CRÍTICA TEXTUAL

 CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA HEBRAICA  - Joaquim Azevedo Neto

      -      Possui graduação em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (1988), mestrado em Mestrado em Línguas Bíblicas - Andrews University (1994) e Doutorado em Antigo Testamento - Andrews University (1999). , atuando principalmente nos seguintes temas: Teologia do Antigo Testamento, lingüística, história do Antigo Oriente Médio, crítica textual e exegese. Fundador (2001) e Coordenador do Centro de Pesquisa de Literatura Bíblica - CePLiB/SALT e da Revista Hermenêutica

1 - O que é crítica textual da bíblia hebraica e qual é a  sua importância? Para fazer uma boa interpretação bíblica a vários passos. A crítica textual seria a primeira onde você tem que estabelecer o texto, qual seria o texto mais válido para que se possa construir em cima dele uma exegese, e sobre a exegese uma teologia, e sobre a teologia uma homilética(pregar o sermão). Se um desses passos você não puder fazer, você terá que confiar em alguém que faça por você. A crítica textual é muito importante porque muitas pessoas(acadêmicas) não crêem na inspiração bíblica. Quando eles fazem esses passos da crítica textual, claro que vai estar composta suas pressuposições, então a crítica textual é importante neste sentido. Se você puder usar texto no hebraico, aramaico e, se possível em outras línguas, você poderia tirar uma conclusão melhor, qual seria o melhor texto. Quando falo melhor texto seria às vezes o texto tem uma variante e, outro texto não tem e é melhor comparar estes manuscritos. O antigo testamento não é igual ao novo testamento, cheio daquelas famílias, é mais simplificado. Mas temos os dois. O texto massoreta é da idade média, Moisés escreveu sem vogais, só consoantes. Por volta do quinto século depois de Cristo foram adicionadas pelos massoretas, já dentro do início da idade média. Mas quando você vai para os textos do mar Morto você tem sem as vogais e você pode comparar estes três grupos de manuscritos e ver qual teria a melhor leitura. O texto hebraico as variantes são mínimas. Você pode comparar o texto de Isaías do mar Morto com o texto de Isaías do décimo século da idade média que é quase idêntico. Esse quase é você ter que comparar a crítica textual, qual seria a melhor leitura. A crítica textual hebraica entra muito outras versões, que não seria o caso do novo testamento, que ainda pode ajudar, o novo testamento tem muitos manuscritos.com leituras diferentes do grego. O texto hebraico é mais homogêneo, entra muito a Septuaginta, a Siríaca, os textos Samaritanos, a etiope(Copta) e, às vezes, para entender as palavras, o texto árabe, que é parecido com o hebraico pois é da mesma família. Então o texto hebreu para ser entendido na crítica textual você tem que ler mais do que só hebraico, que não seria tão importante no grego. No novo testamento você lê o grego, beleza, você tem mais de cinco mil manuscritos ali. Mas, na crítica textual hebraica você teria que ser capaz de ler várias versões e se possível até o latim, para poder concluir quem copiou de quem e quem influenciou a quem? e que os manuscritos já é bem tardio, bem recentes por assim comparado com os manuscritos do mar Morto. E então muitos vão falar assim: e então é muito recente, vão para a Septuaginta, que é antes de Cristo, vamos para a Siríaca que é o quarto século depois de Cristo e assim por diante. Porque é importante fazer estas comparações na crítica textual hebraica. 2 - O senhor mencionou o Pentateuco Samaritano, mencionou os textos do deserto da Judéia, professor Joaquim neste sentido o que são testemunhas textuais?  Testemunha, a palavra, elas tem que testemunhar sobre o texto e, que seria outro texto que tem mesma leitura ou semelhança.  Se você pegar um texto de Isaías, por exemplo, qual seria a  testemunha dele? Então temos da idade média várias famílias massoretas e que cada uma delas será uma testemunha ao texto de Isaías. Claro que não o Pentateuco inteiro, algumas partes foram destruídas na perseguição da inquisição. Outro é o texto do mar Morto, que é antes de Cristo, sendo uma testemunha muito válida. E da versão grega, que tem um valor muito grande também por ser antiga, a Septuaginta. Temos várias testemunhas que falam sobre o texto hebraico. Até o próprio texto massoreta já são da idade média e, eles estão testemunhando dos autógrafos. Não temos nenhum texto original da mão dos escritores. Todos os massoretas são testemunhas do texto original que não temos. Para o hebreu que preservou o texto, para eles o texto era sagrado e não necessariamente a mensagem. Já no novo testamento, a mensagem era sagrada e por isso tem mais variantes no novo testamento da leitura do texto do que no antigo. Eles pensavam assim: se Moisés cometeu um erro gramatical é sagrado, preserve. Na perseguição os manuscritos hebreus foram destruídos para não cair na mão dos infiéis. Todas as versões, as melhores seria: a Septuaginta, a Siríaca, a Egípcia, a Copta. Copta tem muita coisa do novo testamento, mas também do antigo testamento. Urati. versão de Jerônimo, a arabe apesar de mais recente, que ajuda entender palavras em hebraico que não sabemos, eles trariam explicações na língua arabe. Então essas seriam as testemunhas do texto hebreu.. 3 - Falando sobre as testemunhas textuais ainda, você mencionou a idéia do texto massorético que é da idade média. O professor Emanuel Tov, na obra dele, crítica textual da bíblia hebraica, ao ele analisar o texto pré-massorético, que seria o texto usado no judaísmo do 2º templo, ele conclui que dado a semelhança entre o chamado texto  pré-massorético e o texto massorético o texto que se tem na bíblia hebraica é possivelmente entre o 4º e 5º século antes de Cristo. O que o senhor diz sobre isso?  Tem muita discussão no texto pré-massorético. O que é o pré-massorético? Muitos acadêmicos têm visto ele como uma seita, liga do judaísmo onde tinha alguns extremos teológicos onde não necessariamente ele pode ter melhor leitura, é bom porque é antigo, mas como testemunha não necessariamente é a melhor leitura. Discutir o que seria o pré-massorético não é fácil.Teria que ver, tentar tirando as vogais dos massoréticos e comparando com manuscrito do mar Morto, comparar com outras versões da Septuaginta e algum outro manuscrito hebraico que sobreviveu, ver se o texto corresponde a ele ou copiou de outras versões. Não é fácil discutir se não temos o material, mas Emanuel Tov tem muita autoridade, trabalha sério. 

4 - Quando você fala das testemunhas textuais porque ela é muito interessante já que algumas pessoas pensam que pelo texto massorético ser, por exemplo, de família B'nei Noah , ser por exemplo, o Aleppo do século nove, e o Leningrado ser entre o século 10 e 11, e que eles merecem menos respeito por ser um texto tardio. E daí o professor Tov ele propõe que esse texto não, esse tipo textual ele já pode remontar o período de Esdras e Neemias. Sem dúvida, eu comparando todas essas versões antigas(versão Copta, Etíope, Siríaca, o Samaritano), o texto massoreta é o melhor. Por que digo melhor? Porque ele se aproxima muito dos textos antigos, por exemplo, mesmo o manuscrito do mar Morto e algum outro texto que a Septuaginta ela vai no labirinto textual. Se você perguntar qual texto eu ficaria, eu ficaria com o texto do 10 e 11 século do texto hebraico. 5 - Sabemos que existem as chamadas variantes textuais Que são variantes textuais? É quando você tem o mesmo texto, por exemplo, em dois manuscritos diferentes. Você mencionou o Aleppo, gosto do Aleppo do que o Leningrado, se você compara o mesmo texto você encontra uma leitura diferente devido às conjunções. O texto hebraico tem menos variantes que o texto grego do novo testamento. Como o texto da Septuaginta foi escrito antes de Cristo ele deve ter sido fundamentado sobre textos hebreus muito mais antigos do que os textos que temos da idade média. Tem que traduzir do grego para o hebraico e ler o hebraico por detrás da Septuaginta. A Septuaginta tem do norte da África ali, onde havia uma interpretação mais solta pela influência da própria cultura, e a teologia grega-helênica, a cultura egípcia já tinha desaparecido, mas sobrou a própria forma de interpretação, similar, alegórica, mas não exatamente como é o da idade média. Então o texto foi mais ou menos influenciado pela comunidade que o rodeava, enquanto que judeus que continuaram em Israel, judeus que foram espalhados pelo império romano, mais tarde durante a idade média, eles desenvolveram um conceito do texto das Escrituras Sagradas e não a mensagem. Eles preservaram realmente; Então as variantes de leitura são mínimas entre o texto hebreu e o texto grego. Agora pode variar entre uma versão e outra versão. Daí sim tem variações enormes. Comparando versão Siríaca com a Septuaginta, a Etíope com textos hebreus, a Copta com qualquer outra. Textos hebreus, mesmo de famílias Massoretas diferentes, alterações e mudanças são mínimas.  6 - Qual a natureza das variantes? A natureza é mínima, palavras que aparecem se for o texto hebreu, por exemplo, os massoretas colocaram na margem como se escreve, como deve ser lido. Outro em uma outra linha que escreveu, ele mudou um pouco, mas mais da margem. A discussão dos massoretas é mais das marginais do que o texto. O que varia no texto, por exemplo, o texto hebreu de Isaías que é mais completo, o do mar Morto, comparado com o do 10º século, o Leningrado ali, ele é mínima, é um ‘vá’, é uma repetição enfática de palavra mas que não altera a mensagem.  https://www.youtube.com/watch?v=Iu2wGlkoJoM&t=1063s 


   

CRÍTICA TEXTUAL - NOVO TESTAMENTO - Wilson Paroschi


Na Alemanha você é recebido pela universidade, você faz todos os acertos e a universidade então lhe dá um local para você trabalhar. Me deram uma sala no anexo da biblioteca, computador com impressora, telefone, etc. Me deram as chaves da biblioteca. A Universidade de Heidelberg, Alemanha (2011), famosa, a universidade mais antiga da Alemanha , tem 800 anos. O acervo da biblioteca não é só teologia. O acervo da biblioteca tem mais ou menos 6 milhões e 300 mil volumes. Claro que a biblioteca de teologia em si é bem menor que isso mas, é uma biblioteca muito rica e é muito agradável passar ali os períodos.   1- O que é crítica textual?  A palavra 'crítica ‘ por si só é uma palavra neutra. É sinônimo de investigação, é sinônimo de análise, pesquisa. Crítica  textual é uma disciplina bastante segura. É uma disciplina que lida com documentos, ela lida com evidências. Crítica textual é o estudo do  texto. Tem muito pouco que  ver com exegese. É uma disciplina mais histórica. A crítica textual procura responder às seguintes perguntas e vou falar em termos de novo testamento que é a minha área:  Quando lemos o novo testamento será que estamos lendo de fato aquilo que os apóstolos, os evangelistas escreveram tantos séculos atrás?  Será que o texto não foi alterado no seu processo de cópia e recópia ao longo dos séculos? Como a crítica textual responde a essas perguntas? Com base nos manuscritos, com base na evidência documental disponível. E são milhares de manuscritos. Alguns completos, alguns fragmentários. A crítica textual é o estudo desses manuscritos com a intenção  de verificar a confiabilidade do texto do novo testamento, e se necessário restaurar a sua forma original, a sua forma a qual foi escrito lá no primeiro século d.C.    2 -  Qual a diferença entre alta crítica e baixa crítica ?  Esses termos não são usados mais, embora na cultura evangélica, popular o termo alta crítica continua. Não mais nos meios acadêmicos. O termo 'crítica textual ‘ surgiu primeiro, como uma referência ao estudo do  texto, mais tarde surgiu o termo ‘alta crítica'. O termo surgiu da seguinte forma - lida com questões históricas , mais abrangentes: quando, quem, por quem o documento específico foi escrito? Acontece que no domínio dessa investigação histórica o estudioso fica mais à vontade para ‘viajar’, para interpretar a evidência de acordo com as suas premissas, com as suas pressuposições liberais e assim suas conclusões serão liberais, contrárias à natureza da bíblia. Mas é possível fazer crítica histórica de uma perspectiva conservadora. O problema não está no campo da disciplina em si mas, nas suposições  com as quais o estudioso trabalha. Como no âmbito da crítica histórica é muito mais fácil de você trabalhar pressuposições liberais, contrárias à bíblia, então crítica histórica ela está mais associada ao liberalismo teológico. Já no que diz respeito à crítica textual, anteriormente chamada de ‘baixa crítica', não há muito espaço para pressuposições porque nós estamos lidando com documentos, manuscritos. E então ou o manuscrito diz ou não diz? Claro que existem questões um pouco mais complexas mas, no  âmbito da crítica textual estamos com os pés no chão. Estamos lidando com documentos, evidências históricas e o espaço para conclusões liberais é bem menor.  12:39  3 - O que são testemunhas textuais? São manuscritos. O novo testamento foi originariamente escrito em grego, então as principais testemunhas do texto são os manuscritos gregos, aqueles que foram preservados, copiados e recopilados, preservados na língua original do novo testamento.Nós temos cerca de 5700, quase 5800 manuscritos gregos do novo testamento completos ou fragmentários. Depois existem os manuscritos nas antigas versões, as primeiras traduções feitas no novo testamento grego: para o siríaco, para o cópta. O siríaco era a língua falada ali no norte da Palestina, na Síria, Mesopotâmia. O cópta era antiga língua egípcia, escritas por caracteres gregos alguns, muito semelhante a maioria das letras do alfabeto grego E temos também as primeiras traduções latinas feitas mais na Europa Ocidental e no norte da África. Então essas são as primeiras traduções do novo testamento. E também temos um grande número de manuscritos dessas antigas versões. Claro que elas também são levadas em consideração na hora de se estudar o texto do novo testamento. É importante ver como essa passagem foi traduzida para o siríaco, para o cópta, para o latim na hora de se tentar restaurar o texto a sua forma original caso eu encontre alguma divergência nos manuscritos gregos. Com o tempo vieram outras traduções, mas essas são as mais importantes para o exercício da crítica textual. Existe também um terceiro grupo de testemunhas que são as citações dos pais da igreja. Nós temos documentos de escritores cristãos não bíblicos já desde o final do primeiro século, já desde o ano 96, por exemplo. Clemente de Roma que escreveu as epístolas para a igreja de Corinto, isso antes mesmo da virada do primeiro para o segundo século. Em seguida vieram outros escritores cristãos.  Nós temos um grande número de documentos cristãos, obras  traduzidas pelos pais da igreja e, quase todas essas obras, o uso que esses escritores fazem com textos bíblicos é abundante. Em alguns casos, como Orígenes, por exemplo, nós poderíamos quase  reconstituir a Bíblia inteira. Então é importante olhar também nos documentos, nos escritos desses pais da igreja para sabermos como o texto era conhecido, como o texto circulava naquele período específico da história e, naquele lugar específico do mundo cristão, porque os pais da igreja podem ser datados, podem ser localizados geograficamente. Daí nós cruzamos as informações com os manuscritos em gregos, com as antigas versões e, nós temos então um cenário bastante amplo e muito útil para o processo de reconstrução do texto do novo testamento. 4 - O que são variantes textuais?  São as diferentes formas em que o mesmo texto aparece nos diferentes manuscritos, nas diferentes testemunhas. Digamos que no manuscrito A apareça a palavra x, no manuscrito B apareça a palavra y, nós temos aqui uma variante textual. Nós temos uma divergência textual. O texto do novo testamento é virtualmente o mesmo em todos os manuscritos, as diferenças, as variantes são muitas, são milhares. Mas, esse milhares de  variantes é porque nós temos milhares de manuscritos. A maior parte do texto em si é absolutamente informe nos manuscritos. Existem poucas divergências textuais e essas divergências  são as variantes, o termo mais comum é variantes. Também posso utilizar o termo divergência, as divergências textuais. Então quando eu comparo os manuscritos eu detecto variantes textuais, eu detecto divergências entre esses manuscritos. E daí vou colocar meu foco naquelas variantes, naquelas divergências. Por quê? Porquê qual é o texto original? É a variante x, ou é a variante y? É o texto x, ou é o texto y? E aí vou utilizar agora os recursos da crítica textual para analisar essa divergência específica, comparar este manuscrito com outros manuscritos,inclusive em outras línguas com os escritores,  as citações dos antigos escritores cristãos e, isso vai me dar suficientes elementos para eu poder definir então se x ou y correspondente ao texto original. 5 - O que são critérios internos e externos dentro da crítica textual? A partir do momento que o estudo comparativo dos manuscritos revela divergências, de que natureza são as divergências? Porquê surgiram? A partir do momento que elas são detectadas mediante o estudo comparativo dos manuscritos, das versões, das citações dos pais da igreja, então preciso resolver agora esse problema. Tenho um problema e eu preciso agora solucioná-lo. Então existem dois grupos de critérios, esses critérios foram pouco a pouco sendo elaborados, foram sendo utilizados, testados e aí eles acabaram se firmando como absolutamente válidos e úteis.  Na verdade, importantes para o estudo da crítica textual para eu saber se uma variante é original ou não,  se uma leitura, uma divergência é original ou não. Então esses dois grupos de critérios são os chamados critérios externos e os critérios internos. Esta nomenclatura interno ou externo tem que ver com o texto bíblico em si. Os critérios externos são aqueles relacionados às testemunhas, aos manuscritos, às versões , aos pais da igreja. Qualquer evidência extrema ao texto. Critérios internos são aqueles relacionados ao texto propriamente dito. Exemplo: vou estudar no âmbito da evidência externa, os critérios externos , então uma pergunta que faço é a seguinte: qual é o manuscrito mais antigo? eu tenho um manuscrito do quinto século e, eu tenho um manuscrito do terceiro século, qual é o mais antigo e qual é o melhor? Claro que o manuscrito do terceiro século é muito melhor do que o manuscrito do quinto século. Essa regra não é absoluta, porque o manuscrito do quinto século pode ser cópia e uma cópia fidedigna de um manuscrito do segundo século. Ao passo que um manuscrito do terceiro século pode ser uma cópia mal feita. Então, nesse caso o manuscrito do quinto século vai ser melhor do que o manuscrito do terceiro século. Essa é uma das questões das chamadas evidências externas, isso tem que ver com a qualidade dos manuscritos, com a data dos manuscritos, com a procedência dos manuscritos. E existe uma série de recursos, de elementos, que nos permitem mediante processo comparativo saber que manuscrito é o melhor, que manuscrito é inferior. Existem por exemplo os dois grandes manuscritos que são os chamados: ‘códice vaticano’, assim chamado porque está na biblioteca do Vaticano, não tem nada que ver com igreja católica e, o chamado ‘códice sinaítico’. Assim chamado porque ele foi encontrado no mosteiro ortodoxo de Santa Catarina, no sopé do monte Sinai. Ele está hoje na biblioteca britânica de Londres. Então esses são os dois mais famosos manuscritos, manuscritos mais importantes do novo testamento. Ambos são do quarto século. Mas, estudos e comparações  do segundo século mostram que o texto desses manuscritos é do início do século. Então, o manuscrito é do quarto século mas o texto é do segundo século. É a evidência externa: qual é a data dos manuscritos? a data do texto dos manuscritos? Qual é o melhor manuscrito? Ao passo que a evidência interna tem que ver com o documento em si, com o livro em si, por exemplo, existe no texto de João uma palavra, essa palavra se encaixa no texto? é uma variante textual, uma divergência textual. Então um manuscrito tem, o outro manuscrito não tem. Como é que fica o contexto, a frase é completa? ela faz sentido? ela não faz sentido? A palavra condiz com o estilo do autor naquele livro, naquela sessão? Ela flui naturalmente? ela interrompe o fluxo do pensamento? Então estas são as questões internas. Tem que ver com aquele documento, tem que ver com aquele livro, tem que ver com aquele autor. Existem várias regras referentes à chamada evidência externa e a evidência interna.  6 - Existem variantes de diferentes natureza?  São dois grupos de divergências textuais: divergência involuntária e divergência voluntária(intencionais deliberadas). Exemplos de divergências involuntárias(alterações involuntárias).  Várias letras gregas são muito semelhantes entre si, e um determinado copista poderia estar cansado, poderia ter alguma limitação visual, e em algum momento ele poderia confundir uma letra com outra e, acabar produzindo uma palavra nova, uma palavra diferente. Para qualquer estudioso de grego sabe que assim como em português a diferença entre o pronome de primeira pessoa no plural = nós -   e o de segunda pessoa  no plural = vós - é de apenas uma letra e, em grego também é de apenas uma letra. Então o copista pode ter feito uma confusão, estava cansado, deficiência visual e, em vez de escrever nós, escreveu vós. Se num manuscrito diz - nós, e o outro diz - vós, então tem uma divergência textual. E essa divergência textual muito provavelmente foi acidental, um descuido visual. Existem outros tipos de descuidos visuais. Quantos de nós ao estarmos copiando um texto já não pulamos uma palavra? Ou às vezes duas frases: uma lá, outra aqui. Estou copiando a frase lá em cima, de repente bato o olho de novo e meus olhos caem naquela outra frase que também termina com a mesma palavra e, acabo continuando a partir dali e pulo aquelas linhas, aquelas palavras entre a primeira linha e esta outra. Então esse é um exemplo. Outras vezes acabo repetindo uma palavra, repetindo uma frase inteira e, também  por descuido visual. Equívocos ou descuidos visuais. Outro exemplo de erros acidentais: muitas cópias eram feitas em mosteiros, por monges, e vários copistas, assentados, trabalhando na sua mesa e, um monge lendo um texto. Então os outros, os copistas, propriamente dito, não copiavam e, eles apenas escreviam aquilo que lhes era ditado. E neste processo tanto aquele que ditava poderia cometer um erro, como aquele que  escrevia poderia se confundir com uma palavra. O que escrever pois o som da palavra é exatamente o mesmo? Então equívocos auditivos eram outra fonte de divergências involuntárias.(divergências acidentais). Outras vezes, por exemplo, um copista cometeu um erro e ele percebeu, ou alguém mais tarde detecta esse erro na sua cópia. Digamos que ele tenha pulado uma palavra, ou digamos que ele tenha acrescentado uma informação na margem do manuscrito que ajudava. Um tipo de comentário exegético, por exemplo, que ajudava a entender aquele versículo em particular. Mais tarde esse manuscrito seria copiado e daí o copista se depara com o texto e aquela pequena nota marginal. E o copista fica pensando: ‘esta nota marginal faz parte do texto ou não?’ ‘foi o primeiro escriba que esqueceu, que pulou, depois acrescentou à margem ou, é apenas um comentário  que não pertence ao texto?’  Então, se ele tem um outro manuscrito em que ele possa comparar tudo bem mas, e se ele não tem? Pode ser levado a  pensar que aquele comentário marginal faz parte do texto e, então, ele introduz aquele comentário no texto. Ele não tinha intenção de alterar o texto mas, ele acabou fazendo de modo involuntário.  Por um erro de julgamento e, esse é um dos exemplos, existem vários outros exemplos de operações involuntárias. Com relação a operações voluntárias agora, o copista poderia se deparar, por exemplo, com uma palavra que já caíra em desuso. Toda língua tem palavras que caem em desuso. Nós temos no português palavras que eram usadas a 100 anos atrás e que não são usadas mais  hoje. Outras vezes é a grafia da palavra que muda: farmácia a algumas décadas atrás  era escrito com ph - (pharmacia) e, hoje não é mais. Então, um copista, ele está copiando um texto, e ele se depara com uma situação dessas. Então, ele faz uma alteração voluntária, consciente, pois a alteração preserva o significado do texto. Ele mudou o texto, tirou uma palavra antiga por uma palavra mais recente, ou corrigiu a grafia da palavra. Ou ele se deparou com um erro gramatical, o escritor. Alguns escritores bíblicos, eram muito pobres do ponto de vista cultural e cometeram uma série de erros gramaticais. Ele está consciente de que está introduzindo uma alteração no texto mas, sua intenção não é deturpar o texto mas, preservar o significado do texto. Outras vezes é uma frase difícil de entender e ele, imaginando que este é o significado, acrescenta algumas palavras para clarificar o sentido do texto. Existem vários exemplos de alterações voluntárias, vou dar um exemplo: Sabemos que os principais inimigos de Jesus na Galiléia eram os escribas e fariseus, e geralmente, escribas e fariseus aparecem juntos. Se um copista de repente depara só com a palavra escriba, ou só com a palavra fariseu e, ele sabendo que esses dois termos sempre estavam juntos, ele era tentado a acrescentar em só escriba, fariseu. Ou, só fariseu, acrescentava escriba. Outro exemplo: A palavra espírito sozinha, o copista sabe que é espírito santo mas, às vezes, o texto bíblico aparece só espírito. Então o copista acrescenta o santo. Outro exemplo de alteração voluntária: o novo testamento cita o antigo testamento dezenas, centenas de vezes, dependendo do critério pode ser até milhares de vezes. Nem todas as citações do novo testamento  coincidem com o texto da Septuaginta, que era a versão grega do antigo testamento, versão utilizada pela igreja primitiva nos seus primeiros séculos e pela igreja de fala grega. Nem todas as citações eram literais, textuais do antigo testamento. Muitas delas são de memória. Então, o copista está copiando um texto e, depara com uma citação do antigo testamento que é apenas uma alusão, ela é uma citação livre. Ela não é uma citação literal e, ele conhece o texto do antigo testamento. Ele era fortemente tentado a alterar essa citação do texto do novo testamento para que ela coincidisse exatamente  com aquilo que Isaías dissera, com aquilo que Moisés dissera, com aquilo que Davi dissera. Então essa era uma outra alteração voluntária. O copista do novo testamento, o autor do novo testamento faz apenas uma alusão indireta ao antigo testamento e, o copista vai e torna essa citação literal, exatamente como aparece na Septuaginta. O último exemplo chama-se harmonização. Estava harmonizando o texto da Septuaginta com o texto do novo testamento.  É importante que se diga que, mesmo com as alterações voluntárias, o escritor não tinha a intenção de mudar o sentido do texto. Pelo contrário, de preservar o sentido do texto. O texto do novo testamento embora tenha alterações ele não perderá seu significado. Ele preserva seu significado. 7 -  O que é  metodologia de reconstrução textual?  Os princípios de reconstrução textual são os mesmos, é a chamada evidência externa e evidência interna. São aqueles critérios que têm que ver com manuscritos e, aqueles critérios que têm que ver com o texto propriamente dito. Então cada um desses critérios, evidência externa e evidência interna, tem seu grupo de princípios, de critérios individuais. Então é isso que foi testado ao longo dos séculos e, é isso que praticamente todos os estudiosos utilizam no processo de restauração do texto. A crítica textual não é uma ciência exata como a matemática ou a física. Citarei um exemplo da evidência interna: só recapitulando, o princípio da evidência externa diz assim: mais importante que a data do manuscrito é a data do texto do manuscrito. Por que? Porque eu tenho este manuscrito do quinto século que pode ter sido copiado do manuscrito do segundo século. Tenho o manuscrito do quarto século que pode ter sido uma cópia mal feita do manuscrito do terceiro século. O do quinto século é mais tardio, cópia, documento, mas o texto dele é mais antigo, é do segundo século e, tenho que levar isto em consideração. Os critérios da evidência interna: o texto mais curto é o melhor. Tenho aqui duas variantes textuais do mesmo versículo, uma é mais longa, outra é mais curta. Um princípio já estudado, observado e testado diz que devo preferir o texto mais curto ao texto mais longo. Por que? Porque a tendência do copista sempre era de acrescentar palavras e, nunca de subtrair palavras.Outro critério da evidência interna: deve se dar preferência ao texto mais difícil em relação ao texto mais fácil. Por que? Porque a tendência do copista era simplificar o texto. Se tenho um texto mais fácil e um texto mais difícil a probabilidade é que o texto mais difícil é o original. Os princípios de restauração do texto são os mesmos, o que vai fazer a diferença é a habilidade do estudioso, pois, se ele for aplicar de forma mecânica, por exemplo: ‘não, aqui diz que o texto mais curto é o original’ - A regra não é essa. A regra diz assim: deve-se preferir. Mas, e se ficou claro que o texto mais curto é porque o copista pulou uma palavra. Então vou preferir o texto mais longo. O que quero dizer com isto? Quero dizer que a aplicação dos princípios da crítica textual não é mecânica, não é uma ciência exata. Preciso de flexibilidade, preciso de familiaridade com a disciplina, familiaridade com os manuscritos, familiaridade com as tendências dos escribas, familiaridade com a história da igreja, familiaridade com os movimentos teológicos, familiaridade com as dissensões que ocorreram, familiaridade com as práticas dos pais da igreja. Quanto mais bem preparado eu estiver, melhor serão os resultados da minha pesquisa. Não se faz crítica textual como se fosse uma questão de matemática, física ou algo parecido. Agora existem questões muito difíceis que mesmo os melhores críticos, os melhores especialistas vão discordar. E às vezes são difíceis mas não são relevantes do ponto de vista exegético: esta proposição faz parte ou não faz parte do texto? Este artigo faz parte ou não faz parte do texto?  O significado não muda, o texto muda. Um exegeta diz que o artigo deve fazer parte do texto; outro exegeta diz que não e daí? São questões difíceis mas, como regra, digo que crítica textual é uma disciplina muito segura. Uso cuidadoso, coerente, os princípios textuais permitirá resultado bastante seguros em relação ao texto. Na bíblia hebraica também deve se analisar o texto no seu contexto,  8 -  que diferença existe entre a metodologia majoritária e eclética? . Existe aqueles estudiosos que acham que o texto correto é o texto da maioria dos manuscritos(esses são poucos que pensam dessa forma), ao passo que a grande maioria dos estudiosos acham que o texto correto é aquele texto que está nos manuscritos mais antigos. Então o que prefere o texto majoritário, o texto da maioria dos manuscritos, ele coloca tudo dentro do mesmo saco. Daí ele vai pegar texto do quarto século, do quinto século, texto do século dez, século onze, século quinze, vai colocar tudo junto e vai dizer: este é o texto da maioria dos manuscritos. Já o eclético é aquele que vai priorizar os manuscritos mais antigos e, mesmo que sejam poucos, vou trabalhar,comparar, estabelecer o texto original. Todas as vezes que temos pessoas defendendo textos recebidos são pessoas desse primeiro grupo. Geralmente são pessoas ultra conservadoras, fundamentalistas, que em geral defendem o conceito da inspiração formal e da inerrância do texto. Ao passo que aquele que tem uma visão um pouco mais equilibrada de inspiração, aquele que tem uma noção um pouco mais clara da história da igreja, da história da transmissão do texto, este vai trabalhar com manuscritos antigos. Então tem os manuscritos gregos, das antigas versões, das citações dos pais da igreja e, aqui então vou, mediante essas testemunhas, estabelecer o texto original. A grande maioria dos estudiosos trabalha com essa metodologia, a metodologia eclética. 9 - Nós cremos na infalibilidade da bíblia e isto é a  mesma coisa que inerrância? De modo nenhum. Infalibilidade é uma coisa e inerrância é outra coisa. Conceito de  inerrância é de que a bíblia é absolutamente correta em todos os assuntos que toca. Não há nenhum tipo de erro na bíblia. Não existe erro histórico, não existe erro geográfico, não existe erro gramatical, não existe erro científico. Não existe erro de qualquer natureza. Este conceito está atrelado ao conceito de inspiração verbal. Somente aqueles que acreditam na inspiração verbal é que defendem o conceito da inerrância. Claro que se o texto foi ditado pelo Espírito Santo então ele vai ser inerrante. Mas, a igreja Adventista do Sétimo Dia não trabalha com o conceito de inspiração verbal. Nós não cremos no conceito de inspiração verbal. Há inúmeras evidências da própria bíblia.  Vou dar um exemplo: o Jesus de João fala de um modo totalmente diferente do Jesus dos evangelhos sinóticos. O Jesus de João usa palavras diferentes, construções diferentes, assuntos diferentes do Jesus dos evangelhos sinóticos. São estilos diferentes. Porquê? Por que os escritores são diferentes. Não temos as palavras exatas de Jesus, temos Jesus  nas palavras de Marcos, Mateus, Lucas e João. O que tenho nos evangelhos é a mensagem de Jesus, o ensino de Jesus. E esse ensino é infalível. Aqui entra a questão da infalibilidade. Não devo olhar para o texto bíblico como se ele fosse inerrante mas, posso e devo olhar, mediante uma perspectiva conservadora, o texto bíblico como infalível. Aquela é mensagem, aquela é a mensagem testemunhada pelos profetas, pelos apóstolos e, esta é a palavra de Deus e ela é infalível, vai se realizar, vai atingir seus propósitos e então isso é infalibilidade. Quando a bíblia fala do plano da redenção, essa mensagem bíblica é infalível. Quando ela apresenta Jesus Cristo, a apresentação de Jesus Cristo é infalível. Este é o quadro de Jesus. Quando a bíblia fala de profecias, ela é infalivel. Então, ela cumpre seus propósitos, ela é fidedigna, ela é autêntica Mas, isto não significa que ela seja inerrante. Nós temos o Marcos, por exemplo. Marcos escrevia de forma muito simples O estilo literário de Marcos era muito pobre se compararmos com o estilo de Tiago, por exemplo. O estilo de Mateus, que era um estilo bem mais sofisticado. O estilo de Lucas era mais sofisticado que o estilo de João. Eles tem diferenças no estilo, vocabulário. O pensamento de Lucas é linear, o pensamento de Paulo é complexo, confuso. Porquê? Por que o texto bíblico não foi ditado aos escritores. Os escritores foram inspirados para escrever e, escreveram às suas maneiras. 10 - Falando de textos que são debatidos se deveria estar nos originais, como exemplo, o relato da mulher adúltera. Esse texto, deveria ou não, estar no novo testamento? Quero começar pelo evangelho de João. João diz assim:’ há muitas outras coisas que Jesus fez que não estão escritas neste livro’. Não temos nos evangelhos tudo aquilo que Jesus fez, tudo aquilo que Jesus disse, tudo aquilo que Jesus ensinou. Não temos o relato completo do ministério de Jesus. Os evangelhos sinóticos(Mateus, Marcos e Lucas) pulam um ano e meio no ministério de Jesus. João, cobre o período mais abarcante de aproximadamente 3 anos, 3 anos e meio. Porquê? Os escritores foram seletivos, não escreveram tudo. Eles pegaram coisas, pegaram eventos, pegaram ensinos. Mas, existe uma ordem mais ou menos cronológica: nascimento vem antes do batismo, batismo vem antes da morte e, ressurreição vem depois. Existem diferenças menores como um relato que está neste evangelho e não está no outro e, existem coisas que Jesus fez que não estão em nenhum. O que aconteceu, desapareceu? Não desapareceu. Permaneceu na memória da igreja. O apóstolo Paulo, que nem foi discípulo de Jesus, era capaz de dizer: ‘aquilo que recebi é o que transmito para vocês.’ Paulo recebeu mediante a tradição da igreja, mediante aqueles que já eram apóstolos antes dele, mediante aqueles que haviam estado com os apóstolos ou haviam estado com Jesus. Existem muitas informações nos escritos de  Paulo, declarações de Jesus ou episódios da vida de Jesus,  que não são citados nos evangelhos. Então aquilo que não foi incluído pelos 4 evangelistas permaneceu na memória da igreja. Existe um escritor chamado Papias, do início do segundo século, ele diz assim: ‘quando eu sabia que alguém que havia estado com os apóstolos iria pregar em determinada igreja, eu corria lá, porque eu aprendia muito mais da viva-voz daqueles que haviam estado com Jesus do que da leitura dos livros.’ Claro, aqueles que haviam estado com Jesus tinham mais para contar, tinham mais informações para transmitir,além daquilo que está registrado no texto.  Irineu, foi bispo de Lion, viveu na segunda metade do segundo século, ano 170, 180. Irineu diz que na sua juventude conhecera Policarpo, bispo de Esmirna, da primeira metade do segundo século. Irineu diz que Policarpo conhecera o apóstolo João. Policarpo fora discípulo de João. O Policarpo sabia de coisas da vida de Jesus, da vida dos apóstolos e, que não estão escritos no novo testamento. Irineu, lá no final do segundo século, 150 anos depois de Cristo, ainda poderia conhecer algumas dessas informações autênticas da vida de Jesus, que chegaram por intermédio de Policarpo, discípulo de João. Exemplo de que pode ter permanecido na memória da igreja é o caso da mulher adúltera. Esse episódio certamente já era conhecido na primeira metade do segundo século. João relatou o episódio da mulher adúltera? Não. Temos suficientes evidências de que João não incluiu este relato no evangelho. Foi seletivo. Certamente havia muita coisa importante que ele não relatou, deixou de fora mas,  permaneceu na memória da igreja. O primeiro manuscrito grego a conter, a registrar a história da mulher adúltera foi do quinto século, quatrocentos anos depois. Mas, temos evidências para crer que a história, não seu registro. Importante destacar que em alguns manuscritos essa história aparece em Lucas.Em alguns manuscritos ela aparece em Lucas em um lugar e, em outros manuscritos ela aparece em Lucas em outro lugar. Essa história tem muito mais que ver com os evangelhos sinóticos do que com o evangelho de João. O teor, o caráter da história em si. 11 -    Sobre o final de Marcos, se está ou não nos originais. Não, os manuscritos com base nas evidências documental  não podemos afirmar que o relato final de marcos seja autêntico, seja original. Mas, temos que entender que a bíblia foi escrita por pessoas comuns em situações reais da vida. Algumas dessas pessoas eram fazendeiras, outras eram muito simples, e outras eram pessoas nobres e, assim por diante. Algumas eram mais estudadas, outras menos estudadas. E, a bíblia foi escrita a partir de situações reais da vida. Davi está vendo as suas dificuldades e compõe um salmo. Davi está tendo um momento de alegria, ele compõe um salmo. Jerusalém está para ser destruída pelos babilônios, Jeremias está ali e, ele escreve o seu livro e, assim por diante. Os livros refletem momentos específicos. Pessoas reais em situações de vida reais. As cópias bíblicas foram feitas por pessoas reais em situações de vida reais. Os textos originais refletem a habilidade do escritor, reflete o humor do escritor. Seu estado de espírito naquele momento. As cópias dos escribas refletem as mesmas coisas. Um está mais cansado, outro está mais esperto. Um é mais cuidadoso, outro menos. E assim por diante. A bíblia chegou até nós pelos canais normais da história. A bíblia não foi trazida por um anjo. A Bíblia chegou até nós pelos canais normais da história. Todos os livros da bíblia foram usados. E nesse processo alguns foram mais usados que outros e, deve ter ocorrido desgastes e acarretou perdas como o final do evangelho de Marcos, por exemplo. E tem também I Coríntios 5:9 - que fala de uma outra epístola que Paulo já havia enviado. E cadê essa epístola? Que vamos fazer com os Colossenses 4:15, 16? -  que fala de uma epístola escrita à igreja de Laodicéia que também desapareceu. Isto pode acontecer com documento  mesmo inspirado. Não temos apenas um evangelho, temos 4. Mesmo que um seja mais curto, mais breve, temos outros evangelhos para compararmos e para sabermos qual foi a história correta. Então é bem provável que alguma coisa tenha acontecido ao término original de Marcos. O registro e a evidência textual apontam nesta direção. E então, em algum momento, os escribas percebendo esse teor aparentemente incompleto do evangelho, eles pegaram informações  dos outros e produziram a chamada longa conclusão. O fato dela fazer parte da tradução protestante não é garantia de que seja original. Não é porque João Ferreira de Almeida colocou na sua primeira tradução que é garantia de que esse texto seja original. Não é porque a Kim James inclui este texto que isto significa que ele seja original. O nosso teor doutrinário permanece o mesmo. Não há nenhuma doutrina bíblica que possa ser atribuída aos escribas. Não há nenhuma doutrina bíblica que dependa de um texto duvidoso. A maioria das nossas  doutrinas são baseadas em um conjunto de textos. Mesmo que um texto possa ter alguma divergência, nós temos outros para dar suficiente respaldo, embasamento, pela doutrina específica. Os copistas não queriam distorcer, adulterar o texto. Eles queriam preservar o texto. O cristão pode pegar na sua Bíblia e dizer sem excitação que está com a Palavra de Deus. Mesmo todas as alterações elas não alteram a natureza da linha, o seu conteúdo doutrinário, o seu conteúdo profético, o plano da redenção, e assim por diante. 12 -  Existe confiabilidade, veracidade de texto no novo testamento?  Sem dúvida, existem alterações doutrinárias mas, os copistas não inventaram doutrinas, os copistas não tinham intenção de tirar doutrinas da bíblia ou de acrescentar doutrinas na bíblia. Vou dar um exemplo: não existe no evangelho de João referência do nascimento virginal de Jesus. Temos referência do nascimento virginal de Jesus em Mateus e Lucas. Não temos em Marcos, que começa com o batismo e, não temos em João. Isso significa que o nascimento de Jesus não foi a partir de uma virgem só porque João não relata? Não, não significa isto, pois temos em Marcos e Lucas. Mas, este copista se incomodou com o fato de não haver uma referência virginal de Jesus em João. E então ele fez uma mudança no texto, conseguindo introduzir uma referência virginal ali no prólogo de João. João 1: 12, 13.  ‘Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.’ Aqui onde diz no início do 13 - “os quais”, ele substituiu pelo singular, “o qual”.  13 -  Sobre Lucas 23:43 existe muito debate teológico sobre onde deve ser colocado a vírgula. Qual seu parecer?  Existem vários grupos de evidências. Primeiro,  do ponto de vista gramatical, não podemos afirmar com certeza, pois o grego permite que o advérbio venha antes ou depois do verbo. Então Lucas pode ter dito: ‘na verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso,’ quanto ele pode ter dito: ‘na verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.’ Agora pergunto: qual é o estilo de Lucas? Onde Lucas costuma colocar o advérbio? Lucas costuma colocar o advérbio depois do verbo. Essa é a tendência de Lucas. Há uma única ocasião em que Lucas coloca o advérbio antes do verbo. Em português, aparece em algumas versões a partícula ‘que’ - ‘na verdade te digo, que hoje…’ , isto não existe no grego. Esqueça esse ‘que’ que aparece em algumas traduções. Depende do estilo do autor. Lucas tem a tendência de colocar a partícula depois do verbo. Segundo grupo de evidências são os manuscritos antigos. O que os manuscritos dizem? Temos que nos lembrar que por muitos séculos os manuscritos não costumavam ser pontuados.  A pontuação se torna mais frequente a partir do nono, décimo e décimo primeiro século. Os copistas usavam um sistema muito precário de pontuação e o códice Vaticano, que é o melhor manuscrito do novo testamento, tem sim um pequeno sinal, que permite ler o texto da forma como nós lemos. ‘ em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.’ Quando fazemos uma busca vamos encontrar vários outros manuscritos e, aqui vem um ponto: manuscritos medievais quando a pontuação já havia se tornado uma regra continuam alguns deles colocando a vírgula na forma como nós colocamos. E são vários manuscritos medievais que pontuam o texto dessa forma. A maioria vai pontuar o texto de acordo com a crença da imortalidade da alma, claro, essa doutrina se tornou a crença comum na igreja cristã. Começou a entrar no segundo século, já no terceiro século, quarto século e, a partir daí, ela se estabelece como o conceito cristão acerca do estado do homem na morte. Então não nos surpreende que os manuscritos medievais vão pontuar o texto: ‘em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.’  Não é surpresa pois a igreja medieval cria na imortalidade da alma mas, no período medieval, mesmo com a crença da imortalidade da alma, mesmo com os manuscritos sendo pontuados desta forma, nós encontramos manuscritos que pontuam da forma que nós, adventistas do sétimo dia, pontuamos:  ‘na verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.’ O terceiro grupo de evidências é o que a bíblia diz. Quando é que os fiéis recebem suas recompensas no céu? É imediatamente após a morte, ou é apenas no fim, por ocasião da volta  de Jesus  Cristo? Estamos absolutamente convencidos de que é apenas no fim. Estamos absolutamente convencidos de que aqueles poucos textos que parecem dizer o contrário, não dizem exatamente isto. Quando Paulo fala: ‘morrer e estar com Cristo.’ Paulo, o período da morte não conta. Então ele fala: ‘morrer e estar com Cristo,’ o período da morte é nulo. Jesus não teria dito ao ladrão na cruz que eles estariam juntos no paraíso naquele dia. Foi Jesus ao paraíso na sexta-feira? O que é que Ele disse à Maria Madalena domingo de madrugada? ‘Não me toques porque ainda não subi ao Pai.’ Então quando olhamos para o conjunto das evidências ficamos convencidos de que a pausa deve ser colocada depois do advérbio. Não se diz em portugues: ‘entrar para dentro’. É uma redundância. Em inglês se diz: ‘entrar para dentro’. Posso julgar o inglês a partir do português? Não posso. Cada língua deve ser julgada dentro de seus próprios parâmetros. Não posso pegar meu critério do século vinte e um e dizer que Jesus diz: ‘na verdade te digo hoje.. .’ é redundante. Por quê? Temos evidências bíblicas de que é idiomatismo semítico. Só no livro de Deuteronômio tem mais de 40 usos do advérbio ‘hoje’ dessa forma: ‘os mandamentos que te dou hoje’, ‘os mandamentos que vocês ouvem hoje’. Esta é uma forma de enfatizar a solenidade do tema. Não há nada de redundante aqui quando entendemos que essa era uma maneira semítica de pensar. 14 - Por onde começar se quero estudar crítica textual?   Em português não temos muita coisa sobre crítica textual. Quem quiser se aprofundar nessa disciplina precisa ir aos livros e em inglês tem bons livros. Temos na Sociedade Bíblica do Brasil um livro técnico escrito por Kurt e  Barbara Aland. E adquira meu livro  “Origem e transmissão do texto do novo testamento”. E minhas considerações finais é que deixem as antigas versões da bíblia se não acreditas na inerrância do texto e inspiração verbal. . Temos em português algumas  versões baseadas em tudo aquilo que a crítica textual já ofereceu de bom e de resultados concretos no estudo do texto do novo testamento. Temos a Almeida Revista e Atualizada e que já foi substituída pela nova Almeida Atualizada. Temos a Nova Versão Internacional. Temos a Almeida Século 21. São todas traduções que já capitalizam em cima de tudo aquilo que a crítica textual já fez de bom, de concreto, em termos da restauração do texto do novo testamento. Que Deus possa abençoar a todos.

https://www.youtube.com/watch?v=LGZitox2N3M 


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