verso 25) que significa: condescendência voluntária, transigência. A ideia é algo intencional, é algo voluntário. A ideia é passar por alto, deixar impune, fechar os olhos para alguma coisa. O texto está falando que Deus deixou os pecados impunes. Deixar pecados impunes não condiz com a justiça de Deus. É por isto que Paulo fala: ‘agora Ele provou sua justiça porque Ele deixou pecados impunes.’ Deus fechou os olhos ao pecado. Deixar pecados impunes é algo contrário à natureza moral de Deus. A Bíblia é muito clara: ‘Deus não inocenta o culpado’ Êxodo 34:7 cf. Dt. 25:1, ‘no dia em que comeres certamente morrerás,’ ‘a alma que pecar essa morrerá.’ Este é o padrão moral de Deus. Se Ele inocentar o culpado, Ele compromete a sua justiça, e coloca a justiça de Deus sob suspeita. O que Paulo está dizendo é que Jesus, como ‘propiciação’(hilastêrion), agora, vindica as ações passadas de Deus. Vindicar significa validar, significa demonstrar que Deus estava certo. Paulo está dizendo que a morte de Cristo na cruz valida as ações salvíficas de Deus no passado, porque Paulo fala: ‘Deus deixou impunes pecados anteriormente cometidos.’ De que forma Deus deixou pecados impunes? Anselmo, um teólogo britânico do século 11, dizia que ‘Deus deixou pecados impunes no passado, no período do antigo testamento, por não punir pecados.’ Como a cruz demonstra a justiça de Deus em relação aos pecados passados e não punidos pois a equação não fecha? Como que a cruz demonstra que Ele é justo se Ele não puniu? O argumento requer uma interpretação diferente pois o argumento de Paulo tem a ver com perdão, tem a ver com pecados perdoados. Em outras palavras: de que forma Deus deixou pecados impunes no antigo testamento? Ao perdoá-los. Quando Deus perdoava pecados, no período do antigo testamento, Ele estava fazendo ‘vistas grossas’ ao pecado, Ele estava fechando os olhos ao pecado. Deixando pecados impunes por quê? O sangue do animal, o cordeiro, não tinha efeito propiciatório. E alguém, talvez algum anjo, tenha se perguntado consigo mesmo: ‘com base em que Deus está perdoando pecados na Terra?’ Entenderam a relação. Deus deixou pecados impunes porque Ele não havia morrido ainda na cruz. Cristo não havia morrido, o preço não havia sido pago. Quando Deus perdoou Adão, Ele deixou os pecados de Adão impunes. Ele não tinha um preço para pagar: ‘Olhe aqui ó, paguei o preço do pecado de Adão, Estou perdoando Adão.’ Quando Ele perdoou Abraão, quando Ele perdoou Moisés, quando Ele perdoou Davi. A todos os personagens do antigo testamento era como se Deus estivesse deixando pecados impunes porque Ele não tinha créditos para o pagamento. Mas você pode dizer: ‘O apocalipse não fala que Cristo é Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo?’ Jesus morreu lá atrás, na fundação do mundo? Que é que Paulo fala? ‘no tempo presente,’ ‘agora’. A morte de Cristo ocorreu no ano 31 da nossa era e não antes da fundação do mundo. Jesus foi morto antes da fundação do mundo na intenção divina, mas não de fato. Deus sempre teve o controle da coisa na mão. Mas para todos os efeitos e propósitos Jesus não havia morrido. Outro exemplo: a Bíblia fala do momento que Deus ressuscitou a Moisés (Judas 1:9). Ali diz que Jesus teve que lutar, brigar com o inimigo, com Satanás por causa do corpo de Moisés. Por quê? Com base em que Deus vai ressuscitar Moisés? ‘O salário do pecado é a morte’. O que é que Moisés merecia? A morte. E Satanás se levanta: ‘hã, hã, o Senhor é um ser justo ou não é? Porquê o Senhor está querendo ressuscitar Moisés?’ Satanás tinha razão ou não? Claro que tinha, pois ele estava trabalhando com a própria justiça de Deus. E a Bíblia diz que Jesus não entrou num debate jurídico com Satanás e simplesmente falou: ‘Meu Pai vai cuidar disso no momento certo. Você dá licença, eu vou ressucitar meu servo. A ressurreição de Moisés colocou a justiça de Deus em xeque. Então quando Deus perdoava pecados, ressuscitava pecadores, Ele estava como que ‘deixando pecados impunes.’ Quando Deus ressuscitou a Moisés Ele emitiu um cheque pré-datado. O resgate deste cheque teria de aguardar 1400 anos. É o que Jesus fez. O antigo testamento fala que o sangue de cordeiros não tem poder efetivo para perdoar, para redimir. Sangue de cordeiro era um símbolo do que ocorreria no futuro. O sangue que realmente redime, propícia, foi derramado no ano 31. Por isto que Paulo fala: ‘ já que Jesus morreu na cruz, Deus deixou impunes pecados anteriormente cometidos, agora, sua justiça foi demonstrada, foi comprovada, e Ele é justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.’ Até a cruz Deus era apenas uma dessas duas coisas, até o ano 31 Deus era justificador. Ele justificava mas não estava sendo justo. Ele não havia pago o preço e a sua justiça estava em xeque. Para nós não imputar nenhuma injustiça ao caráter de Deus temos que olhar a coisa da perspectiva da soberania divina. Deus sempre soube o que Ele estava fazendo e Ele sabia que a morte de Cristo ocorreria. Mas em termos concretos, palpáveis, Deus estava sendo injusto. Deus não tinha saldo. ‘Agora’, diz Paulo, Ele é ambas as coisas, quando Ele justifica, agora que Jesus morreu, Ele é também justo. Temos que entender que pecado é um problema humano. Você pecou? Se vire, você vai morrer, você vai pagar por isso. Adão não precisava ter pecado. Precisava? Não! Foi escolha de Adão. Mas no exato momento que Deus perdoa, o pecado perdoado passa a ser um problema divino. Você entendeu isso? O pecado passa a ser um problema de Deus. A cruz mostra que Deus sempre foi justo ao perdoar pecados. A sua justiça ficou demonstrada, ficou clara, patente a todo o Universo. Agora o cheque foi compensado. Redenção, propiciação no tempo presente. Deus aparece diante todo o Universo em sua justiça, Deus é um ser justo. Sempre foi, desde o primeiro momento. Deus tem direito de perdoar pecados do passado e do futuro por causa da cruz. Em ‘sua justiça’, mesmo tendo dito, ‘o salário do pecado é a morte’, ‘no dia em que pecares certamente morrerás,’ apesar de tudo isto, Deus tem o direito de perdoar. Por quê? Ele pagou o preço, Ele proveu o sangue propiciatório. A cruz não só confere a Deus o direito de perdoar como também é tudo o que Deus necessita para perdoar. A cruz é o antitípico de todos os sacrifícios do antigo testamento, incluindo o dia da expiação. Todos os sacrifícios que apontavam para a cruz de Cristo se cumpriram quando Jesus morreu. Se a cruz é tudo o que Deus precisa para perdoar, por que então o santuário? A palavra hilastêrion, propiciação, também é usada na Bíblia para aquela tampa de ouro sobre a arca, traduzida como propiciatório. Alí está o primeiro, o segundo compartimento, há o tabernáculo, e no segundo compartimento havia uma arca de ouro, tendo as tábuas dos 10 mandamentos, sobre elas dois querubins. Alí, aquela tampa da arca, era chamada de hilastêrion ,era chamada de propiciatório. Por quê? Porque era ali que ocorria a propiciação. A arca representava o trono de Deus, a presença de Deus. Deus mesmo, em pessoa, estava no santuário representado pela arca do concerto, contendo as tábuas dos 10 mandamentos. Êxodo 25:8 ‘E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles.’ É assim que Deus habitava simbolicamente entre o seu povo, sua glória estava lá. Êxodo 40, quando o santuário foi completado, a glória de Deus veio e inundou o santuário. Havia uma evidência, até física da presença de Deus. Propiciatório é símbolo supremo da presença de Deus. O Santíssimo era como que o local da habitação de Deus. Quanto mais para dentro do santuário, mais santo ele ficava. O pátio era santo, o Santo era mais santo do que o pátio, e o Santíssimo era mais santo do que o Santo, porque era ali que Deus simbolicamente habitava. No Santíssimo é o lugar, também, onde se realizava a segunda fase do ritual da expiação. Interessante é que o ritual do santuário envolvia duas fases: na primeira um animal era morto. Então vem a segunda fase, que ocorria um vez por ano, no dia da expiação. Primeiro vinha o sacrifício. Por que o sacrifício? Porque a vida está no sangue: ‘a alma que pecar essa morrerá’, seu sangue tem que ser derramado. Por quê? Porque a vida está no sangue. Conceito bíblico é que o sangue faz expiação pelo pecador (Levítico 17:10,11). De que forma o sangue faz expiação? Primeiro lugar pelo conceito de substituição, o sangue do cordeiro substitui a vida do pecador.(Gênesis 22:13) Identificação: ao colocar as mãos sobre a cabeça do animal e confessar os seus pecados o que que o pecador estava fazendo? Ele estava se identificando, animal passava a ser uma extensão dele (Levítico 1:4 , 4:4, 16:21), passava a representá-lo. Ele era pecador, e ele transferia seus pecados para o animal, ele se identificava. O animal, ele transfere a culpa, o sangue carrega a culpa para o interior do santuário. (Levítico 4: 3 - 7, 13 - 18, 22 - 25, 27 - 30). O pecador traz o animal, coloca as mãos sobre a cabeça, confessa sua culpa, se identifica com o animal, o animal recebe a sua culpa, e daí o animal morre em seu lugar. Só que quando o animal morre no lugar do pecador para onde o sangue era levado? Para dentro do santuário. Por quê? Porque o pecado é um problema humano, mas uma vez perdoado o pecado passa a ser um problema de Deus. Quando Deus não paga o preço, Deus não tem saldo, Ele assume a responsabilidade, o sangue era transferido para o santuário porque Deus se tornava responsável pelo perdão cometido. O sangue do pecador maculava as mãos de Deus, comprometia a justiça de Deus. Cada vez que Deus perdoava no antigo testamento, antes da morte de Cristo, o perdão comprometia a justiça de Deus. O sangue era conduzido até o Santíssimo, Deus assimilava a responsabilidade, a culpa pelo pecado. Contaminação: porque o sangue carregava o pecado; ele também contaminava o santuário. O sangue comprometia as ações salvíficas, a justiça de Deus. O sangue era levado porque Deus estava assumindo responsabilidade pelo perdão. Em primeiro lugar havia o sacrifício, onde o sangue era conduzido, a responsabilidade era transferida para Deus. A segunda fase do ritual do santuário, o dia da expiação, é quando o santuário era purificado. Aquele registro de culpa, que havia sido transferido para Deus, era finalmente retirado. Todos os dias o sangue era levado, Deus assumia a responsabilidade pelo perdão, as mãos de Deus ficavam manchadas pelo pecado no momento que Ele perdoava; e então uma vez por ano, que é chamado dia da expiação, a responsabilidade era retirada de Deus, quando a justiça de Deus era comprovada, demonstrada. O dia da expiação não era um dia de perdão. Perdão ocorria no sacrifício diário. A palavra ‘perdão’ não é utilizado em Levítico 16, que descreve o ritual do dia da expiação. Nem em Levítico 23:27 a 32, perdão ocorria antes. Ele está relacionado com o perdão, mas não é o momento de perdão. O momento de perdão era a hora que o animal morre. Ali ocorria a eliminação final dos pecados. Duas coisas distintas: no momento que Deus perdoa, Deus assume a responsabilidade pelos pecados; e finalmente, a eliminação dos pecados, a transferência final para Satanás, que foi o originador de tudo. Lembre-se: Satanás não está pagando o pecado de ninguém. O perdão já foi pago, o perdão foi obtido no sacrifício, a responsabilidade última, por todas essas mazelas, desgraças do Universo, serão colocadas sobre seu originador, causador primordial, Satanás. Ambas as coisas precisam ser vindicadas, precisam ser validadas: o perdão, e a eliminação final do pecado. O direito de Deus de perdoar precisa ser vindicado precisa ser validado. Por que o direito de Deus de perdoar precisa de ser validado? Porque Deus seria um ser injusto, arbitrário:’ Eu perdoou quem Eu quiser, a hora que Eu quiser, do jeito que Eu quiser.’ É assim? Não! Deus é um ser justo, é um ser moral. Em segundo lugar, algo mais precisa ser analisado: a disposição do pecador para ser perdoado. Porque a Bíblia diz que o ‘perdão’ ocorre ‘àquele que crê.’ Deus não perdoa por atacado, irrestritamente a quem quer que seja. Ele perdoa àquele que crê. João 3:16 ‘... para todo aquele que nele crê … ‘ Salvação é unicamente pela fé. Existem por aí os chamados universalistas. Eles acreditam que Deus vai salvar todos os seres humanos, inclusive os anjos maus, os anjos que pecaram. A Bíblia não diz isto. A Bíblia diz que Deus salva aquele que crê. O ‘X’ da questão é que o perdão tem dois lados: é o lado daquele que o emite, o confere; e o lado daquele que o recebe. O lado de Deus: direito de perdoar. O lado humano: a disposição do pecador para ser perdoado. Tem a ver se ele creu ou não, Deus não pode sair distribuindo perdão. Locais de vindicação. Onde que Deus adquiriu o direito de perdoar? Na cruz. Como que a cruz demonstra se A ou B creu ou não? A cruz não demonstra se A ou B creu ou não. Por isso precisamos de algo mais, e é aqui que precisamos do santuário. O santuário vai acessar, vai avaliar, vai investigar a relação de A ou B com Deus para ver se ele creu, para ver se ele aceitou, Pressupõe a uma espécie de investigação,(Levítico 23:27), daí a ideia de Juízo Investigativo. Somente quando ambos os lados do perdão são claros e plenamente vindicados é que a culpa - a responsabilidade legal - pode ser finalmente retirada do próprio Deus. Deus então perdoa A ou B, os pecados de A ou B são transferidos para Deus até que se demonstre que A ou B realmente creu. Que Ele estava certo ao perdoar A ou B. Quando Ele demonstra que Ele estava certo ao perdoar A ou B, a responsabilidade é tirada de Deus, o santuário é purificado. É a cruz necessária? Sim! É o preço do resgate, é o sangue propiciatório. Deus só pode perdoar por causa da cruz, e o sacrifício de Cristo foi perfeito, foi completo. Hebreus fala nisso: não precisamos de nenhum outro sacrifício. No antigo testamento, eram muitos os sacrifícios. Todos os dias. O sacrifício de Cristo foi único, perfeito, completo. A cruz demonstra que Deus pode perdoar mas a demonstração de que Ele está correto ao perdoar A ou B só pode ocorrer no santuário. É no santuário que a genuinidade da nossa fé é validada.Temos que entender o ritual do santuário numa perspectiva muito simples: Deus é um ser justo. Ele não pode ser responsabilizado por nenhum pecado existente neste mundo. O santuário é necessário pois somente um processo avaliativo, jurídico, pode demonstrar nossa aceitação de Jesus como nosso salvador. E qual é a mensagem central do santuário? A ideia central do santuário tem a ver com a validação da nossa fé, Muitas pessoas pensam que no santuário as nossas obras serão avaliadas e não é isso. A ideia central do santuário é a certeza do perdão.(Romanos 8:31 - 34 , Hebreus 10:19 - 23) Porque Deus perdoa com base na cruz, e o santuário vai provar que Ele fez a coisa certa com aquela pessoa. Os pregadores de antigamente falavam na igreja da certeza da salvação e depois instigava: ‘Olha que seu nome, neste momento, está passando em revista no santuário celestial,’ era só chicotada. A doutrina do Juízo que se destina a fundamentar a certeza da salvação era usada no sentido contrário. Para nos deixar em dúvida da salvação.
A cruz dá a Deus o direito de perdoar, mas a cruz não responde se estou habilitado para ser perdoado, apenas o santuário. O perdão somente ocorre em resposta à fé, portanto a cruz não demonstra se eu tive fé, se eu cri. Precisamos de algo mais, e esse algo mais é o santuário. É somente quando ambos os lados do perdão são clara e plenamente vindicados que a culpa - a responsabilidade legal - pode ser finalmente retirada do próprio Deus. É somente como resultado da ação divina no santuário celestial que o processo legal da redenção se completa e a retidão das ações salvíficas de Deus são evidenciadas.
‘Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos.’ Salmos 19:9 cf. Ap.15:3; 16:7
Temos um Deus que age de acordo com os mais elevados princípios de justiça, que Ele mesmo estabeleceu neste Universo.
ALÉM DO VÉU: AONDE JESUS ENTROU EM SUA ASCENSÃO?
Todos os outros irmãos evangélicos enfatizam que a expiação foi completada na cruz. Purificação total e definitiva do pecado foi obtida na cruz, portanto, não preciso de um santuário. Eles citam Hebreus 6:19 e 20. A ênfase é de que Jesus já em Sua ascensão foi direto ao Santo dos Santos. Heb. 10:19 - 23. Muitos adventistas, porém, falam que Jesus em Sua ascensão entrou no Lugar Santo, e em 1844, apenas, Ele entrou no Santo dos Santos. Paralelo à entrada do sumo-sacerdote aarônico no Santo dos Santos no Dia da Expiação(Lv.16:2, 12, 15) Quando foi o Dia da Expiação? Não precisamos esperar até 1844. Nossos irmãos evangélicos não estão errados neste ponto, no que diz respeito ao lugar onde Jesus entrou. A Bíblia é clara: Jesus entrou no Santíssimo na Sua ascensão.
Muito bem, a expressão ‘além do véu’. Havia dois véus no santuário, havia um véu que separava a entrada do Lugar Santo. Havia um segundo véu, que é o véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. Em Hebreus Jesus entrou além do segundo véu. Hebreus fala ‘segundo compartimento do tabernáculo’.Havia também o véu que dava acesso ao pátio interno do santuário, em outras palavras, havia 3 véus. O 1º aqui fora, que dava acesso ao pátio, o 2º véu, na entrada do Lugar Santo, e o 3º véu, separando o Lugar Santo do Santíssimo. O texto diz que Jesus entrou além do véu. A pergunta é: além de qual véu Jesus entrou? A palavra grega, alí, para véu é ‘katapetasma’, esta palavra também é utilizada na Septuaginta como referência ao véu externo, aquele que dava acesso ao pátio, também é usada como referência ao 1º véu, que dava acesso ao Lugar Santo, e também é usada como referência ao 2º véu. Em Hebreus a palavra é katapetasma. Por si só a palavra é inconclusiva, não permite uma conclusão segura porque a palavra pode se referir a qualquer um dos véus. Vamos olhar a expressão como um todo:
Além do véu: esöteron tou katapetamastos - A palavra esöteron, (além), é um adjetivo comparativo e que significa é a parte mais interna, a parte mais interior de algo, Ela é usada em I Samuel 24:3 - parte mais interior da caverna. II Crônicas 4:22 - parte mais interior, dos Santos dos Santos. Atos 16:24 - cárcere mais interior. Quando Paulo e Silas estavam presos eles foram levados para a prisão mais interior(Para dentro). Existem vários outros textos onde a mesma palavra é usada. Quando olhamos a frase completa, na Septuaginta, esöteron tou katapetamastos 4x, ela se refere ao 2º véu, que dava acesso ao Santíssimo. Nenhuma vez no 1º véu. Existem ainda outros textos, e se pararmos por aqui: Onde Jesus entrou em Sua ascensão? No Santíssimo, além do véu, a parte mais interior. Outro texto também em Hebreus(9:12, 24), não deixa dúvidas de que em Sua ascensão Jesus entrou além do 2º véu, ou seja, o Santíssimo. A pergunta correta, portanto, não é onde Jesus entrou. Houve uma época em que muitos adventistas seguravam Jesus no Santo dos Santos e só em 1844 é que Ele passou para o Santíssimo. A pergunta correta é o que Ele foi fazer ali? Por que ele entrou em Sua ascensão? Quando olhamos o antigo testamento, houve uma outra ocasião, em que alguém entrou no Santo dos Santos, além do Dia da Expiação. Foi Moisés que entrou no Santo dos Santos, para inaugurar, para ungir o Santo dos Santos(Lv. 8:10 - 12 cf. Êx.40:1 - 9, Números 7:1). Portanto, Hebreus quando fala que Jesus entrou no Santo dos Santos, a pergunta não é onde Ele entrou, a pergunta é o que Ele foi fazer ali? Dia da Expiação ou é a inauguração do santuário? Evidências bíblicas de que Jesus na Sua ascensão entrou no Santo dos Santos não para cumprir o Dia da Expiação mas para inaugurar o santuário celestial. Heb.6:19,20 - ‘tendo se tornado (grego: genomenos) sumo-sacerdote para sempre.’ A instauração do sacerdócio araônico teve lugar logo após a inauguração do santuário(Êx.40:9 - 15; Lv.8:12,13). Moisés inaugura o santuário, e então, dá posse, Arão, como sumo-sacerdote, naquele momento, sem que isto significasse que aquele fosse o Dia da Expiação. A Bíblia diz que Jesus entrou e se tornou sumo-sacerdote. Três outras passagens em Hebreus descreve Jesus entrando no Santo dos Santos(Heb.10:19,20; 9:12, 24). A palavra ‘consagrou’, Almeida Atualizada, grego: ‘enkainizo’, este verbo significa: inaugurar, dedicar, consagrar. ‘... novo e vivo caminho que ele inaugurou … ‘ . A palavra ‘inaugurou’ não é usada em conexão com o Dia da Expiação. É usada no contexto da inauguração do templo de Salomão. Também é usada no contexto da reinauguração do templo após o exílio babilônico. Em relação ao antigo santuário, termos relacionados enkainizo é usado 4x na Septuaginta, em Números 7, no contexto da inauguração do santuário. Então, quando esta palavra é usada qual é o assunto? É inauguração. Inclusive em relação ao santuário do deserto.(Números 7) A expressão ‘Santo dos Santos’ em grego é, às vezes, ‘ta hagia’, ou ‘to hagion’. ‘Hagios’ que significa santo, em Hebreus ocorre 19x, a maioria delas como adjetivo simples: santo. 9x, incluindo-se Hb.10:19, é usado em conexão com o santuário ou alguma de suas partes. Literatura judaica(LXX, Pseudepígrafa, Filo, Josefo): o termo comumente se refere ao santuário como um todo, nunca ao Santo dos Santos apenas. Em Hebreus, portanto, a melhor tradução para ta hagia deveria ser santuário , não deveria ser Santo dos Santos, exceto Hebreus 9:2, onde a referência é inequívoca ao Lugar Santo. Infelizmente nossas traduções não ajudam, neste ponto em particular. Entretanto, as traduções da Bíblia de Jerusalém estão mais corretas que as Almeidas. É santuário, reforçando a ideia de inauguração. Jesus, em Sua ascensão entrou no santuário. Mas onde, no santuário, Ele entrou? Ele entrou no Santíssimo, mas a ênfase não está no Santíssimo, a ênfase está no santuário. Jesus na Sua ascensão entrou no santuário para inaugurar o santuário. Ele entrou no Santos dos Santos mas não por causa do Dia da Expiação, e entendam que não precisamos segurar Jesus no Lugar Santo até 1844. Jesus foi investido como nosso sumo-sacerdote, que o santuário celestial foi inaugurado. Santuário celestial é a sede do trono de Deus, da morada do Altíssimo, todas as Suas ações procede dali, todas as suas ações de governo, todas as suas ações salvíficas estão sediadas no santuário celestial, portanto, ele sempre esteve em funcionamento. Quando Moisés foi chamado para construir o santuário este santuário deveria ser cópia de um santuário que já existia. O santuário celestial já existia, mas o que tornou a entrada de Jesus no santuário celestial especial em Sua ascensão? A cruz. Agora, Jesus estava autorizado, legalmente autorizado, a levar adiante a Sua obra de intercessão. A cruz dá um novo significado ao santuário. A ascensão fala da glorificação de Jesus. Glorificação é um termo genérico, Jesus é exaltado. No livro de Atos esta é a ênfase predominante. Jesus é exaltado pelo Pai. Não apenas em Atos que Jesus é exaltado por causa da Sua vitória na cruz, por causa de Seu triunfo na cruz. Neste momento em que Cristo é exaltado Ele também é coroado.(Ap.5) Ele já era rei antes, mas a cruz dá ao governo de Deus um novo significado. Aquele governo que estava sob suspeita. As ações de Deus será que são corretas? Jesus é coroado Rei dos reis, Senhor dos senhores para sempre em Sua ascensão. João vê alguém sentado no trono segurando um Livro. O livro escrito por dentro e por fora está todo selado. Ninguém podia abrir, sequer olhar para ele. E por conta disto João chorava. Este livro era o livro da Lei. A cena que João vê vou dar um exemplo: Quando o presidente dos EUA toma posse, o presidente da suprema corte traz a Bíblia para ele, ele coloca a mão sobre a Bíblia, e ele faz um juramento. Concluído o juramento ele está empossado presidente dos Estados Unidos da América. Em Israel, a cerimônia de posse do rei era assim, o sumo-sacerdote trazia o livro da Lei, que era Deuteronômio, o rei abria o livro e lia. Em vez de pôr a mão sobre a Bíblia e jurar, o rei abria o livro e lia, renovando o conserto de Israel com Deus. E assim ele estava empossado.Entendeu João? João chorava porque não tinha rei. A cena se passa no Céu. O significado do desespero de João pode ser entendido assim: ‘o Universo está à deriva, o Universo está sem rei.’ O Universo está sem rei por causa do pecado. O pecado maculou, trouxe uma mancha sobre o governo de Deus. É como se Deus fosse o responsável. Ele é o Criador não é? Você compra um relógio e o relógio dá defeito você culpa quem? O fabricante. Você compra o carro e vê que está com defeito, você culpa quem? O fabricante. Algo deu errado neste Universo, a culpa é de quem? Parece que é do Fabricante. Então, o pecado lançou uma sombra sobre o caráter de Deus. E agora Deus disse também: ‘No dia que pecares certamente morrerás’, mas ninguém está morrendo, pelo contrário, Deus ainda está salvando, perdoando. Tem alguma coisa errada. É neste contexto que a visão de João é importante. Mas alguém, o ancião diz: ‘João fica tranquilo, dê uma olhada é o Cordeiro Tem Alguém que pode pegar este livro e abrir. Quando João olha ele vê como foi morto. O significado da cruz, restaurar a essência da justiça, do governo de Deus no Universo. É um Cordeiro e como Ele foi morto. João procura e quando olha vê um Leão da Tribo de Judá. Jesus só pode ser o Leão porque antes Ele foi o Cordeiro. A morte de Jesus valida as ações salvíficas de Deus. A cruz de Cristo é o centro da História. E quando João vê o Leão da Tribo de Judá começa uma série de reações no Céu. E por fim João diz; ‘ E toda a criatura no Céu e na Terra, e rompem em louvor, Digno é o Cordeiro.’
Na Sua ascensão * Jesus não assumiu as funções de sumo-sacerdote, Ele foi investido sumo-sacerdote. Não foi o momento em que Ele iniciou as funções sumo-sacerdotais. Havia na cronologia de Deus um tempo certo para que Ele iniciasse Suas funções sumo-sacerdotais.
*Ascenção
Glorificação: At.2:32-34, 36; 3:13; 5:31; 7:55,56; Ef.1:20; 4:10; Fp.2:9; I Pd.3:22
Coroação: Ap.5:1-14
Temos que saber como a doutrina se relaciona com o papel do santuário no plano da redenção como um todo. Já falei diversas vezes que é a cruz que garante o nosso perdão. A cruz em primeiro lugar é necessária por causa da justiça de Deus. Em segundo lugar, a cruz é suficiente, ela é tudo o que Deus precisa para nos salvar. O ministério de Cristo no santuário celestial não é uma coisa à parte. Ele está totalmente integrado à cruz, a morte de Cristo na cruz. Ele é dependente da cruz. É no santuário que Cristo aplica os benefícios do Seu sangue, da Sua morte. O cordeiro morria, o sangue era levado pelo sacerdote para dentro do santuário. Pode Deus perdoar? Pode.Na cruz. Pode Deus perdoar A ou B? É o santuário que vai demonstrar isso. O santuário é a culminação das ações salvíficas de Deus. Muitos adventistas do 7º dia, por longa data, fizeram uma distinção inaceitável entre a cruz e o santuário. Defendendo a ideia de que a cruz lida unicamente com pecados passados. A cruz provê justificação dos meus pecados passados, e isto é pela fé. Com relação aos meus pecados presentes não tem nada que ver com a cruz, é o santuário. E que já não é mais pela fé, é pelas obras. Há uma distinção entre o passado e o presente; entre a cruz e o santuário. Lá é pelo sangue de Cristo, lá é pela fé, o que tem que ver com pecados passados. Daqui para frente é comigo, vou ser julgado no santuário pelas minhas obras. Esta é a base do ensino perfeccionista. Ele apregoa uma vitória absoluta sobre o pecado, porém, mais do que isto. Esta vitória absoluta sobre o pecado, nesta vida, que o perfeccionista defende, é apresentada como algo necessário. Não só possível mas necessário, se não você não vai ser absolvido no juízo. Os antigos pregadores: ‘Olha que seu nome pode estar passando no juízo. Como é que está a sua vida?’ A ideia é esta: ‘no juízo minhas obras serão pesadas, serão avaliadas, e posso ser absolvido ou condenado com base naquilo que faço hoje.’ Temos 3 problemas seríssimo com essa abordagem:
1º - Conceito de pecado: quem crer que será ‘julgado pelas obras’ tem conceito errado de pecado.
2º - Conceito de justificação(salvação). também está equivocado.
3º - Conceito de obediência(vida cristã): idem. Perfeccionismo é uma heresia adventista do 7º dia. Muda o conceito de pecado, muda o conceito de salvação e muda o conceito de obediência. Para o perfeccionista, pecado é um ato: ‘... transgressão da lei.’ I Jo 3:4 e que esta é a única definição bíblica de pecado, pois pecado é o que você faz. Acontece que esta definição é incompleta, superficial, tendenciosa. Pelágio durante os primeiros séculos da era cristã defendia: ‘Cada um de nós nasce com a mesma natureza de Adão antes da queda, portanto, não existe dentro de nós uma natureza pecaminosa. O pecado de Adão afetou a ele mesmo, somente a ele e a ninguém mais. Ele não legou nada para os seus descendentes’ Portanto, quando nós pecamos hoje, o pecado é uma questão da vontade humana; não uma questão da natureza humana. Pelágio foi excomungado como herege pela Igreja. Aqui está o ponto fraco do perfeccionismo. O teólogo J. Stalker declara: ’Todas as heresias resultam do inadequado senso de pecado.’ Se você não entende o que é pecado as portas se abrem para um monte de conceitos equivocados. Pecado como um ato somente banaliza o ideal divino de perfeição. Se pecado é um ‘ato’ , o que é ser perfeito? É ter uma obediência formal, é parecer perfeito. Estilo de vida ditado por atos externos. ‘Se o pecado é meramente um ato então você corrige seus atos e está tudo bem.’ Promove uma religião farisaica(“ó Deus graças te dou porque não sou como os demais homens’), promove a arrogância humana, espírito acusador, complexo de superioridade(‘eu sou melhor porque que você não está fazendo isso, porque você não é vegetariano, o regime do Éden?’). Os perfeccionistas, que se dizem mais santos, são os maiores acusadores. Notem o que um conceito equivocado de pecado produz e provoca: uma religião farisaica. Entre todos os religiosos em Israel, quem mais Jesus criticou? A Bíblia fala de outras definições de pecado. Pecado como um ato é bíblico mas não é tudo. Pecado também é uma omissão(Tiago 4:17) - ‘Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.’ Logo não precisa fazer algo para pecar. Pecado como atitude(Mateus 9:4) - ‘Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?’ Pecado da motivação(Mateus 23:5) - ‘Praticam … todas as suas obras com o fim de serem vistos pelos homens.’ As obras dos fariseus eram perfeitas mas a motivação era errada. Está vendo o problema de avaliar a vida cristã por meio de atos externos? Existe o pecado como condição, que tem que ver com a natureza humana. Esta condição de pecado, que nós temos, ela é em 1º lugar: hereditária. Recebemos de Adão. No momento em que Adão pecou foi como se a sua corrente sanguínea tivesse se tornado envenenada. E todos os seus filhos e filhas, todos os seus descendentes, trazem consigo esse envenenamento no sangue. Romanos 5:19 ‘pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores.’ Efésios 2:3 ‘éramos por natureza, filhos da ira.’ I Cor.2:14 ‘o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus.’ Romanos 7:17; 20 ‘pecado .. habita em mim.’ Rm 8:7 ‘o pendor da carne é inimizade contra Deus’. Está no DNA humano, é hereditário. Nós nos tornamos pecadores porque pecamos ou pecamos porque tornamos pecadores? Quando entendo como é a nossa natureza não nos surpreende que nós pecamos. É ‘... a concupiscência da carne.’ Gálatas 5:16. Todas essas formas de palavras, de apresentação, vem de Paulo. Paulo foi o que mais entendeu de salvação, porque foi um dos que mais entendeu sobre o pecado. ‘Se nascemos sem uma natureza pecaminosa como entender a universalidade do pecado?’ (R.C. Sproul).Se o pecado não é hereditário porque todos são pecadores? ‘Cada cristão será assaltado pelos encantamentos do mundo,os clamores da natureza carnal, e as diretas tentações de Satanás.’(Ellen White em Test., 5 , 102).
Qual é a tendência dos recém-nascidos? É o egoísmo. Quer tudo para si, do seu jeito, no seu tempo, na hora. É o nosso coração, nascemos assim. E se não formos devidamente treinados, educados, viramos monstros. É universal pois se é hereditário é universal. ‘ … todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado.’ Romanos 3:9. ‘Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, … não há quem faça o bem, não há nem um sequer.’ (versos 10 a 12). ‘ … tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda a boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.’ (vs. 19). ‘pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.’ Romanos 3:23. ‘A doutrina do pecado original é a única doutrina da fé cristã empiricamente verificável.’ (R. Niebuhr). O pecado é hereditário, universal, e traz consigo uma sentença de morte. Pela ofensa de um só, morreram muitos. (Rm. 5:15). E que ‘... o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação … ‘ (vs. 16). ‘Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte … ‘(vs. 17). ‘ … por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação … ‘ (vs. 18). Nascemos condenados. Nascemos do lado de fora do Jardim do Éden. Nós nascemos perdidos, numa situação de miséria. Ellen White diz: ‘ Com relação ao 1º Adão, o ser humano recebe dele nada senão culpa, e sentença de morte.’ (Carta 68 [SDABC, 6:1074]). Percebe o problema de limitarmos o pecado a um ato? Eu ignoro toda uma realidade muito mais profunda já que pecado é hereditário, universal, e traz consigo uma sentença de morte. E quero corrigir esse problema com atos. É a mesma coisa que corrigir uma fratura exposta com band aid. Ou uma leucemia com aspirina. O problema é profundo. Não são atos externos que vão resolver o nosso problema e é só olhar os fariseus. O perfeccionismo distorce o conceito bíblico de justificação(salvação) nos aspectos da base e efeito da justificação.
BASE DA JUSTIFICAÇÃO
Qual é a base da justificação? A Bíblia é muito clara que é apenas por Cristo(sem a participação humana). Atos 4:12 ‘E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.’ Romanos 10:9,10 ‘Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.’ Heb. 7:25 ‘Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.’ Ainda falando da base da justificação, ela é apenas pela fé. Eu não faço nada, eu só recebo. É isto que a fé significa. Fé não é mérito humano. Fé é o reconhecimento de que não sou nada, não tenho nada, não posso fazer nada. Eu digo: ‘Senhor, me salve.’ Quando clamo a Deus por salvação, por perdão, isto é fé. É o reconhecimento de que não sou nada e Ele é tudo para mim. Salvação só pode ser recebida por isto que ela é pela fé. Rm.3:20 ‘ … ninguém será justificado diante dele por obras da lei … ‘ (vs. 28) ‘ … o homem é justificado pela fé, independente das obras da lei.’ Gálatas 2:16 ‘ … o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.’ Efésios 2:8 e 9 ‘... pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.’ Olha o fariseu: ‘Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens: roubadores, injustos, adúlteros. Nem ainda como este publicano, dou o dízimo de tudo quanto ganho, jejuou 2 vezes por semana.’ Só faltava Deus descer lá de cima: ‘Muito bem, quanto te devo?’ Apenas pela fé, a salvação só pode ser recebida. Outro ponto: salvação é somente pela fé, e é sempre pela fé(do começo ao fim). Não há um momento da vida cristã em que a fé termina o seu papel e a partir de agora é obras. Gálatas 2:21 ‘Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.’ Se em algum momento tenho que substituir a fé pelas obras, pela obediência à lei, então estou , com isso, anulando a graça de Cristo. Não há parceria entre fé e obras se o assunto é justificação. Gálatas 3:1 - 3 ‘Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?’ Eles começaram bem, começaram crendo em Jesus pela pregação de Paulo que os evangelizara. Insensatos porque começou do jeito certo e mudaram para a carne, isto é, o esforço humano, obediência. É sempre pela fé. Se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, diz Paulo, a justiça seria procedida da lei. Por quê que Cristo morreu? Cristo não precisaria ter morrido se existe poder salvífico na lei e seria muito mais fácil para Deus, a justiça seria procedente da lei. A morte de Cristo é um testemunho poderoso de que o esforço humano não pode ajudar. Gálatas 5:4 ‘De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes.’
EFEITO DA JUSTIFICAÇÃO
Às vezes se fala em justificação objetiva(linguagem técnica). Justificação objetiva é um decreto da parte de Deus. Deus simplesmente diz: ‘Você está justificado.’ É declarar justo. É como um juiz fala: ‘Você é inocente,está livre, pode ir.’ João 3:36 ‘Quem crê no filho tem a vida.’ Você crê em Cristo então a vida eterna começa para você. Rm.5:1 ‘ Justificados, pois, mediante a fé temos paz com Deus.’ Quando tenho paz com Deus? No momento que sou justificado. Rm.8:1 ‘... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.’ Você está em Cristo, você está justificado. Uma declaração objetiva. Mas existe um 2º aspecto da justificação que é a justificação subjetiva. Se na objetiva somos declarados justos; na subjetiva somos tornados justos. A justificação objetiva ocorre fora de nós; a subjetiva ocorre dentro de nós. Somos tornados justos é a figura bíblica do novo nascimento.(João 1:12,13; 3:3,7 cf. vs.5 e 6). ‘Nova criatura.’(II Cor.5:17; Gl.6:15 cf. I Cor.6:9 - 11). Participantes da ‘natureza divina’.(II Ped. 1:4 cf. I Jo. 3:9). É o poder do ‘Espírito’ agora atuando dentro de nós.(Rm.5:5; 8:2, 11, 14).
Mas aqui precisamos fazer uma pausa, os perfeccionistas gostam de enfatizar a 2ª(subjetiva) e ignoram a 1ª(objetiva). Eles colocam ênfase aqui: ‘Não, se você nasceu de novo você vai ser perfeito.’ ‘Se você é uma nova criatura você vai ser perfeito.’ Mas não podemos enfatizar isso ao ponto de comprometer a glorificação. Até que ponto sou transformado quando entrego o coração a Jesus? Quando me batizei saí do jeito que entrei, não senti nenhuma corrente elétrica para poder dizer: ‘Bem, agora, sou uma outra pessoa.’ Saí do tanque com as mesmas tentações que antes, os mesmos pontos fracos que antes, e em alguns casos até pior. É sim! Satanás redobra seus esforços no momento em que alguém entrega o coração a Jesus. Jesus foi batizado e foi para onde? Foi para o deserto para ser tentado. Temos o nosso ‘deserto da tentação’, muitas vezes, não só uma. Somos os mesmos depois do batismo. Então a pergunta é: Até que ponto, de fato, somos transformados? Não podemos esquecer que existe algo chamado glorificação. Rm.8:24 ‘... na esperança, fomos salvos.’ No momento que entregamos o coração a Jesus, na verdade, ‘na esperança’, fomos salvos. Aquela transformação ainda não foi completa, ela está aguardando sua transformação definitiva, e é lá, quando ocorrer a glorificação ‘... num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptível, e nós seremos transformados.’ (I Co.15:52). Não posso enfatizar demais ‘o tornar justo’ ao ponto de comprometer a glorificação que nos aguarda. ‘Quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele.’(I Jo.3:2) A glorificação é a culminação de um processo, a santificação que se inicia na conversão. É a restauração final da imagem de Deus. Agora vem: até que ponto somos transformados? o perdão divino não elimina a nossa natureza carnal. Deus implanta uma nova natureza, a nova criatura, o poder do Espírito atuando em nós, mas ‘o velho homem’ continua. Conversão não elimina a natureza carnal. ‘Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal.’(Rm.6:12,13) Se Paulo está falando ‘não reine o pecado em vosso corpo mortal’ é porque o pecado está lá. ‘Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.’(Rm.8:13). Paulo está falando com os crentes de Roma. Os crentes de Roma ainda tem uma natureza carnal e se eles viverem segundo ela, isto vai gerar-lhes a morte. ‘Não useis da liberdade para dar ocasião à carne.’ (Gálatas 5:13). ‘Andai no Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da carne.’ (vs. 16). Saímos do tanque com as mesmas tentações, com as mesmas tendências, com os mesmos pontos fracos. Há uma nova natureza que é implantada, mas a ‘velha natureza’ continua. É por isto que os teólogos costumam falar dos 3 tempos da salvação. 1º é o tempo passado: somos libertos da culpa do pecado. É quando entrego o coração(conversão) a Jesus. Quando digo: ‘Senhor me salva!’ Naquele momento sou perdoado. 2º é tempo presente: é quando sou liberto do poder do pecado. Aquela ‘nova natureza’ implantada vai minimizando aos poucos os efeitos da ‘velha natureza.’ O poder do Espírito vai trabalhando, é o que Paulo diz: Vamos ser libertos, sendo libertos do poder do pecado. E essa experiência dura quanto tempo? Dura uma vida. A libertação do poder do pecado dura uma vida. 3º é o tempo futuro: Salvação, é quando seremos libertos da presença do pecado, e isto ocorre na glorificação.. Resumindo: Conversão, libertação da culpa é no momento. Santificação, uma vida, pois vamos pouco a pouco sendo libertos do poder do pecado. Glorificação: também é no momento, isto é, num abrir e fechar de olhos, a imagem de Deus será restaurada em nós.
QUANDO ESTAMOS SALVOS?
Em que momento posso dizer: ‘Estou salvo!’ Estamos salvos no momento da conversão.’Este filho meu estava morto e reviveu, perdido e foi achado.’ Hoje veio a salvação a esta casa. (Lc.15:24). Ladrão na cruz. (Lc.23:43). Zaqueu. (Lc.19:9). Carcereiro de Filipos. (At.16:31). A salvação vem no momento em que entrego o coração a Jesus. Deus não está aqui para brincadeira. A cruz não é um faz de conta. É no momento que entrego o coração a Jesus que sou salvo. Quando aceitamos a Jesus como nosso Salvador que nosso pecado é perdoado, nossa culpa é removida, somos declarados justos, somos libertos do poder do inimigo, temos o nome escrito no Livro da Vida. Isto aqui é pouca coisa? Isto aqui significa Salvação. Agora, isto não quer dizer que a Salvação não possa ser perdida. I Co. 10:12 ‘Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia.’ Outra coisa: isto também não significa que a santificação não seja importante, a santificação é importante. Hb.12:14 ‘Segui … a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.’ O que é a santificação? Nosso preparo para a eternidade.
Agora tem o 3º aspecto:
CONCEITO DE OBEDIÊNCIA ou de VIDA CRISTÃ
Os perfeccionistas também deturpam ao distorcer os conceitos de pecado e salvação. Perfeccionismo defende a possibilidade e necessidade de perfeição moral nesta vida obtida pelo esforço humano:’ A cruz resolve o problema passado; de hoje em diante é você, é pelo esforço humano’. ‘E você tem que ser perfeito, se você não for perfeito você não vai ser absolvido no juízo.’ Ao fazer isto o perfeccionismo limita a importância da cruz, tira da cruz quase todo o seu significado. É por isto que Paulo fala que no momento que você introduz ‘obras’ na equação você ‘decai da graça,’ ‘ Cristo morreu em vão’ (Gl.2:21) para você. Estou dizendo que a cruz não é suficiente, preciso de algo mais. E também esvazia o significado do ministério de Cristo no santuário celestial. Se for assim, o que Jesus vai fazer no dia do Juízo? Jesus vai contar os méritos.Ele está lá só para isso. De agora em diante, se é pelo meu esforço então Ele vai falar: ‘Obediência 1, obediência 2. Aqui você obedeceu, aqui você obedeceu, aqui você obedeceu. Julgamento se limita a uma contagem de pontos. Quantos pontos você tem? Qual é o balanço da sua vida? Para muitas pessoas o julgamento é isto. Vamos dissecar Rm.7:14 a Rm.8:39 - Nestas passagens Paulo fala: ‘eu quero fazer o bem mas não consigo, e quando eu consigo eu caio.’ E ele vai, e vem, vai, e vem, e chega um ponto que diz: ‘miserável homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte.’ Os pais da Igreja, Orígenes, por exemplo, dizia: não pode ser Paulo, não pode ser o crente, porque ali ele se descreve a si mesmo ‘escravo do pecado.’ Já Agostinho e os reformadores,(Lutero, Calvino dizia: não está falando do mundano, o não crente, é o crente. É o crente porque ele diz ali que ele ama a lei de Deus. Ele quer fazer, ele quer obedecer, quer fazer o que a lei diz. Acontece que existe uma questão mais importante que tem sido negligenciada. A questão é: Qual é o tipo de pecado que está sendo descrito na passagem?
O estudo de Romanos 7:14 a 24 - por 2000 anos os teólogos têm feito a pergunta; ‘Quem é o homem de Romanos 7?’ É Paulo? É o crente? É antes ou depois da conversão? Há uma questão que tem sido negligenciada na análise desta passagem. Estamos fazendo a pergunta errada. A pergunta não é quem é o homem, a pergunta é: ‘Qual é o pecado?’ Que tipo de pecado Paulo está falando naquela passagem? “Porque nem mesmo compreendo meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro e sim o que detesto.’ (vs.15). ‘ … faço o que não quero …’ (vs.16). ‘Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.’ (vs.17). ‘ … o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.’ (vs.18). ‘Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.’ (vs.19). ‘Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.’ (vs.20). ‘ … ao querer fazer o bem …’ (vs.21). ‘Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus.’ (vs.22). Paulo está falando do ‘pecado involuntário’. É o pecado que ele não quer cometer. O que é o ‘pecado voluntário’? Definição de ‘pecado voluntário’: ‘Eu sei que é pecado, eu posso evitar, mas não quero evitar.’ João fala deste ‘pecado voluntário’. Este texto é um pouco ambíguo, e tenho que interpretar a luz de outros textos.
I João 5:16,17 ‘Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para a morte. Há pecado para a morte, e por esse não digo que rogue. Toda injustiça é pecado, e há pecado não para a morte.’ João fala que toda injustiça é pecado, mas há pecado não para a morte.Passagem em Hebreus está mais claro de entender Hebreus 10:26,27 ‘Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelo pecado; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.’ Se cometermos o pecado deliberado, depois da conversão, não resta mais sacrifício. No antigo testamento havia 2 tipos de sacrifícios: Havia sacrifícios por ‘pecados involuntários’,(Lv.4-5; Nm.15:22-29) havia sacrifícios pelos ‘pecados de culpa,’ que era um ‘pecado contra o próximo’.(Lv.6:1-7) Não havia sacrifícios por ‘pecado voluntário’(rebelião). Nm.15:30,31 (cf. vs.32-36). No portugues diz: ‘atrevidamente’, já no hebraico: ‘com a mão levantada’. O que estou dizendo para Deus no momento que cometo esse pecado? ‘Não tô nem aí.’ ‘Tal pessoa será eliminada, … pois desprezou a palavra do Senhor e violou o seu mandamento … e a sua iniquidade será sobre ela.’ Hebreus está evocando a passagem de Números. Não há sacrifício para ‘pecado voluntário’, eu ponho tudo a perder. Como vou reclamar dos benefícios do sacrifício de Cristo se é ‘pecado voluntário’? ‘Não, mas Jesus morreu por mim, por favor.’ Isso é presunção. Você não mais está coberto pelo sangue e você está entregue a sua própria sorte quando comete o ‘pecado voluntário’. Isto não significa que você não possa se arrepender e começar tudo de novo. Por tudo a perder, é o pecado da rebelião. O texto de I João 5:18 a Almeida Corrigida traduz erroneamente ‘ … nascido de Deus não peca …’ O correto é ‘ Todo o que é nascido de Deus não vive na prática do pecado.’ Pecado não será um hábito. O texto sugere que você pode eventualmente pecar, mas você não vai viver na prática do pecado, você nasceu de novo. Você pode eventualmente cometer o ‘pecado involuntário’, você não vai escolher viver na prática do pecado. IJoão 3:9 ‘Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.’ I João 1:6-9. ‘Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.’ Ando nas trevas(pecado voluntário), eu digo que sou cristão mas eu ando nas trevas. Se dissermos que temos comunhão com Ele mas praticamos ‘pecado voluntário’, mentimos. Mentimos quando dizemos que mantemos comunhão com Ele. Mentimos quando dizemos que somos cristãos, que nascemos de novo. Não praticamos a verdade. Se dissermos que não temos pecado nenhum(pecado involuntário), nós mesmos nos enganamos. Se digo que sou cristão e prático ‘pecado voluntário’, eu ando nas trevas, e minto uma vez que não sou cristão; mas, por outro lado, se sendo cristão, digo que não tenho nenhum ‘pecado involuntário’, eu me engano a mim mesmo, a verdade não está em mim. Citação de Ellen White agora: ‘Ser levado ao pecado sem se aperceber - não pretendendo pecar, mas pecando por falta de vigilância e de oração, não discernindo a tentação de Satanás e assim caindo-lhe no laço - é muito diferente daquele que planeja deliberadamente entrar em tentação e planeja um curso de pecado.’(AV,172). Há muita diferença de ‘pecado voluntário’ do ‘involuntário’, pois ‘pecado voluntário’ é o pecado da escolha, é o pecado da rebelião, é o pecado da mão levantada. O ‘pecado involuntário’ é o pecado da natureza humana, que é pecaminosa, que como já disse, ela não é arrancada no momento da conversão, ela permanece lá. Paulo fala na ‘habitação’ interior do pecado(Rm.7:14,17,18,20,21), e ele está falando do ‘crente’. É a ‘lei do pecado’(vs.23,25; 8:2), que ele menciona em várias passagens. Essa natureza pecaminosa é como se fosse uma lei que nos leva a fazer aquilo que nós não queremos. Ela é oposta a Deus(Rm.8:7). Ela é hereditária(Rm.5:12,19; Ef.2:3), universal(Rm.3:10-12), definitiva(Rm.8:23; I Co.15:20-23, 35-58). É somente na glorificação, é somente naquele momento de que num abrir e fechar de olhos que essa velha natureza vai ser eliminada, e a imagem de Deus será restaurada. Não é antes. Ela dura até a glorificação. E o que mais essa natureza impede? Impede perfeita obediência.(Rm.7:14-25). ‘Eu luto, me esforço, posso até ter muitas vitórias, mas de repente caio. Eu não quero, mas eu cometo. Eu quero fazer o bem. Eu quero fazer a vontade de Deus, mas nem sempre consigo. Miserável homem que sou. Quem vai me livrar dessa natureza pecaminosa?’ Obediência perfeita nunca existiu. ‘Não há justo, nem um sequer … todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer.’ Jesus é uma categoria à parte, falando de seres humanos normais, cite uma pessoa do antigo testamento que nunca pecou? Nenhum dos herois da fé de Hb.11 foi sem pecado, incluindo-se Enoque e Moisés(Elias = cf. vs.32,37) Elias não é mencionado explicitamente. Obediência perfeita não existe da parte de seres com uma natureza imperfeita. Lutero já dizia que o melhor que o homem pode fazer ainda assim será maculado pelo egoísmo, orgulho, interesse que reina em seu coração. É a lei do pecado de que Paulo clama por livramento: ‘Quem vai me livrar … ?’ Esta é uma pergunta retórica. Qual é a resposta desta pergunta? ‘Enquanto você viver vai ter que conviver com ela, pois só na glorificação que ela vai ser tirada.’ Por quê a exclamação de gratidão em Rm.7:25? Primeiro ele diz ‘desventurado homem que sou quem me livrará do corpo desta morte’ O que muda do 24 para o 25 é que você continua o mesmo e não muda nada. Continua querendo fazer o bem, isto é, ‘ … com a mente, sou escravo da lei de Deus … ‘, mas na prática,‘... carne, da lei do pecado.’ continua escravo da natureza pecaminosa que existe em você. A tensão entre as duas naturezas é uma realidade constante na vida do crente. Ellen White diz: ‘Paulo sabia que sua batalha contra o mal não terminaria enquanto ele tivesse vida. Sempre sentia a necessidade de colocar estrita guarda sobre si mesmo, para que os desejos terrestres não lograssem minar seu zelo espiritual. Com todas as suas forças continuava a lutar contra as inclinações naturais. … Suas palavras, atos e paixões - tudo era posto sob controle do Espírito de Deus.(AA, 314-315). É uma batalha por toda a vida. Uma vez que não é o ‘pecado voluntário’, logo Rm.8:1 ‘ … já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus’. Paulo está falando do ‘pecado involuntário’. Temos que ser mais generosos conosco mesmo. Há momentos que não vou conseguir se não exclamar em desespero: ‘MIserável homem que sou. Quem vai me livrar disto?’ Mas este é o momento de levantar os olhos ao Céu e dizer: ‘Graças a Deus por Cristo Jesus, porque não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo. E essa certeza se estende ao juízo final(Rm.8:31-39).
vs.31: Deus está do nosso lado.
vs.32: Ele nos dará toda a assistência de que precisarmos.
vs.33: as acusações do inimigo serão inúteis. E elas serão reais, pois no dia do juízo o inimigo irá se levantar, vai falar: ‘Tá aqui a lista. olha aqui o que apóstolo Paulo fez. Ele fez isso, isso, e isso, e aquilo outro, e isso, isso, isso.’ As acusações serão reais porque eu peco. Não tem como. Me identifico com o homem de Romanos 7. Ele vai ter o que dizer mas suas acusações serão inúteis porque Cristo está ao nosso lado, Deus é por nós.
vs.34: nada e ninguém será capaz de nos condenar.
vs.35-36: portanto, nada deve nos fazer desistir.
vs.37-39: por meio de Cristo, já somos vencedores e nada nos separará do amor dEle.
Ellen White diz: ‘Quando estivermos revestidos com a justiça de Cristo, não teremos prazer no pecado,(pecado voluntário) pois Cristo estará operando em nós. Poderemos cometer erros(pecado involuntário), mas haveremos de odiar o pecado que causou os sofrimentos do Filho de Deus.’ (RH,18/03/1889). ‘Há aqueles que experimentaram o perdoador amor de Cristo e que realmente desejam ser Filhos de Deus, mas compreendem que seu caráter é imperfeito, sua vida faltosa e estão a ponto de duvidar se seu coração foi de fato renovado pelo Espírito Santo. A esses eu desejaria dizer: Não recuem em desespero. Muitas vezes teremos que prostrar aos pés de Jesus e chorar por causa de nossos deslizes e erros, mas não devemos nos desanimar. Mesmo quando vencidos pelo inimigo, não somos abandonados, nem esquecidos ou rejeitados por Deus. Não. Cristo está à direita de Deus, fazendo intercessão por nós.’ (GC,46). Jesus não está lá contando nossos méritos Ele está intercedendo pelos Seus filhos verdadeiros, aqueles que entregaram seu coração. ‘A pena da inspiração, fiel à sua tarefa, nos fala dos pecados que derrotaram Noé, Ló, Moisés, Abraão, Davi e Salomão, e que até mesmo o forte espírito de Elias naufragou quando tentado … A desobediência de Jonas e a idolatria de Israel são registradas com absoluta fidelidade. A negação de Pedro de Cristo, a dura contenda entre Paulo e Barnabé, os fracassos e as enfermidades dos profetas e apóstolos, tudo é mostrado pelo Espírito Santo, que levanta o véu do coração humano. Alí está diante de nós a vida dos fieis, com todas as suas faltas e deficiências, as quais se destinam a servir de lição para todas as gerações seguintes. Se tivessem sido sem qualquer fraqueza, eles teriam sido mais que humanos, e a nossa natureza pecaminosa haveria de se desesperar por nunca alcançar tal ponto de excelência.’ (Test,4:12). ‘A santificação não é obra de um momento, de uma hora, de um dia, mas da vida toda. Não se alcança com um feliz vôo dos sentimentos, mas é o resultado de morrer constantemente para o pecado, e viver constantemente para Cristo. Não se podem corrigir os erros nem apresentar reforma de caráter por meio de esforços débeis e intermitentes. Só podemos vencer mediante longos e perseverantes esforços, severa disciplina e rigoroso conflito. … Enquanto reinar Satanás, teremos que subjugar o próprio eu e vencer os pecados que nos assaltam; enquanto durar a vida não haverá ocasião de repouso, nenhum ponto a que possamos atingir e dizer:’Alcancei tudo completamente’.(nesta vida não se alcança a impecabilidade). A santificação é o resultado de uma obediência que dura a vida toda. Nenhum dos apóstolos e profetas declarou jamais estar sem pecado. Homens que viveram o mais próximo de Deus, que sacrificariam a vida de preferência a cometer conscientemente um ato mau(pecados voluntários), homens a quem Deus honrou com divina luz e poder, confessaram a pecaminosidade de sua natureza. Eles não puseram a sua confiança na carne(como fazem os perfeccionistas), nem alegaram possuir justiça própria(perfeccionistas), mas confiaram inteiramente na justiça de Cristo. Assim será com todos que contemplam a Cristo. Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, e quanto mais claramente distinguirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claro veremos a excessiva malignidade do pecado, e tanto menos nutrimos o desejo de nos exaltar a nós mesmos. Haverá um contínuo anelo da alma em direção a Deus, uma contínua, sincera, contrita confissão de pecado e humilhação perante Ele. A cada passo para a frente em nossa experiência cristã, nosso arrependimento se aprofundará. Saberemos que nossa suficiência está em Cristo unicamente, e faremos nossa própria a confissão do apóstolo: ‘Eu sei que em mim, isto é, na minha carne não habita bem algum.’(Rm.7:18). ‘Mas longe está de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.’ (Gl.6:14). Que os anjos relatores escrevam as histórias das santas lutas e pelejas do povo de Deus; que anotem as orações e lágrimas; mas não permitamos que Deus seja desonrado pela declaração de lábios humanos: ‘Estou sem pecado; sou santo.’ Lábios santificados nunca pronunciaram palavras de tanta presunção.’ (AA, 560-562). Embora os seguidores de Cristo possam pecar(pecado involuntário), eles não se submetem ao controle do mal(pecado voluntário). Se alguém que diariamente comunga com Deus, se desvia do caminho, se deixa de olhar firmemente para Jesus por um momento, não é porque peca deliberadamente, pois quando percebe o seu erro, volta de novo, apressa-se a olhar para Jesus. E o fato de ter caído não faz menos querido ao coração de Deus. Minha filha mais nova está com 24 anos de idade. Quando ela tinha 8 anos, fez algo um dia que foi passível de disciplina. Criança. Fui até o quarto dela. Era hora de ela se deitar, por volta das 20:00 hr. E eu disciplinei, conversamos e eu apliquei a disciplina. Voltei ao meu escritório, para chorar, e orar. Duas horas depois, às 22:00 hr., era hora de eu me recolher, fui para a minha cama. Sobre o meu travesseiro um bilhetinho. Neste bilhete havia um desenho de um coração, de uma lágrima caindo do coração, e uma pergunta: ‘Pai, o senhor ainda me ama?’ Fui ao quarto dela, estava acordada, chorando. Mas não era pela disciplina que ela chorava. Era o temor de haver perdido o amor do pai. Aquilo doeu. Eu disse a ela: ‘Minha filha, não é um ato como aquele que iria nos afastar, meu amor por você é incondicional, ilimitado, pelo resto da vida.’ Tenho feito o meu possível para honrar o compromisso que assumi com ela e a responsabilidade que assumi diante de Deus. O fato de havermos caído não nos faz menos queridos ao coração de Deus. Romanos 7 e 8, ali encontramos a mesma pessoa. Está falando do crente. Mas ele fala do crente em duas perspectivas diferentes. 1º lugar o crente em relação a lei. A lei é como um espelho, que mostra, que sempre vai expor nossas paixões pecaminosas. Em Rm.7, Paulo comparando a lei diz: ‘Olha como sou, eu quero, mas não consigo.’ É a obediência imperfeita que gera desespero e temor. Mas já no versículo 24 em diante, do capítulo 8, ele está olhando para Cristo. Por isto que ele disse: ‘Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo, apesar da imperfeição.’ O que ocorre no juízo? Juízo é a culminação das ações salvíficas de Deus. Estava Deus correto ao perdoar A ou B? A cruz diz que Deus pode perdoar mas, pode Deus perdoar A ou B? O juízo. Satanás vai se levantar e vai dizer: ‘O Senhor errou. Olhe aqui a lista do que eles fizeram’ Diz Ellen White em Primeiros Escritos que naquele momento Jesus vai se colocar na frente e vai dizer simplesmente: ‘Meu sangue Pai. Ele aceitou o Meu sangue’. Ele não vai dizer: ‘Mas ele conseguiu perfeição 100% de obediência.’ Não é isso que vai contar. O que vai contar é se você está em Cristo. Se você foi sincero em seu pacto com Cristo. É a vindicação de Deus que perdoou você; e é a vindicação de Seus filhos fieis. Qual é a mensagem do santuário? Nenhuma condenação para os que estão em Cristo. Quem vai nos acusar se é Cristo que morreu por nós ? Quem nos condenará se é Ele que intercede por nós? Quem nos separará do amor de Deus? Nunca, jamais. Apenas um ser pode nos separar do amor de Deus. Quem é? Nós mesmos. Ninguém, jamais. Que Deus nos abençõe.
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